CAPÍTULO 14

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Gabriel Medina's point of view

O sol estava alto, e o calor do dia fazia o ar vibrar enquanto eu e Marina carregávamos as últimas caixas para dentro de casa. A mudança estava quase completa, e apesar da bagunça temporária, havia algo de satisfatório em saber que a casa estava começando a ganhar uma nova vida com ela e nosso filho. Cada objeto, cada livro, cada roupa dobrada cuidadosamente, parecia um passo em direção a essa nova fase que estávamos construindo juntos.

— Você tem mais coisas do que eu imaginava. — comentei, tentando aliviar a tensão do momento.

Marina soltou uma risada leve, a mesma que eu havia aprendido a apreciar.

— Eu avisei. Mas prometo que vou manter tudo organizado. — falou passando a mão na barriga que estava maior a cada dia. Sorri de volta, sentindo um calor no peito.

— Não estou reclamando. Vai ser bom ter a casa cheia. Estou feliz que você e nosso filho estejam vindo para cá.

Mas a calma foi rapidamente interrompida. O som de passos pesados e uma voz áspera cortaram o ar como uma faca.

— Marina!

Reconheci aquela voz imediatamente, e todo o meu corpo enrijeceu. Matheus, o ex dela, que eu considerava um amigo antes de tudo desmoronar, se aproximava com os olhos cheios de raiva e algo mais sombrio.

— Você acha que pode simplesmente desaparecer da minha vida? Trocar de cara assim, sem mais nem menos? — Ele avançava como um predador, e a tensão no ar era palpável. Marina ficou rígida ao meu lado, mas o olhar em seu rosto mudou de surpresa para uma raiva que eu não havia visto nela antes.

— Eu te troquei?! Eu?! — Marina disparou, sua voz cheia de rancor. — Você me traiu por seis anos, Matheus. E com a minha própria prima! Como você ousa se colocar como vítima?

Matheus a encarava com um sorriso cínico, o mesmo sorriso que eu conhecia, mas que nunca tinha visto dirigido a mim com tanta malícia.

— Ela é minha, Gabriel! — Ele gritou, ignorando completamente o que Marina tinha acabado de dizer. —Sempre foi! Você acha que pode roubar a vida que construímos juntos? Você não sabe nada sobre nós! — Dei um passo à frente, me colocando entre os dois.

— Matheus, é melhor você ir embora. — disse, mantendo a voz firme, mas calma. — Marina não te deve nada.

Mas ele não parava. O sorriso em seu rosto ficou ainda mais venenoso quando ele olhou para Marina, e as próximas palavras que saíram de sua boca despertaram uma raiva em mim que eu não sabia que podia sentir.

— Então, é isso? Você vai mesmo ter esse... filho? Quem diria que você se rebaixaria a esse ponto, Marina. E com ele? Um surfista? Esse moleque nunca vai ser nada. Vai crescer sem um pai de verdade, só um idiota que pensa que o mundo é uma praia. — falou com a raiva iminente, apontando o dedo na cara de Marina.

Marina tremeu ao meu lado, e eu vi o rosto dela se contorcer de dor e fúria.

—Você não tem o direito de falar assim do meu filho, Matheus. Ele vai ser amado, muito mais do que qualquer coisa que você foi capaz de oferecer. — percebi ela ainda tocava a barriga, num momento de protejer o nosso buchinho.

— Amado? Por quem? Por esse imbecil que só sabe brincar com ondas? Eu aposto que ele nem vai estar por perto quando o moleque mais precisar. Um pai ausente, e uma mãe desesperada. Boa sorte, Marina, porque você vai precisar. — o riso de Matheus foi ácido e cheio de desprezo.

Foi nesse momento que algo dentro de mim quebrou. A raiva tomou conta, começando a encher minha voz de um tom que eu raramente usava.

— Já chega, Matheus. Você ultrapassou todos os limites. — falo com a voz firme.

— E você, Medina? O que vai fazer? Me dar uma lição? A verdade é que você não passa de um garoto mimado que teve sorte. Sorte nas ondas, sorte em pegar uma garota quebrada como ela. — Ele se virou para mim, o desdém em seus olhos crescendo.

— Você pode falar o que quiser de mim, mas se você abrir a boca mais uma vez para falar dela ou do nosso filho, vai se arrepender, Matheus. Você não tem o direito de pisar aqui e espalhar seu veneno. — O sangue fervia em minhas veias, e eu dei um passo à frente, encarando-o.

Matheus não recuou, pelo menos não no começo. Ele me encarou, tentando manter o controle da situação.

— Olha só, o herói. Você acha que vai protegê-los, Gabriel? Quando as coisas ficarem difíceis, você vai correr para o mar como sempre fez. Vai abandoná-la, assim como todo mundo sempre abandonou. Ela é fraca, e você sabe disso.

A raiva em mim cresceu ainda mais, a ponto de minhas mãos se fecharem em punhos. Dei mais um passo em sua direção, quase cara a cara agora.

— Você não sabe nada sobre ela. E se pensa que pode continuar machucando as pessoas ao seu redor, está muito enganado. Se chegar perto dela ou do nosso filho de novo, eu juro que você vai se arrepender de cada palavra que saiu da sua boca. — Finalmente, Matheus recuou, um lampejo de incerteza cruzando seu olhar.

— Vamos ver quanto tempo essa sua valentia dura, Medina. Você não passa de um moleque jogando de adulto. — ele diz tentando me ofender, como se isso fosse suficiente. — Isso não acaba aqui. — ele disse com um último olhar de desprezo, antes de se virar e começar a se afastar. — Vocês vão se lembrar de mim.

— Vai embora, Matheus. — murmurei, a voz baixa e cheia de fúria contida. —Antes que eu perca a paciência de vez.

Ele finalmente se afastou, sumindo de vista, mas deixando um rastro de tensão no ar. Virei-me para Marina, ainda sentindo a raiva fervendo, mas agora mais preocupado com ela.

Ela estava tremendo, os olhos brilhando de frustração e dor.

— Eu odeio ele. — murmurou, quase para si mesma. — Odeio o que ele fez comigo. Odeio o que ele fez com a gente.

— Ele não pode mais te machucar. Eu estou aqui. — Sem pensar, a puxei para um abraço apertado.

Sentia o tremor em seu corpo enquanto ela finalmente se acalmava em meus braços. Sabia que, a partir desse momento, eu faria tudo o que fosse necessário para protegê-la e proteger nosso filho. Não era apenas sobre nós dois agora; era sobre a família que estávamos construindo, uma que Matheus não teria mais o poder de destruir.

Depois de um tempo, ela se afastou suavemente, enxugando as lágrimas que ameaçavam cair.

— Vamos terminar isso. — falei suavemente. — Temos quer arrumar um quarto para você.

Ela assentiu, e juntos voltamos ao carro, prontos para deixar o passado para trás e seguir em frente. Sabia que, com ela ao meu lado, estaríamos prontos para enfrentar qualquer coisa.

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01/05 da maratona

Cada capítulo precisa ter pelo menos 10 votos, e assim eu posto o próximo além da maratona.

On your wave - Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora