CAPÍTULO 34

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Gabriel Medina's point of view

Os nove dias de competição em Teahupo'o foram intensos, tanto para mim quanto para Marina. As ondas estavam desafiadoras, e a pressão do campeonato era imensa. Mas, apesar de tudo, consegui me destacar e terminei em terceiro lugar. Não era o primeiro, mas era um bom resultado, considerando o nível dos competidores e a complexidade das ondas.

Depois do encerramento da competição, decidimos aproveitar o restante do tempo no Taiti. Era um fim de tarde tranquilo, o céu tingido de laranja e rosa, e as ruas da pequena vila próxima à praia tinham um charme especial, como se o tempo tivesse parado só para nós.

Caminhávamos de mãos dadas, sentindo a brisa suave do mar.

— Você foi incrível, Gabriel, — Marina disse, apertando minha mão. — Tenho tanto orgulho de você.

— Tudo fica mais fácil com você ao meu lado. Teve momentos em que eu só pensava em terminar as baterias e correr para te ver. — Sorri, puxando-a suavemente para mais perto.

Enquanto passeávamos, uma pequena loja de artesanato chamou a atenção de Marina. Na vitrine, havia um vestido de bebê, feito de um tecido leve, com estampas florais em cores suaves, perfeito para o clima do Taiti. Os olhos dela brilharam, e eu soube imediatamente que aquilo significava algo especial.

— Olha só, Gabriel! — ela exclamou, o entusiasmo na voz. — A Helena ficaria linda nesse vestido, não acha?

— Vai ficar linda, sim. Assim como a mãe dela.— Aproximei-me, colocando a mão na barriga dela e sorrindo.

Entramos na loja e fomos recebidos com sorrisos pela dona, uma senhora taitiana de cabelos grisalhos. Ela nos explicou que os tecidos eram tradicionais e que cada estampa tinha um significado especial. O vestido que Marina escolheu tinha símbolos de prosperidade e proteção, o que o tornou ainda mais perfeito para nossa filha.

— Vamos levar esse, — disse, segurando o vestido enquanto observava Marina acariciar sua barriga. — É como se o Taiti estivesse abençoando nossa filha.

Saímos da loja, ainda imersos na sensação boa de estarmos construindo nosso futuro juntos, um passo de cada vez. Enquanto caminhávamos de volta para o hotel, conversávamos sobre como seria a vida com Helena, imaginando seus primeiros passos, suas primeiras palavras, e até mesmo quando ela começaria a surfar.

De repente, senti meu celular vibrar no bolso. Peguei o aparelho, esperando uma mensagem qualquer, talvez um parabéns de algum amigo. Mas, ao ver o nome na tela, meu coração disparou. Era uma chamada do comitê olímpico.

Atendi com a voz tentando não tremer. — Alô?

— Gabriel, parabéns pelo seu desempenho recente. Tenho uma notícia que acho que vai gostar.— A voz do outro lado soava oficial, mas tinha um tom caloroso. Prendi a respiração.—Você foi classificado para as Olimpíadas. Parabéns, você vai representar o Brasil!

Por um momento, o mundo parou. Minha mente foi inundada por uma enxurrada de emoções: surpresa, alegria, orgulho, e, acima de tudo, determinação. Essa não seria minha primeira Olimpíada. Em Tóquio 2020, cheguei perto do pódio, mas saí com um amargo quarto lugar, algo que até hoje me incomoda por saber que fui injustiçado pelos juízes. Desta vez, porém, seria diferente. Eu estava mais preparado, mais experiente, e, acima de tudo, mais motivado.

— Eu... não sei o que dizer, — respondi, com um sorriso que eu sabia estar estampado no meu rosto. — Obrigado. De verdade.

Desliguei o telefone, ainda tentando processar o que acabara de acontecer. Marina, que estava ao meu lado, me olhou curiosa.

— Quem era?

Cruzando a distância entre nós, a puxei para um abraço apertado.

— Eu vou para as Olimpíadas de novo.

Os olhos dela se arregalaram, e o sorriso mais lindo que já vi se espalhou pelo rosto dela.

— Gabriel! Isso é incrível! — Ela me abraçou com força, e pude sentir a emoção dela se misturando à minha.

— Eu mal posso acreditar, — continuei, ainda sem conseguir conter a empolgação. — Tudo está acontecendo de uma vez só... Você, Helena, agora isso. Parece que todos os meus sonhos estão se realizando ao mesmo tempo.

— E você merece cada um deles. —
Ela se afastou só o suficiente para olhar nos meus olhos.

Nos beijamos ali mesmo, sob o céu do Taiti, sabendo que estávamos apenas começando uma nova jornada, mais emocionante do que jamais poderíamos imaginar. Com o vestido da nossa filha nas mãos e a notícia das Olimpíadas pulsando no meu coração, sentia que o mundo estava se abrindo diante de nós, oferecendo possibilidades infinitas.

Essa era apenas a primeira etapa de uma jornada que parecia destinada a ser inesquecível. Desta vez, eu estava determinado a fazer tudo diferente, a conquistar o que sempre sonhei, agora com ainda mais razões para lutar.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!

On your wave - Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora