CAPÍTULO 50

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Marina Soarez's point of view

Estava escuro lá fora, a casa de Maresias era iluminada apenas pela luz fraca dos abajures e o brilho da tela da TV. A noite estava quente, mas o ar parecia mais pesado do que o normal, carregado de uma ansiedade que eu não conseguia afastar. Gabriel estava a caminho de casa, e a única coisa que eu queria era vê-lo atravessando a porta. A vitória dele na final na Califórnia ainda ecoava nas minhas lembranças, e, mesmo à distância, eu sentia o peso da responsabilidade que ele carregava ao conquistar aquele título. Mais um troféu, mais um momento histórico para o surf e para ele. Eu estava tão orgulhosa, mas ao mesmo tempo, uma inquietação me dominava.

As contrações estavam mais frequentes. Pequenas ondas de dor que eu tentava ignorar, porque sabia que ainda não era hora. A bolsa não havia estourado, mas algo dentro de mim dizia que Helena estava esperando o pai. Era quase como se ela soubesse que ele estava a caminho, e que ela queria que estivéssemos todos juntos para esse momento tão esperado.

Sentei-me na poltrona, tentando encontrar uma posição confortável. O relógio marcava as horas lentamente, e a cada minuto que passava, a saudade de Gabriel só aumentava. Ele era o novo campeão mundial, mas, para mim, ele era mais do que isso. Ele era o homem que transformou minha vida em algo que eu nunca imaginei. Nossas vidas estavam prestes a mudar mais uma vez, e eu estava ansiosa e nervosa.

Minha mão acariciou a barriga, sentindo Helena se mexer. "Seu pai está chegando, minha pequena," murmurei, tentando acalmar a mim mesma tanto quanto a ela. Eu sabia que tudo ficaria bem quando Gabriel chegasse, mas a incerteza ainda pairava sobre mim como uma nuvem.

Finalmente, ouvi o som do carro entrando na garagem. O coração disparou, e uma mistura de alívio e emoção tomou conta de mim. Gabriel estava em casa. A porta se abriu, e eu vi sua silhueta entrando, ainda carregando o peso da viagem e do campeonato. Mas quando nossos olhos se encontraram, foi como se todo o cansaço desaparecesse.

— Eu estou em casa — ele disse, sorrindo, e meu coração se aqueceu.

Tentei me levantar, mas uma contração forte me fez recuar. Dessa vez, foi diferente. Era mais intensa, mais urgente. Gabriel percebeu na hora que algo estava acontecendo.

— Marina, o que foi? — Ele correu até mim, preocupação estampada no rosto.

— As contrações... estão mais fortes... — Respondi, tentando controlar a respiração.

Ele se ajoelhou ao meu lado, segurando minha mão. — Vai ficar tudo bem. Estou aqui agora.

Aquelas palavras eram tudo que eu precisava ouvir. Gabriel era minha âncora, e agora, mais do que nunca, eu precisava da sua força.

E então, como se Helena estivesse esperando exatamente por aquele momento, senti um fluxo quente escorrendo. A bolsa havia estourado.

— Gabriel... — Sussurrei, sentindo o pânico se misturar à emoção. — A bolsa... a bolsa estourou.

Ele olhou para mim com uma mistura de surpresa e alegria. — Acho que nossa pequena não quer esperar mais.

A dor se intensificou, mas o medo desapareceu. Gabriel estava ali, ao meu lado, segurando minha mão e me ajudando a me levantar. Sabíamos que era a hora. Helena estava prestes a chegar.

Tudo se passou em um turbilhão de emoções enquanto nos preparávamos para ir ao hospital. Gabriel estava focado, mas eu podia ver a emoção nos seus olhos. Esse era o momento que estávamos esperando, e agora estava acontecendo. Helena estava a caminho, e nossa vida nunca mais seria a mesma.

Quando finalmente saímos de casa, com as malas prontas e o coração cheio de expectativa, eu sabia que, independentemente de como as coisas aconteceriam a partir de agora, nós estávamos prontos. Prontos para nos tornarmos pais, prontos para enfrentar qualquer desafio juntos. E acima de tudo, prontos para receber nossa filha, Helena, que já era a combinação perfeita de nós dois, em todos os sentidos.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!

On your wave - Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora