𝒳𝐼𝐼

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═══ 𝐎 𝐦𝐞𝐬𝐭𝐫𝐞 𝐞𝐬𝐩𝐢𝐚𝐨 ═══

Azriel

Solaria era iluminada demais para um encantador de sombras. A maior cidade de Prythian era mais movimentada que Velaris, seu comércio mais vasto que o de Adriata e a maioria de seus moradores eram estudiosos ou religiosos.

O centro da cidade era repleto de prédios de no máximo quatro andares, com terraços arborizados divididos entre restaurantes e áreas comuns. Os tons terrosos das construções se mesclavam com a areia do deserto que podia ser observado ao longe.

As ruas eram repletas de vendas com os mais diversos tipos de produtos, desde tecidos e especiarias, até mesmo animais. A maioria sendo dirigidas por gyms, criaturas nada confiáveis por sinal, principalmente os que ainda usavam braceletes, o que indicava que ainda possuíam um amo:

— Ervas e especiarias! Comprem aqui! — Gritava um gym em uma pequena venda a direita.

Caminhei pela multidão, as asas recolhidas em minhas costas, a maioria dos moradores me encarava com espanto, outros com confusão ou até mesmo desdém. Não era comum ver um illyriano pelas ruas da cidade solar:

— Oh! O que o guerreiro illyriano deseja por essas terras? — Perguntou o gym ao perceber minha aproximação — Temos todo tipo de ervas e especiarias que possam lhe interessar.

Ele apontou para bancada repleta dos mais diversos tipos de frascos, saquinhos com pós de diversas cores, caixas e flores frescas:

— Temos essa aqui — Disse o gym pegando um frasco tapado com uma rolha amarrada por barbantes, que continha um líquido âmbar — A essência de sândalo! A mais vendida em Solaria, com suas propriedades calmantes e afrodisíacas.

Segurei o frasco nas mãos por um momento, aquilo poderia vir ser útil em algum momento. Sombras dançaram por meus dedos. O gym deu um passo para trás, na crença da cidade, pessoas que dominavam as sombras não eram muito bem vistas:

— Eu vou levar esse frasco — Respondi sem mais delongas — E quero mais três de flor de lótus.

O gym não se demorou em me entregar o pedido. O paguei com uma moeda de outro e segui o meu caminho. Não chamar atenção era meu principal objetivo, mas com a falta de sombras para me esconder, ir andando até próximo ao palácio e aguardar o anoitecer parecia ser melhor do que sobrevoar um Palácio repleto de guardas e proteções mágicas.

Passei o restante do meu dia em um bar pequeno e sujo que ficava em uma viela algumas quadras antes da entrada do palácio. Já era acostumado com os olhares de desprezo e curiosidade que eram lançados a mim. Entre longos minutos uma garçonete rechonchuda, com a pele cor-de-rosa e cabelos vermelhos vinha me servir uma caneca de cerveja e um pedaço de pão fresco.

O sino da porta de entrada soou forte. Um grupo de três guardas reais adentrou o bar gargalhando e conversando alto. Dois deles eram baixinhos, com a pele negra retinta e cabelos raspados carregavam seus elmos embaixo dos braços fortes, as espadas embainhadas firmemente mostravam que não estavam prestando serviço naquele momento:

— Vocês viram? — Disse um dos gemeos — O grão-senhor da corte Estival convidou a princesa para um jantar, só os dois.

— Com certeza ele vai se apressar para pedir a mão dela em casamento — Respondeu o outro gêmeo.

Corte de Luz e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora