𝒳𝒳𝒳𝒱𝐼

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Lyana

O ambiente ao meu redor estava mergulhado em uma escuridão confortável e constante.

 A ausência de luz solar havia se tornado uma companheira, uma parte intrínseca de nossa existência aqui. Deitada em minha cama, envolta em lençóis macios como seda, eu podia sentir o calor familiar do corpo de Eris junto ao meu. Seus beijos percorriam meu pescoço e minhas costas nuas, suaves, porém com uma urgência contida que eu conhecia bem:

— Estás preocupada — ele murmurou contra minha pele, seus lábios movendo-se lentamente, como se suas palavras pudessem dissipar meus medos.

Fechei os olhos, tentando encontrar consolo em seu toque, mas minha mente estava uma tempestade de pensamentos e dúvidas. Havia perdido a noção do tempo; aqui, onde o sol nunca se levantava, era fácil se perder em eternos crepúsculos:

— Eles ainda estão aqui — sussurrei, mais para mim mesma do que para ele. Sentia as presenças, as mentes inquietas dos convidados, especialmente a de meu irmão, Rhysand. A saída estava enfeitiçada, e nem mesmo ele, com todos os seus poderes, poderia quebrar o feitiço. Estávamos todos presos no jogo que eu havia começado.

Eris fez um som de assentimento, seus dedos deslizando por meu braço, uma carícia tranquilizadora:

— Estou sendo radical demais, Eris? — perguntei, a insegurança tremendo em minha voz. Ele se moveu, inclinando-se sobre mim, seus olhos encontrando os meus, um fogo tranquilo ardendo neles.

— O plano está andando bem — disse ele, sua voz firme. — Em breve, as notícias chegarão a Beron. Ele cairá em nossa armadilha. Confie em mim.

Mas eu não podia afastar a imagem do olhar desaprovador de Rhysand na noite anterior. Ele nunca entenderia completamente, não ainda:

— Preciso de ar — disse abruptamente, afastando-me de Eris e levantando-me da cama. Sentia-me sufocada sob a montanha, como se as paredes estivessem se fechando sobre mim. Vesti um robe, a seda fria contra minha pele, e deixei os aposentos, seguindo os corredores sinuosos que mal conhecia.

Eventualmente, cheguei a uma sala especial, um planetário onde o teto se abria para revelar o céu noturno. Estrelas cintilavam acima, imutáveis, e eu inspirei profundamente, sentindo o peso em meu peito aliviar-se um pouco. O silêncio era quase absoluto, quebrado apenas pelo sussurro do vento:

— Precisava de um momento sozinha? — A voz de Rhysand cortou o ar, fria e distante, me provocando um leve susto.

Virei-me para encontrá-lo parado na entrada, sua postura relaxada, mas seus olhos escuros como sempre. Havia tanto que queria dizer, mas mantive a máscara firme, meu papel a desempenhar:

— Tomei a Corte dos Pesadelos para nosso bem — comecei, minha voz calma. — Cada passo que dou é para assegurar nossa posição e nossa segurança.

Ele riu suavemente, um som sem alegria:

— E quanto ao custo, Lyana? Quantas almas estás disposta a sacrificar em nome de sua causa?

— Minha causa? — Perguntei.

Odiava tratá-lo assim, com tal distância, mas precisava continuar.

— Não me julgues, irmão. Tu bem sabes dos sacrifícios necessários.

— Matar Keir nunca foi uma opção, ele é da família.

— Da sua, só se for — Respondi — Você é o Grão-senhor da Corte Noturna, você tem seu círculo íntimo e fiel, você tem seu laço de parceria, sua Grã-senhora, seu filhote...

Corte de Luz e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora