CAPÍTULO 47

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Marina Soarez's point of view

Estar de volta a Maresias depois de tudo o que passamos em Paris me dava uma sensação estranha. Não era como se eu não estivesse feliz por estar de volta ao lar, mas algo dentro de mim sabia que as coisas não seriam as mesmas. A rotina, a preparação para a chegada da Helena e, claro, a ausência do Gabriel em casa... tudo isso parecia tornar a realidade mais pesada.

Nos primeiros dias de volta, nós dois nos esforçamos para aproveitar o tempo juntos. Caminhávamos pela praia de mãos dadas, e Gabriel sempre fazia questão de falar com a Helena através da minha barriga, como se ela pudesse responder. E, na verdade, de certa forma, ela respondia, dando pequenos chutes que nos faziam rir.

— Parece que ela já está com saudade de você antes mesmo de você partir — eu disse, observando Gabriel sorrir ao sentir um chute mais forte.

— Não mais do que eu vou sentir de vocês duas. — Ele olhou para minha barriga com uma expressão de ternura, mas havia uma preocupação ali, algo que ele não conseguia esconder.

Nós dois sabíamos que a viagem para Fiji era importante. Gabriel estava numa fase crucial da sua carreira, especialmente depois de tudo o que aconteceu nas Olimpíadas. Mas, ao mesmo tempo, a ideia de estar longe de mim, especialmente agora que a Helena estava quase chegando, parecia pesar nele. Eu tentei acalmá-lo, prometendo que tudo ficaria bem e que eu o apoiaria mesmo de longe. Mas sabia que as palavras só podiam fazer tanto.

Na noite antes de sua partida, Gabriel preparou um jantar especial para nós dois. Ele estava tentando fazer com que tudo fosse perfeito, como se quisesse armazenar o máximo de memórias possíveis antes de partir. Sentados à mesa, conversamos sobre como seria a vida quando Helena finalmente chegasse.

— Eu fico imaginando como vai ser quando ela começar a andar pela casa, esbarrando nas pranchas — Gabriel disse com um sorriso nostálgico, quase como se já estivesse visualizando o futuro.

— Ela vai te seguir por toda parte, tenho certeza. Vai ser uma pequena surfista como o pai — respondi, tentando manter a leveza na conversa.

Mas havia um nó no meu estômago que não se desfez, mesmo depois que jantamos e fomos para a cama. O sono veio, mas era inquieto, e acordei várias vezes durante a noite, sentindo a falta que ele faria. Na manhã seguinte, quando chegou a hora da despedida no aeroporto, tudo parecia surreal.

— Promete que vai se cuidar e não se preocupar demais comigo? — ele perguntou, me puxando para um abraço apertado.

— Prometo, mas só se você prometer que vai voltar logo. — Olhei nos olhos dele, tentando esconder minha própria ansiedade.

— Eu vou voltar o mais rápido que puder. Para você e para Helena. — Gabriel beijou minha testa e, por um momento, ficamos assim, só aproveitando o calor um do outro.

Quando ele finalmente embarcou, o vazio ao meu lado era palpável. Eu sabia que ele precisava ir, que essa competição era importante, mas não conseguia evitar a sensação de que algo estava faltando. O caminho de volta para casa foi longo, e cada esquina de Maresias parecia lembrar da ausência dele.

Nos dias seguintes, me joguei em preparativos para a chegada da Helena. O quartinho dela estava quase pronto, e as pequenas roupas que eu comprava pareciam tão irreais em minhas mãos. Eu queria que Gabriel estivesse ali para ver tudo isso, para sentir as emoções que eu sentia ao dobrar cada peça de roupa e arrumar cada detalhe.

Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que ele estava lá fora, enfrentando as ondas, dando o seu melhor, como sempre fazia. Quando as competições começaram, eu estava grudada na televisão, meu coração acelerando a cada movimento dele no mar. A conexão que tínhamos, mesmo à distância, era forte. Eu sentia quando ele estava prestes a fazer uma manobra arriscada, e quase podia ouvir o barulho das ondas ao redor dele.

— Vai, amor, você consegue! — Eu sussurrava para a televisão, como se ele pudesse me ouvir de onde estava.

Nos intervalos entre as baterias, Gabriel me mandava mensagens, me contava como estavam as condições do mar e o que ele planejava fazer na próxima rodada. Eu respondia com atualizações sobre a Helena, que parecia estar tão agitada quanto eu. Ela chutava com frequência, como se também estivesse torcendo pelo pai.

— Mal posso esperar para ver vocês duas. Vou voltar logo, prometo — ele dizia, e eu podia ver o cansaço e a saudade nos olhos dele, mesmo através da tela do celular.

Cada vitória dele era comemorada como se fosse minha também. Eu pulava do sofá, gritava de alegria e enviava mensagens cheias de animação. Estar distante era difícil, mas a certeza de que logo estaríamos juntos novamente me dava forças. Eu sabia que, por mais que a distância fosse difícil, nosso amor era forte o suficiente para superar qualquer obstáculo.

À medida que a competição avançava, minha ansiedade para tê-lo de volta aumentava. E quando finalmente chegou o dia em que ele poderia voltar, eu contava os minutos para vê-lo novamente. A saudade era esmagadora, mas sabia que tudo isso valeria a pena quando finalmente estivéssemos juntos, prontos para começar essa nova fase da nossa vida com a chegada da nossa pequena Helena.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!

Sim, eu mudei o resultado de Fiji, para poder se encaixar na história que eu pensei desde o começo da fanfic.

On your wave - Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora