CAPÍTULO 16

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Gabriel Medina's point of view

Quando o avião tocou o solo de Melbourne, senti aquele misto de euforia e calma que sempre me invade ao voltar para a Austrália. Bells Beach, em Victoria, sempre teve um significado especial para mim. Algo nesse lugar me faz sentir conectado, como se eu estivesse voltando para um ponto de origem, um lugar onde tudo no surfe faz sentido.

Dirigindo pela Great Ocean Road, ao lado de Marina, a familiaridade da paisagem trouxe de volta uma avalanche de memórias. O cheiro do eucalipto misturado com a brisa do oceano, as falésias que se erguiam imponentes ao lado da estrada, e o horizonte azul que se estendia sem fim... Esse cenário nunca perde seu encanto. Voltar para cá era como revisitar uma velha amizade, algo que o tempo não consegue apagar.

— Essa é uma das minhas praias favoritas, — comentei, enquanto mantinha os olhos na estrada. Não era só pelas ondas, embora elas fossem um grande motivo. Era a tradição, o respeito pelo surfe que permeava cada centímetro daquele lugar.

— O que faz esse lugar ser tão especial para você?— Marina me olhou com curiosidade.

Eu refleti por um momento, buscando as palavras certas.

— É como se o tempo parasse aqui. Quando estou no mar, não existe mais nada. Só eu e a onda. Nada mais importa.

Ao chegar à casa que aluguei, a vista era tão impressionante quanto me lembrava. A casa se erguia em um ponto alto, oferecendo uma visão panorâmica de Bells Beach. As ondas quebravam com força na costa, e o som reverberava no ar, como se o oceano estivesse nos cumprimentando.

Depois de descarregarmos as malas, senti aquela urgência familiar de ir até a praia, de ver as condições das ondas com meus próprios olhos.

— Vamos dar uma olhada nas ondas? Amanhã é o primeiro treino, e quero sentir a água. — sugiro, vendo ela já tirando um biquíni da mala. Então espero ela se arrumar para irmos.

Caminhar pela areia dourada, com o vento frio do oceano Antártico batendo no rosto, foi como voltar no tempo. Cada passo me lembrava das inúmeras vezes que já estive ali, competindo, vencendo, aprendendo. Ao me aproximar da água, parei por um momento, fechando os olhos e deixando os sons e cheiros do oceano me inundarem. Era uma espécie de ritual, algo que sempre fiz para me reconectar com o que realmente importa antes de uma grande competição.

— É bom estar de volta. — falei, abrindo os olhos e virando para Marina, que me observava em silêncio. O mar tinha um efeito calmante em mim, e estar ali, com ela, tornava tudo ainda mais significativo.

— Dá para ver que esse lugar te faz bem,— ela respondeu, com um sorriso suave. — É como se fosse um pedaço de casa, não é?

— Exatamente. É aqui que tudo faz sentido.

Caminhamos pela praia, sem pressa, apenas absorvendo o ambiente. As rochas, as marés, o som das ondas... Bells Beach era mais do que um lugar de competição, era um santuário. E estar ali, compartilhando isso com Marina, me fez sentir uma paz que eu não experimentava há muito tempo.

De volta à casa, o pôr do sol pintava o céu de laranja e rosa, refletindo nas ondas de uma forma que parecia quase irreal. Enquanto jantávamos, minha mente já estava na competição do dia seguinte. Eu podia sentir a tensão crescendo, aquela mistura de nervosismo e excitação que sempre me acompanha antes de uma etapa importante.

— Ansioso para amanhã? — Marina perguntou, observando-me com atenção enquanto eu preparava o equipamento.

— Um pouco. A primeira bateria sempre traz aquela adrenalina, mas é bom. É o que me mantém afiado. — Assenti, sem tirar os olhos da prancha.

Ela sorriu, e o simples fato de saber que ela estaria lá, assistindo, me deu um conforto inesperado.

— Saber que você está lá faz toda a diferença, Marina. Vamos fazer dessa etapa algo especial.

Naquela noite, enquanto o som constante das ondas me embalava para o sono, pensei no que a manhã seguinte traria. Bells Beach sempre foi um lugar de grandes momentos para mim, e dessa vez, parecia que algo ainda maior estava por vir. Havia uma energia no ar, algo que dizia que essa viagem seria um marco, não apenas na minha carreira, mas na vida que estávamos começando a construir juntos.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!

03/05 da maratona

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On your wave - Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora