𝒳𝐼

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═══ 𝑂𝑠 𝐷𝑒𝑣𝑒𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑈𝑚𝑎 𝑃𝑟𝑖𝑛𝑐𝑒𝑠𝑎 ═══


𝑆𝑢𝑟𝑦𝑎


— Você já estaria morta à uns vinte minutos em um campo de batalha real — Disse Helion apontando a espada na direção da minha garganta, enquanto eu estava jogada no chão da arena de treinos nos fundos do castelo.

— Talvez espadas e escudos não sejam meu forte — Respondi segurando sua mão estendida em minha direção.

— Planejar eventos e decorar o Palácio também não, suponho — Disse Helion, me puxando para cima.

Sorri para ele, que me deu um sorriso em resposta:

— Você está sempre certo.

— Nada de novo sob o sol não é mesmo? — Disse ele gargalhando.

Meu pai cancelava todos os compromissos que tinha pelo menos três vezes na semana para me treinar pessoalmente em combate. Tentamos o arco e flecha, sem sucesso. Martelos eram grandes demais para minhas mãos. Foices não eram lá as minhas preferidas, mas nada era pior do que empunhar uma espada. Com adagas eu era razoavelmente boa, com lanças também, mas segundo o grão-senhor eu tinha que pelo menos saber o básico de cada instrumento de guerra:

— Um bom guerreiro sabe...

— Sabe como empunhar todas as armas — Completei antes que Helion terminasse a frase de sempre.

—Que tal alguns exercícios de força antes do almoço? — Perguntou Helion.

Sorri como confirmação, e começamos a série de exercícios que ficavam mais difíceis a cada repetição.


☪ ☪ ☪


Eu já estava a duas semanas na corte diurna e parecia outra pessoa. A cor da minha pele era mais vívida, eu havia engordado alguns quilos e criado poucos músculos com o treinamento que estava tendo.
Pela manhã eu treinava força todos os dias com dois dos melhores guardas reais da corte Diurna, exceto nos dias que o próprio grão-senhor fazia questão de me acompanhar.
Após o almoço eu estudava por algumas horas, finanças, história e outros assuntos importantes. Naquele dia seria a primeira vez que me encontraria com meu pai para treinar meus poderes.
O faebane já havia deixado completamente meu corpo, eu me sentia nova, como se tivesse renascido das cinzas. Aquele ardor na garganta e a falta de ar não me acompanhavam mais. Era um alívio estar livre de todo aquele veneno implantado por Hybern.
A cada dia que passava eu sentia meus poderes correndo por minhas veias. Estalando dentro de meu corpo como uma ave tentando sair de dentro do ovo. Mas, eu não sabia como liberar o que estava dentro de mim. Não sabia como deixar meus poderes fluírem livremente e tornarem-se reais:

— Você certamente herdou meu poder — Disse Helion sentado em minha frente — Nos resta saber se também carrega algo de sua mãe aí dentro...

Helion estava sentado em uma cadeira acolchoada do outro lado da mesa, a postura firme e os ombros cobertos por uma capa azul escuro. Estávamos em uma pequena biblioteca no segundo andar. Era bonita, porém minúscula, comparada a grande biblioteca no centro da cidade:

Corte de Luz e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora