On your wave - Gabriel Medina

CAPÍTULO 21

Gabriel Medina's point of view

O céu australiano sempre teve um brilho peculiar, mas naquela manhã em Bells Beach, ele parecia irradiar uma energia diferente. O azul era mais intenso, quase como se o sol tivesse mergulhado suas cores na vastidão do oceano antes de iluminar a praia. As ondas batiam suavemente na areia, ecoando uma melodia que eu conhecia muito bem. Era um som que me acalmava, me centrava, mas que, naquele momento, parecia ter um significado ainda mais profundo.

Marina e eu nos encontrávamos em uma rotina que não havíamos planejado, mas que se encaixava de forma natural. Nos últimos dias, despertávamos cedo, como eu costumava fazer em tempos de competição. Mas ao invés de correr para a água logo após o café da manhã, algo dentro de mim me puxava na direção de Marina. Ela, com quase quatro meses de gravidez, começava a se acostumar com o ritmo das nossas manhãs em Bells Beach. Caminhávamos pela praia, em silêncio ou conversando sobre coisas simples, enquanto observávamos as ondas quebrando ao longe.

Era um contraste interessante, essa calma que ela trazia para minha vida, justamente em um momento onde o foco e a adrenalina eram vitais. Mas o fato era que, ao seu lado, tudo parecia diferente, mais intenso e ao mesmo tempo mais tranquilo. Eu observava suas expressões, sua curiosidade em relação ao mar, e percebia que ela estava começando a entender por que eu nunca me cansava daquilo.

— Você nunca se cansa disso, né?— Marina disse, com um sorriso suave nos lábios, enquanto os olhos fixavam-se no horizonte.

— Não— respondi, sorrindo de volta. —Nunca me canso. E com você aqui, é ainda mais especial. — Aquele era um sentimento novo para mim. Nunca pensei que compartilhar esses momentos com alguém poderia amplificar o que eu já sentia pelo surfe e pela natureza ao meu redor.

Naquela manhã, decidi mostrar a Marina um dos meus lugares favoritos em Bells Beach, um local que eu visitava sempre que precisava de um tempo para mim mesmo. A trilha começava de forma discreta, quase como um segredo escondido entre as árvores e arbustos que margeavam a praia. O caminho não era difícil, mas minha atenção estava completamente voltada para Marina. Cada passo dela, cada gesto, eu observava, cuidando para que nada a desconfortasse.

— Você não precisa me tratar como se eu fosse de vidro, Gabriel, — Marina disse, com uma leve risada, quebrando o silêncio.

— Desculpa. Eu só quero ter certeza de que você está bem. — Eu ri junto, meio sem jeito, percebendo o quanto estava sendo protetor.

— Eu estou bem, — ela respondeu, parando por um momento e segurando minha mão. — E gosto que você se preocupe.

Quando nossos olhares se encontraram, algo passou entre nós, uma conexão mais profunda que qualquer palavra poderia expressar. O toque das mãos, o calor que se propagava entre nós, e o brilho nos olhos dela—tudo isso deixava claro o que estávamos sentindo. Não éramos apenas amigos ou pessoas que se uniram por causa do bebê. Havia algo mais, algo que começava a se entrelaçar com nossas rotinas e sentimentos, de forma tão natural que era impossível ignorar.

Continuamos a subir a trilha até que finalmente alcançamos o topo, um pequeno platô que se abria para uma vista impressionante do oceano. A brisa fresca do mar nos envolveu, e o som das ondas parecia mais profundo, como um coração batendo ao longe. Fiquei ao lado de Marina, e por alguns minutos, nenhum de nós disse uma palavra. Era como se aquele momento estivesse destinado a ser apenas sentido, sem a necessidade de ser explicado.

A vista do mar era estonteante, e a presença dela ao meu lado dava a tudo uma intensidade maior. Não éramos um casal oficial, mas aquele instante, compartilhado em silêncio, sugeria algo mais. Sentíamos isso, mesmo que nenhum de nós estivesse pronto para admitir. Era como se, naquele ponto elevado, nossos sentimentos finalmente tivessem se revelado, claros e inconfundíveis. O amor, ou pelo menos algo muito próximo disso, estava ali, entrelaçado no vento e no mar que nos rodeava. E, por mais que ainda não tivéssemos rótulos, eu sabia que o que estava crescendo entre nós era real e forte—mais forte do que qualquer onda que eu já havia enfrentado.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!

Vamos estabelecer uma meta?
No mínimo 40 votos para o próximo capítulo!