On your wave - Gabriel Medina

CAPÍTULO 39

Marina Soarez's point of view

A etapa em Saquarema havia terminado, e o campeonato trouxe a adrenalina e as emoções intensas que sempre o acompanham. As praias lotadas, o som das ondas quebrando e o fervor da torcida ainda ecoavam na minha mente. Gabriel tinha se saído bem, mais uma vez demonstrando porque ele era considerado um dos melhores. Mas agora, com a competição encerrada, a realidade das Olimpíadas estava mais próxima do que nunca.

Quando o campeonato terminou, decidimos que era hora de voltar para casa. Maresias sempre foi nosso refúgio, e sabíamos que os próximos meses exigiriam o máximo de nós dois. Com Helena crescendo em minha barriga e as Olimpíadas se aproximando, precisávamos de um tempo em um lugar onde nos sentíssemos completamente à vontade.

A viagem de volta para Maresias foi tranquila, mas eu podia sentir uma tensão no ar. Não era uma tensão ruim, mas uma ansiedade silenciosa sobre o que estava por vir. Gabriel estava focado, mais do que nunca, e eu sabia que ele estava determinado a dar o seu melhor nas Olimpíadas. Desde a frustração de Tóquio 2020, onde ele ficou em quarto lugar por causa da trapaça dos juízes, a vontade de se redimir e conquistar o pódio era quase palpável.

Quando chegamos em Maresias, fomos recebidos com o carinho e aconchego da família de Gabriel. Simone, a mãe dele, nos recebeu com um abraço caloroso, e eu percebi que as coisas entre eles estavam melhores. Simone estava claramente se esforçando para se aproximar de Gabriel, especialmente agora com a chegada de Helena. Era bom ver os laços familiares se fortalecendo, trazendo um sentimento de paz e segurança.

Os dias que se seguiram foram marcados por uma nova rotina. Gabriel acordava antes do sol nascer, algo que ele sempre fez, mas agora com uma determinação renovada. As manhãs começavam com corridas na praia, onde ele se perdia na vastidão do mar, deixando que a brisa fresca e o som das ondas o preparassem mentalmente para o que estava por vir. Eu frequentemente o acompanhava, admirando a maneira como ele parecia se fundir com o oceano, movendo-se com uma graça que só alguém profundamente conectado com a água poderia ter.

— Você está ficando cada vez melhor — eu comentava, sentada na areia, tomando um café enquanto ele voltava do mar, o corpo todo molhado, mas com aquele sorriso satisfeito de quem sabe que está no caminho certo.

— Estou só começando — ele respondia com um brilho nos olhos, determinado a ir além dos seus próprios limites.

Após a sessão de surfe matinal, Gabriel passava horas na academia, se preparando fisicamente para os desafios que viriam. Ele treinava com uma intensidade que eu raramente via em qualquer pessoa. Era mais do que apenas força física; ele estava se preparando mentalmente, se certificando de que nada poderia abalá-lo. Eu o observava em silêncio, tentando entender o que passava em sua mente, mas sabendo que esse era um processo que ele precisava passar sozinho.

Mesmo com essa rotina intensa, Gabriel nunca deixava de lado o tempo para nós. As tardes eram dedicadas à preparação para a chegada de Helena. Montar o quartinho dela se tornou uma espécie de ritual para nós, algo que nos lembrava que, apesar de todas as pressões externas, estávamos construindo uma família, um futuro juntos.

Certa manhã, enquanto Gabriel estava no mar, recebi uma ligação da CazéTV. Eles queriam marcar uma reunião para discutir mais alguns detalhes sobre minha participação como repórter nas Olimpíadas. A ideia de cobrir as competições de surfe ao lado de Pedro Scooby era emocionante, mas também trazia uma boa dose de nervosismo. Era um grande passo para mim, tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Queria garantir que tudo saísse perfeito, não só por mim, mas também por Gabriel e por Helena.

Quando Gabriel voltou do treino, contei sobre a ligação.

— Parece que as coisas estão se encaixando — comentei, tentando esconder minha apreensão.

— Você vai arrasar, Marina. Não tenho dúvidas — ele respondeu, segurando minha mão e olhando diretamente nos meus olhos, transmitindo uma confiança que me acalmava instantaneamente.

O apoio dele sempre foi essencial para mim, e saber que estávamos nessa jornada juntos, mesmo que em diferentes papéis, fazia tudo parecer mais fácil.

À medida que os dias passavam, nossa rotina se ajustava a essa nova fase. Gabriel estava mais focado do que nunca, e eu tentava equilibrar meu tempo entre meus próprios preparativos para as Olimpíadas e o apoio que ele precisava.

Nossas manhãs começavam cedo, com Gabriel na água ou na academia, enquanto eu organizava as últimas coisas para nossa viagem. O clima em casa era de concentração total, mas também de uma paz que só encontramos quando estamos onde realmente deveríamos estar. Sabíamos que o que estávamos prestes a enfrentar seria difícil, mas sentíamos que, juntos, poderíamos superar qualquer obstáculo.

Os fins de tarde eram os momentos em que nos permitíamos relaxar um pouco. Caminhávamos pela praia, sentindo a areia sob nossos pés, enquanto o sol se punha, pintando o céu com tons de laranja e rosa. Nessas caminhadas, falávamos sobre o futuro, sobre nossas expectativas e sobre todas as mudanças que viriam com a chegada de Helena. Eu me pegava pensando em como seria nossa vida quando ela estivesse aqui, imaginando-a correndo pela praia, brincando na água, e me sentia tomada por uma mistura de emoção e ansiedade.

— Eu sei que vai ser difícil — comentei uma tarde, enquanto o vento balançava meu cabelo e o som das ondas criava uma melodia tranquila ao fundo. — Mas não consigo imaginar fazer isso com outra pessoa além de você.

Gabriel parou de andar e me puxou para mais perto, envolvendo-me em um abraço apertado.

— Nós vamos conseguir, Marina. Juntos, sempre.

Aquelas palavras se tornaram nosso mantra. "Juntos, sempre." Não importava o que viesse, sabíamos que, desde que estivéssemos juntos, poderíamos enfrentar qualquer desafio.

Conforme o dia da viagem para as Olimpíadas se aproximava, a tensão crescia, mas também a empolgação. Estávamos prontos para o próximo capítulo de nossas vidas, sabendo que, mesmo com todas as incertezas, estávamos exatamente onde deveríamos estar. A rotina de treinos de Gabriel só aumentava de intensidade, e cada dia parecia uma preparação minuciosa para o que estava por vir.

Finalmente, chegou o dia de partir para as Olimpíadas, e, ao arrumarmos as malas, senti uma mistura de emoções. Estávamos prontos, mas sabíamos que essa jornada nos testaria de maneiras que ainda não podíamos prever. Ao nos despedirmos de Maresias, me senti grata por termos esse lugar para onde sempre poderíamos voltar, não importando o que acontecesse.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!