CAPÍTULO 24

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Gabriel Medina's point of view

O último dia em Bells Beach chegou mais rápido do que eu esperava. Havia um misto de alívio por ter terminado uma etapa importante da competição, mas também uma pontada de tristeza por deixar para trás aquele lugar que, de certa forma, nos aproximou tanto. A Austrália, com suas paisagens exuberantes e marés perfeitas, foi o cenário de uma conexão que ia além das palavras. E naquela noite, decidimos celebrar isso.

Marina sugeriu que saíssemos para um jantar especial, algo para marcar a nossa despedida da Austrália. Eu aceitei, animado pela ideia de ter um momento tranquilo ao lado dela, longe das pranchas e do mar, em um ambiente onde pudéssemos apenas ser nós mesmos, sem a pressão do cotidiano que nos aguardava após o retorno.

Ela escolheu um vestido leve, de um tom que destacava sua pele dourada pelo sol, e quando apareceu na sala, fiquei sem palavras por um momento. Era como se, de repente, toda a beleza da Austrália tivesse se concentrado nela.

— Você está linda,— soltei, sem pensar. As palavras saíram de forma espontânea, e eu pude ver o sorriso tímido que se formou em seus lábios.

— Obrigada, Gabriel, — ela respondeu, e por um instante, a sala pareceu encolher, ficando apenas nós dois naquele universo. Havia algo naquele momento que não precisei dizer, mas senti. E acho que ela também sentiu.

O restaurante que escolhemos era acolhedor, com luzes baixas e uma vista incrível do oceano. As ondas, que durante o dia eram poderosas e cheias de vida, agora se moviam suavemente, como uma respiração tranquila. Era como se a própria natureza estivesse nos dando um momento de paz, um intervalo entre os desafios que ainda estavam por vir.

Pedimos nossos pratos e, enquanto esperávamos, a conversa fluiu de forma natural, como sempre acontecia entre nós. Falamos sobre o que viria a seguir, sobre os planos para o futuro e até sobre as pequenas coisas que tínhamos descoberto um sobre o outro nos últimos dias. Mas havia uma tensão leve no ar, algo que ambos sentíamos, mas ainda não tínhamos coragem de enfrentar diretamente.

Após o jantar, decidimos caminhar pela praia, como tantas outras vezes tínhamos feito. Mas naquela noite, havia algo diferente. Talvez fosse o fato de estarmos prestes a deixar Bells Beach, ou talvez fosse o tempo que passamos juntos, mas a verdade é que eu sabia que algo estava prestes a mudar entre nós.

O vento estava suave, e o som das ondas era um companheiro constante enquanto caminhávamos lado a lado, sem dizer muito. Era como se estivéssemos esperando o momento certo para falar, para expressar o que estava em nossos corações. Quando finalmente paramos, observando o mar em silêncio, eu senti a necessidade de dizer algo, mas as palavras pareciam insuficientes.

— Marina, eu sei que não temos falado muito sobre... nós, — comecei, tentando encontrar as palavras certas. — Mas eu só queria que você soubesse que esses dias aqui foram especiais para mim.—

— Para mim também, Gabriel. — Ela olhou para mim, os olhos brilhando sob a luz suave da lua.

Ficamos ali, parados, e por um momento, o mundo pareceu se silenciar. As ondas continuavam a quebrar na areia, mas tudo o que eu conseguia ouvir era o som do meu próprio coração. Queria beijá-la, e assim eu fiz, quebrando a distância entre nós, era um beijo suave, tranquilo, mas que transmitia o que ambos estávamos sentindo.

Não precisávamos de palavras ou de gestos grandiosos. Estávamos juntos, e isso, naquele momento, era o suficiente. Mesmo sem ser um casal oficial, havia algo mais forte nos unindo, algo que, com o tempo, se tornaria impossível de ignorar. Aquela noite, a última em Bells Beach, marcou não apenas o fim de uma etapa da competição, mas também o início de algo que ainda estávamos descobrindo.

Quando finalmente voltamos para casa, o silêncio continuou, mas dessa vez, era um silêncio confortável, carregado de compreensão mútua. Eu a acompanhei até o quarto, que estávamos dividindo nesses dias aqui na Austrália, enquanto nos arrumávamos para dormir, trocávamos palavras e risadas nesse meio tempo. Nos deitamos na cama, e meu corpo procurava por mais contato, mesmo no escuro tateando o colchão em busca dela, quando encontrei senti um sorriso involuntário no meu rosto, toquei o buchinho, que agora com quase quatro meses, já tinha mais volume do que quando chegamos aqui. E relaxei ali, no nosso pequeno mundinho.

Não éramos apenas dois amigos, e a cada dia, ficava mais difícil negar o que estava acontecendo. Mas por enquanto, deixamos as coisas fluírem, confiando que, quando chegasse o momento certo, saberíamos o que fazer.

A noite passou devagar, e quando o sol finalmente nasceu, marcando nosso último dia na Austrália, havia um sentimento de despedida no ar, mas também de expectativa. Algo havia mudado entre nós, algo que não podia mais ser ignorado. E enquanto arrumávamos nossas coisas para partir, eu sabia que aquela viagem havia sido um marco na nossa relação. Algo novo havia nascido, e embora ainda não soubéssemos exatamente o que era, estávamos prontos para descobrir juntos.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!

On your wave - Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora