Confesso que ver a Mia sentada na arquibancada assim que eu cheguei, foi um grande choque. Não esperava vê-la tão cedo na arquibancada de um jogo... Mesmo que tenhamos conversado sobre isso ontem, em nenhum momento pedi diretamente para que ela fosse, apenas conversamos, em uma conversa normal.
O último mês foi complicado para nós dois, mas principalmente, para ela. Não é fácil se tornar mãe e ser mãe de primeira viagem de gêmeos, com diversas pessoas querendo informações de sua vida. Mia nasceu nos holofotes, mas mesmo que ela não tenha me falado, sabia que ela queria preservar os nossos filhos disso nesse primeiro mês, e eu concordava. Não os escondíamos, mas também não postávamos fotos a todo momento... A internet é cruel, e queríamos garantir que nossos bebês não passassem por coisas ruins tão pequenos, com apenas um mês de vida, mesmo eles não sabendo o que estaria acontecendo.
Eu tentava ajudar a Mia da forma que eu podia. Ficava acordado de madrugada quando as noites piores aconteciam e nem a Maya conseguia faze-los dormirem, trocava os bebês, dava banho, ficava com eles sempre que conseguia para a Mia descansar, e dava mamadeira para que a Mia não se sentisse mal por isso.
Vê-la se culpar por ter que parar de amamentar, acabou comigo. Desde que ela descobriu que estava grávida, ela sempre falava sobre o desejo de amamentar, mas, por hora, ela não podia fazer isso. Muitas vezes eu chorei enquanto eu conversava com o Brad e com a Maya, contando o medo que eu sentia dela desenvolver uma depressão pós-parto ou alguma coisa do tipo.
Foram semanas difíceis... Semanas em que eu temia pela Mia, e desejava trazer toda a dor dela pra mim. Ela estava sendo uma super-heroína, uma super mãe, e queria que ela a visse da mesma forma que eu a via.
Maya e Brad me aconselhavam sempre, assim como deixavam usar os seus ombros como apoio para chorar. "Calma" era sempre o que eles diziam pra mim, que eu deveria ter calma, que as coisas iam se ajeitar, e se ajeitaram...
Hoje, Mia não se sente mais tão mal por amamentar os gêmeos com mamadeira, mas sei que ela também não gosta, apenas faz porque é necessário. O tratamento com laser e pomada deram certo, e só de ver que ela não chorava mais ao tocar no seio, já me deixava muito mais aliviado.
Não precisei falar, mas acho que a minha mãe percebeu o meu desespero e voltou para Barcelona há alguns dias. Meus pais queriam dar "espaço" para mim e para a Mia nas primeiras semanas, para entendermos como seria, e por isso, voltaram para Tenerife alguns dias depois dos gêmeos nascerem, assim como os pais da Mia. Eu falava com os meus pais e meus sogros todos os dias, e em uma dessas conversas, mesmo disfarçando, certamente minha mãe percebeu que tinha algo de errado.
Quando eles chegaram, Mia ficou bons minutos abraçada à minha mãe, chorando. As duas eram muito próximas, e minha mãe amava a Mia mais do que eu, meu irmão e meu pai, certamente.
Os dias ruins e nublados foram passando de pouco a pouco, e os dias bons e iluminados vieram, e ver a Mia presente em um jogo após um mês de ter tido os nossos filhos, é um sinal que as coisas estão melhorando.
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vecinos || pedri gonzález
Romance"Livro 1 da série Barcelona" Mia não esperava que sua mudança e de seus primos de volta para Barcelona depois de quatro anos causaria tantas mudanças em sua vida. Ao ter dificuldades em achar uma casa em Barcelona, Mia acaba recorrendo a sua prima m...