CAPÍTULO 33

858 68 0
                                    

Gabriel Medina's point of view

O sol estava começando a nascer, e eu podia sentir a energia no ar. Teahupo'o não era um lugar qualquer; era um verdadeiro teste, tanto físico quanto mental. As ondas que se formavam à minha frente pareciam muralhas de água, prontas para me desafiar a cada momento. Respirei fundo, tentando me conectar com o que estava ao meu redor. Não era só uma competição, era algo maior, como se eu estivesse prestes a enfrentar não só o mar, mas tudo o que estava por vir na minha vida.

Eu vi os outros competidores ao meu lado, cada um se preparando do seu jeito. Alguns pareciam nervosos, outros, totalmente concentrados. Mas, naquele momento, eu me sentia diferente. No meu bolso, uma concha que Marina havia me dado em um dia que fomos para praia estava lá,um símbolo de proteção e uma lembrança de que eu não estava sozinho. Toquei a concha brevemente, sentindo seu peso e, de alguma forma, isso me deu uma paz interior.

Olhei para a praia e a vi. Marina estava lá, com aquela expressão que misturava preocupação e confiança. Quando nossos olhares se encontraram, senti algo dentro de mim se acalmar. Não era só sobre vencer; era sobre fazer isso por ela, por nossa filha, por nós. Dei um sorriso, e ela retribuiu, me passando uma força que eu não sabia que precisava até aquele momento.

A buzina soou, e o jogo começou. Remando para a linha de frente, senti a adrenalina correr pelo meu corpo. A primeira onda se formou, e eu sabia que era minha chance. Remando com toda a força que eu tinha, senti a prancha deslizar sob meus pés quando me levantei. A parede de água era imensa, mas naquele momento, era só eu e o mar. Entrei no tubo, o som da água ao meu redor era ensurdecedor, mas também familiar. Cada movimento tinha que ser calculado, mas ao mesmo tempo, deixei meu corpo fluir com a onda.

Saí do tubo e o som da praia me alcançou. Ouvi os gritos, os aplausos, mas meu foco ainda estava lá fora, no próximo desafio. A primeira onda foi boa, mas eu sabia que Teahupo'o sempre guardava algo a mais. Voltei ao lineup, esperando. O mar estava ficando mais agitado, e isso só aumentava minha concentração.

Então, a vi. A maior onda do dia começou a se formar no horizonte. Sabia que aquele seria o momento que definiria tudo. Remando com toda a força, senti o mar me puxar com uma velocidade alucinante. Quando finalmente desci a face da onda, o mundo ao meu redor parecia desacelerar. Entrei no tubo, e ali dentro, era como se o tempo tivesse parado. A luz filtrava-se pela água, criando um espetáculo de cores ao meu redor. Não era só uma onda; era a onda. Eu estava em total sintonia com o mar, cada fibra do meu corpo sabia o que fazer.

Saí do tubo, e o som da praia me atingiu como um trovão. A multidão estava enlouquecida, os juízes levantaram as notas, mas tudo o que importava para mim naquele momento era Marina. A procurei na areia, e lá estava ela, correndo em minha direção. Quando finalmente nos encontramos, o abraço dela foi a melhor recompensa que eu poderia ter. O beijo que trocamos selou não só a vitória naquele dia, mas tudo o que estávamos construindo juntos.

— Eu sabia que você conseguiria — ela disse, com um brilho nos olhos que me fez sentir que tudo valia a pena.

— E eu não teria conseguido sem você — respondi, sentindo o amor por ela e pela nossa filha se expandir dentro de mim. — Vocês são minha força.

A celebração começou, mas meu coração estava focado em outra coisa. Naquela noite, enquanto o Taiti descansava sob um céu estrelado, me deitei ao lado de Marina na varanda da pousada, com a concha ainda no bolso. Tudo parecia estar no lugar certo. Olhei para ela, que repousava a cabeça no meu ombro, e sussurrei:

— Hoje, eu senti que estou exatamente onde deveria estar.

Ela sorriu e acariciou sua barriga.

— Eu também. Agora, mais do que nunca, estamos prontos para tudo o que vier.

O som das ondas ao fundo era como uma melodia perfeita, nos embalando em um futuro que, finalmente, começava a tomar forma. A vitória em Teahupo'o não era apenas mais um troféu, era o marco de uma nova jornada, uma que eu estava mais do que pronto para trilhar.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!

On your wave - Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora