CAPÍTULO 51

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Gabriel Medina's point of view

Eu nunca estive tão ansioso em toda minha vida. Parecia que o mundo estava em suspenso, cada segundo se arrastava enquanto eu observava Marina, deitada na cama do hospital, lutando com cada contração. A viagem de volta da Califórnia para Maresias foi uma das mais longas da minha vida, mesmo sendo apenas algumas horas. E agora, tudo estava convergindo para esse momento, o momento em que nossa filha finalmente viria ao mundo.

Marina segurava minha mão com força, e eu via o cansaço em seus olhos, mas também via determinação. Ela sempre foi a pessoa mais forte que eu conheci, e agora, vendo-a dar à luz à nossa filha, essa força brilhava de uma maneira que eu nunca tinha visto antes. Cada vez que uma contração a atingia, eu sentia como se estivesse sendo atingido junto, mas sabia que o que eu sentia não era nada comparado ao que ela estava passando.

— Você está indo bem, amor — sussurrei, tentando passar confiança, mesmo que por dentro eu estivesse em pedaços. — Logo, logo, Helena vai estar aqui com a gente.

Marina soltou um suspiro exausto, mas abriu um pequeno sorriso para mim. Aquele sorriso que sempre me fez sentir que tudo ia dar certo, mesmo nos momentos mais difíceis.

O tempo parecia perder o significado enquanto eu ficava ao lado dela, vendo os médicos e enfermeiras entrarem e saírem, ajustando equipamentos, verificando sinais vitais. Eu sabia que tudo estava sob controle, mas a preocupação era inevitável. Helena já estava atrasada alguns dias, e com a intensidade das contrações, eu só podia torcer para que tudo corresse bem.

Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, os médicos começaram a se preparar para o parto. Eu nunca me senti tão impotente na minha vida, apenas podendo observar enquanto Marina fazia todo o trabalho duro. Queria poder trocar de lugar com ela, tomar toda a dor para mim, mas tudo o que podia fazer era estar ali, segurando sua mão, tentando oferecer qualquer conforto que eu pudesse.

E então, num instante que ficou gravado para sempre na minha memória, o choro de Helena preencheu a sala. Era um som que eu nunca esqueceria, o som da nossa filha, o som da vida que havíamos criado juntos. Meu coração, que já estava batendo acelerado, pareceu explodir de alegria. As lágrimas brotaram nos meus olhos antes que eu pudesse controlá-las.

— Ela chegou, amor — sussurrei, a voz embargada pela emoção.

Os médicos colocaram Helena nos braços de Marina, e eu senti que o mundo inteiro tinha parado. Tudo ao nosso redor desapareceu. Não havia mais preocupações, medos ou incertezas. Havia apenas nós três, ali, juntos pela primeira vez.

Eu olhei para Helena e não consegui acreditar no que via. Ela era uma mistura perfeita de nós dois, como se a vida tivesse escolhido a dedo os melhores pedaços de cada um de nós para criar essa pequena criatura. Seus cabelos castanhos ondulados eram exatamente como os meus, mas havia uma suavidade neles que era pura Marina. A pele moreninha, tão delicada, parecia ter capturado a luz do sol de Maresias.

Ela era pequena, frágil, mas ao mesmo tempo, emanava uma força que me surpreendeu. Seus traços eram uma combinação perfeita, um pouco de cada um de nós. Eu podia ver o formato do nariz e dos olhos de Marina, e mesmo que a cor dos olhos ainda fosse indefinida, eu sabia que haveria uma boa chance de serem verdes, como os da mãe. Mas quando ela abriu os olhos pela primeira vez e me encarou, eu soube. O olhar era todo meu, aquele mesmo olhar que eu via toda vez que me olhava no espelho.

— Ela é perfeita, Marina — disse, emocionado. — Absolutamente perfeita.

Marina sorriu para mim, cansada, mas radiante, e eu sabia que ela sentia o mesmo. Havia um entendimento silencioso entre nós, como se soubéssemos que, apesar de todas as lutas e desafios que estavam por vir, já tínhamos conquistado a maior vitória de nossas vidas.

Quando finalmente pude segurar Helena nos meus braços, o mundo inteiro desapareceu. Eu sempre ouvi as pessoas dizerem que a vida muda quando você segura seu filho pela primeira vez, mas eu nunca realmente entendi até aquele momento. Ela era tão pequena, mas a responsabilidade que eu sentia era imensa. Eu estava segurando minha filha, a vida que Marina e eu criamos juntos, e naquele instante, nada mais importava.

— Oi, minha garotinha — murmurei, olhando para ela com uma adoração que eu nunca pensei ser capaz de sentir. — Eu sou seu pai. E prometo que sempre vou estar aqui para você, não importa o que aconteça.

Helena piscou para mim, seus pequenos olhos tentando focar no meu rosto, e eu senti como se estivesse vendo o futuro. Tudo o que eu queria estava ali, nos braços. A vida inteira, as ondas, as competições, tudo parecia ter me preparado para esse momento.

Olhei para Marina, que agora descansava, exausta, mas feliz, e soube que estávamos juntos nessa, para sempre. Eu não conseguia parar de olhar para nossa filha, e com cada respiração que ela dava, eu me sentia mais e mais ligado a ela, como se nossas vidas estivessem eternamente entrelaçadas.

— Eu te amo, Marina — falei, minha voz cheia de emoção. — E amo essa garotinha mais do que tudo no mundo.

Marina sorriu para mim, e naquele sorriso, eu vi tudo o que precisávamos. Ela e Helena eram minha vida agora, e eu faria qualquer coisa por elas. Tudo o que vivi até agora, todas as competições, títulos, vitórias e derrotas, tudo me levou até esse momento. E eu sabia, com cada fibra do meu ser, que não havia nada mais importante do que estar aqui, com elas.

Enquanto Helena se aninhava mais profundamente nos meus braços, percebi que minha vida estava completa. Não importava o que o futuro reservasse, enquanto eu tivesse Marina e Helena ao meu lado, eu poderia enfrentar qualquer coisa.

E assim, sentado naquele quarto de hospital, com minha filha nos braços e minha noiva ao meu lado, soube que nunca mais seria o mesmo. Eu era pai agora. E não havia lugar no mundo onde eu preferisse estar.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!

On your wave - Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora