Capítulo 174 - Melhores Torcedores

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Voltar para Tenerife sempre tem um gostinho especial

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Voltar para Tenerife sempre tem um gostinho especial.

Mas, desta vez, algo dentro de mim parecia se expandir de um jeito que eu não sabia explicar. Talvez fosse o peso de tudo que mudou desde a última vez que estive aqui, ou talvez fosse o fato de estar com meus filhos nos braços, pisando no mesmo lugar onde eu nasci, onde cresci e vivi tantas coisas. Caminhar pela areia com a Ayla e o Alex, vê-los ainda tão pequenos, começando a descobrir o mundo, e pensar que esse é o começo de uma vida inteira que vou compartilhar com eles... Era uma felicidade que beirava a surrealidade.

Leva-los até a beira do mar pela primeira vez foi algo que eu nunca tinha imaginado nem nos meus melhores sonhos. Eu me agachei, com eles bem perto, para que sentissem o cheiro do mar, vissem o azul profundo e ouvissem as ondas quebrando pela primeira vez. Seus olhinhos curiosos se arregalaram, e, por um momento, eu podia jurar que Ayla esboçou um sorrisinho, quase como se entendesse que aquele lugar, de alguma forma, era parte dela também. Alex estava com a expressão mais séria, mas eu sabia que estava absorvendo tudo. Era engraçado perceber as personalidades deles já começando a se mostrar, e o fato de poder apresentar o mundo a eles, de estar aqui, com a Mia, com minha família inteira, depois de tantas conquistas... Era algo que eu nunca pensei que fosse viver tão intensamente.

E então, pensar na Eurocopa... Quando levantei aquele troféu, confesso que pensei neles. Não conseguia evitar. Só conseguia pensar que, quando crescessem, poderiam ver que o pai deles fez parte de algo grande, de algo importante. Que poderiam se orgulhar de mim, talvez tanto quanto eu já me orgulho deles mesmo sem que eles tenham feito mais do que respirar e sorrir.

Porém, eu também tive a lesão. Essa lesão no joelho foi um golpe. Não apenas para o meu corpo, mas para o que eu imaginava para mim mesmo. No jogo contra a Alemanha, estava com tudo: concentração, energia, aquela vontade de lutar até o fim. E, de repente, num "baque" com o Kross, senti o joelho torcer de uma maneira que eu sabia que não era algo simples. Aquela dor foi como um choque que reverberou pelo meu corpo, mas o que mais doeu foi o entendimento de que aquilo poderia me afastar do restante da Eurocopa.

Foi impossível não lembrar do Gavi e de tudo que ele tinha passado nos últimos meses com a lesão dele.

Passar pelo tratamento, ver os jogos do banco, foi difícil. Era a final, um sonho que qualquer jogador vive para alcançar, e eu estava tão perto... Mas ao mesmo tempo tão distante. Ver a seleção jogando enquanto eu estava parado me fez sentir como se algo tivesse sido arrancado de mim. A luta contra o desânimo foi constante. Pensava no quanto trabalhei, em cada treino, cada sacrifício, e em como a ausência naquela partida final parecia uma espécie de vazio. Era como se uma parte de mim estivesse incompleta. Porém, ao ver a Espanha erguer a taça, senti uma onda de orgulho que conseguiu preencher, em parte, esse buraco. Eu sabia que tinha contribuído para aquilo, e estar ali, comemorando com meus companheiros, ainda que sem a minha presença em campo, me ajudou a aceitar o que aconteceu. Ainda assim, mesmo com o título, restava a incerteza sobre o futuro. E é uma luta diária de paciência, resiliência e vontade de dar a volta por cima.

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