On your wave - Gabriel Medina

CAPÍTULO 32

Marina Soarez's point of view

O ar do Taiti tem algo que não consigo explicar. É como se cada brisa, cada aroma de flor, me envolvesse em uma espécie de abraço. Enquanto eu caminhava de mãos dadas com Gabriel pela pequena vila, sentia um calor no peito, algo mais do que a simples felicidade. Talvez fosse a energia desse lugar, tão cheio de vida, ou talvez fosse a presença dele, sempre tão próximo, me fazendo sentir segura.

Minha barriga, já bem evidente aos cinco meses de gestação, parecia atrair todos os olhares. As pessoas sorriam para nós com uma gentileza que me tocava profundamente, como se de alguma forma, compartilhassem a nossa alegria. Passo a mão levemente pelo meu ventre, sentindo Helena se mover. Cada movimento dela é um lembrete de que estou criando vida dentro de mim, e isso me faz sentir uma conexão indescritível com o mundo ao meu redor.

— É como se estivéssemos em um sonho,— murmurei para Gabriel, tentando colocar em palavras a leveza que sentia. Ele apenas sorriu, aquele sorriso que derrete meu coração, e me puxou para mais perto, envolta em seus braços.

Enquanto andávamos, uma senhorinha taitiana se aproximou. Havia uma serenidade nos olhos dela que imediatamente me deixou à vontade. Ela estendeu as mãos em direção à minha barriga e, sem dizer nada, começou a murmurar algo em sua língua nativa. Senti meus olhos se encherem de lágrimas, e meu coração ficou aquecido como nunca. Ela abençoou Helena com palavras que não entendi completamente, mas que ressoaram em mim de uma forma que transcende a compreensão.

— A mana atua te paruru ia orua e te tamaiti, — disse a senhora em voz baixa, antes de tocar levemente a minha barriga. Com um sorriso caloroso, ela abençoou Helena, desejando proteção e saúde para a minha pequena que estava por vir.

Agradeci com um sorriso emocionado, enquanto Gabriel beijava a testa da senhora em um gesto de profunda gratidão. Naquele momento, me senti tão conectada com o universo, com a vida que cresce dentro de mim e com a história que Gabriel e eu estamos construindo juntos. Senti que, não importa o que aconteça, Helena já está cercada de amor e proteção, não só de nós, mas de todas as forças desse lugar mágico.

Voltamos para a casa onde estávamos hospedados com os outros surfistas.  Era uma grande casa de madeira à beira da praia, com uma vista incrível das ondas perfeitas de Teahupo'o. A varanda estava cheia de risadas e conversas animadas. Filipe Toledo estava encostado na grade, observando o mar com um sorriso contemplativo, enquanto Ítalo Ferreira conversava animadamente com Tati Weston-Webb, ambos falando sobre as ondas que tinham surfado naquele dia.

— Finalmente! Achei que vocês fossem desaparecer na ilha e esquecer da gente, — brincou Ítalo ao ver Gabriel e Marina se aproximando.

— Não é difícil se perder por aqui,— respondeu Gabriel, rindo, enquanto eles se juntavam ao grupo.

— Cinco meses já! Como o tempo passa rápido,— disse ela, olhando para a minha barriga com um brilho nos olhos. — Está preparada para ver a Helena pegando onda daqui uns anos? —

Antes que eu pudesse responder, Filipe Toledo se aproximou rindo. — Com esses pais, ela vai nascer surfando.—

Todos riram, e eu me senti tão acolhida naquele grupo que, apesar de serem rivais nas competições, eram mais como uma família. Sentada na espreguiçadeira, observando os amigos conversando sobre as ondas do dia e as competições que se aproximavam, percebi que esses momentos de descontração e camaradagem eram tão importantes quanto qualquer vitória no mar.

Quando o sol começou a se pôr, tingindo o céu com cores de fogo, Gabriel se posicionou atrás de mim, me envolvendo com seus braços. O calor do corpo dele e o som rítmico das ondas quebrando na praia me fizeram sentir uma paz indescritível. Enquanto observávamos o espetáculo da natureza, senti Helena se mexer novamente, como se ela também estivesse apreciando o momento.

— Não tem nada melhor do que isso,— Gabriel sussurrou, beijando o topo da minha cabeça. Me aconcheguei mais perto, sabendo que, juntos, poderíamos enfrentar qualquer coisa. Ali, cercada por amigos, pelo amor de Gabriel e pela energia abençoada do Taiti, me senti completa. E soube, com toda a certeza do mundo, que Helena, mesmo antes de nascer, já era profundamente amada.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!