— Acho que ainda consigo usar minhas mãos — Zac reclama quando aproximo uma colherada de kiwi picado na boca dele.
— Abre a boca. Seja um bom menino — ordeno.
Ele obedece.
Observo satisfeita ele mastigar enquanto me olha com cara de aborrecimento por eu estar tratando-o como uma criança.
Sentado com as costas apoiadas em um travesseiro fofo que coloquei no braço do sofá, Zac está com a perna esticada e imobilizada. Eu estou sentada de frente para ele.
Assim que ele termina de mastigar, tento pegar outra colherada da tigelinha de louça, mas ele a retira da minha mão.
— Becky, você já me fez comer todo tipo de fruta que existe, eu não aguento mais — ele coloca a tigela na mesinha lateral do sofá.
Solto um suspiro de frustração.
— Eu só quero que você fique bem...
— Sabe o que vai me fazer ficar bem? — Zac segura o meu braço e gentilmente me puxa para mais perto. — Você tirar essa carinha de preocupação. Eu tô bem, Becky.
— Você não tá bem. Sei que está sentindo dor — respondo de sobrancelhas franzidas.
— É só um desconforto. Os analgésicos já estão fazendo efeito. Por favor, para de se preocupar assim — ele me envolve nos braços fortes e eu escondo a cabeça em seu peito, respirando seu cheiro profundamente.
Meu coração ainda está doendo, mas fecho os olhos e aproveito a sensação de reconforto por estar aqui com ele após quatro horas separados enquanto ele recebia atendimento médico em um hospital especializado.
Eu o acompanhei na ambulância a caminho do hospital. Foi um momento extremamente difícil. Zac estava com muita dor e eu me controlava para não chorar, pois, além do próprio sofrimento físico, ele estava preocupado com o meu sofrimento ao vê-lo machucado.
Nos separamos enquanto ele fazia exames como raio-X e ressonância magnética.
Então Zac recebeu o diagnóstico: rompimento do ligamento medial do joelho. Isso significa que um dos ligamentos que ajudam a estabilizar o joelho está lesionado.
O médico imobilizou o joelho dele com uma joelheira ortopédica, prescreveu anti-inflamatórios e analgésicos, e recomendou uma semana de repouso absoluto, além de fisioterapia. Também recomendou uma alimentação a base de frutas e vitaminas para acelerar o processo de recuperação.
Embora o médico tenha usado palavras tranquilizadoras dizendo que foi uma lesão de baixa gravidade, não consigo ficar em paz com o pensamento de que aquele jogador feioso cavalo batizado poderia ter arruinado a carreira de Zac.
Fabinho ficou na sala de espera comigo. Naquele meio tempo, todos os outros jogadores apareceram intercaladamente, chegando e saindo. Todos muito preocupados com Zac.
E a imprensa, claro, se aglomerou na portaria do hospital.
Agora são seis da noite, faz pouco mais de uma hora que estamos em casa. Foi Fabinho que nos trouxe. Foi ele também que ajudou Zac com o banho. Mas amanhã quem vai assumir essa tarefa sou eu.
Logo em seguida Fabinho precisou ir embora por causa de Alessandra. Aconteceu alguma coisa, mas não entendi muito bem o que é. Só o que sei é que ela está furiosa.
Sinto a mão de Zac deslizar pelo meu cabelo em um carinho afetuoso e solto um suspiro. Depois de um dia turbulento, o silêncio do apartamento, envolvida nos braços dele, é reconfortante.
De repente a campainha toca e meu estômago congela. Me afasto de Zac sentindo meus ombros tensionarem.
— Relaxa, Becky, ela não morde — ele dá um sorriso descontraído tentando me tranquilizar.
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Jogada de Craque
RomanceAs probabilidades não poderiam estar mais enganadas ao afirmar que as chances de Zac Dilan - o grande camisa dez do Cruzeiro - chutar a bola na direção da arquibancada e acertar em cheio a cabeça de Rebeca - a odiadora número um do esporte - eram ze...