Eu e Mia estávamos na sala quando ouvimos o primeiro choro ardido. Os gêmeos dormiram na volta para casa no carro, e coloca-los no berço novamente, não foi muito difícil. Antes de voltar ao trabalho — não fazíamos ideia se Maya ia para empresa ou para o CT — ela nos deixou algumas recomendações para os gêmeos caso a reação começasse, além dos remédios que a pediatra já havia nos adiantado.
Assistíamos qualquer programa de TV na sala quando ouvimos o choro. Olhamos pelo Ipad e era o Alex... Não era um choro comum, parecia carregado de desconforto e até mesmo dor. Antes que eu e a Mia pudéssemos levantar e subir para o quarto deles, mas em questão de segundos, a Ayla começou a chorar também, criando um som que fez com que eu já começasse a me desesperar um pouco.
Mia subiu correndo as escadas, e eu subi atrás. Ao abrirmos a porta do quarto dos bebês, encontramos os dois se contorcendo nos berços. Suas testinhas suadas e o rosto avermelhado indicavam que algo estava errado. Mia pegou Alex primeiro, tentando acalmá-lo com um carinho suave, mas o choro dele só aumentou. Ele se mexia inquieto, e cada movimento parecia trazer mais dor. Mia me olhou com os olhos cheios de preocupação, e mesmo sem dizer uma palavra, eu sabia que ela estava tentando ser forte, mas o desespero estava ali, preso na garganta. Peguei Ayla, que estava tão desconfortável quanto o irmão, seu choro entrecortado e cansado, mas intenso, me atingiu em cheio.
— Vamos seguir as instruções da Maya. — Mia disse, tentando manter a calma, embora sua voz estivesse trêmula.
Ela pegou o termômetro e começou a medir a temperatura dos dois, enquanto eu preparava o remédio conforme as recomendações. A febre de Alex estava ligeiramente alta, e a de Ayla começava a subir. Eu estava lutando contra o impulso de entrar em pânico, tentando focar em qualquer coisa que pudesse fazer para ajudar.
Minha função em campo era ditar o jogo, saber a hora de ter calma e saber a hora de ser agressivo... Sendo sincero, eu acho que eu fazia isso muito bem, mas quando se trata dos gêmeos, dos meus filhos, eu não sei ditar a calma, apenas sinto o desespero quando eles choram sem parar e eu não sei o que fazer.
Mia administrou o remédio nos dois, com uma paciência admirável, embora seus dedos tremessem um pouco. Alex engoliu com dificuldade, choramingando a cada segundo e eu tive que segurar o seu rosto para ele não cuspir. Ayla, por sua vez, resistiu mais, virando o rosto e protestando, mas Mia conseguiu fazer com que ela tomasse a dose necessária. Colocamos os dois de volta no berço, tentando deixá-los confortáveis, mas cada vez que se mexiam, o choro voltava com mais força. Eles estavam tão cansados, e nós também.
As horas seguintes foram um teste de resistência. A cada vez que tentávamos acalmá-los, o choro ecoava pela casa. Ficamos revezando entre o quarto dos bebês e a cozinha, preparando compressas frias para tentar baixar a febre, enquanto a televisão na sala continuava ligada como plano de fundo distante e irrelevante. A sensação de impotência era esmagadora. Era doloroso vê-los sofrendo e não poder fazer muito para aliviar.
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vecinos || pedri gonzález
Romance"Livro 1 da série Barcelona" Mia não esperava que sua mudança e de seus primos de volta para Barcelona depois de quatro anos causaria tantas mudanças em sua vida. Ao ter dificuldades em achar uma casa em Barcelona, Mia acaba recorrendo a sua prima m...