CAPÍTULO 31

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Marina Soarez's point of view

A manhã estava perfeita, o tipo de dia que você deseja que dure para sempre. O sol brilhava alto, e a brisa suave que vinha do mar acariciava meu rosto enquanto Gabriel e eu caminhávamos em direção à clínica. Apesar do silêncio entre nós, eu sentia uma conexão profunda, quase palpável. Hoje, descobriríamos se nosso palpite estava certo, se a pequena vida crescendo dentro de mim era realmente uma menina, como eu sentia desde o começo.

Enquanto estávamos no carro, com Gabriel ao meu lado, minha mente vagava. Pensava em tudo o que tinha acontecido nos últimos meses, como nossas vidas tinham mudado de maneira tão inesperada e bonita. A mão de Gabriel tocou a minha por um instante, interrompendo meus pensamentos. Ele perguntou se eu estava bem, e eu sorri para ele, tentando transmitir a tranquilidade que, na verdade, eu não sentia por completo.

— Sim, só estou tentando imaginar o momento... Ver o rostinho dela na tela, descobrir o que a gente já sabia no fundo do coração,— respondi.

Eu sabia que ele entendia. Desde que o bebê começou a crescer dentro de mim, uma certeza silenciosa se instalou em meu coração: era uma menina. E Gabriel, mesmo sem dizer, parecia sentir o mesmo. Parecia certo, natural.

Quando chegamos à clínica, caminhar até a sala de ultrassom foi como passar por um ritual. Eu sabia que, a partir desse momento, algo mudaria para sempre. Senti a mão de Gabriel encontrar a minha, um toque quente e firme que me deu a força de que eu precisava. Na sala, o gel frio na minha barriga me fez arrepiar, mas o que realmente importava era a imagem que começava a se formar na tela à nossa frente.

A médica era gentil e sorridente, como sempre, mas naquela manhã, sua presença parecia ainda mais acolhedora. Enquanto ela movia o transdutor sobre minha pele, eu prendi a respiração, esperando, imaginando. E então, com um sorriso tranquilo, ela perguntou se estávamos prontos para saber.

Olhei para Gabriel e vi a resposta nos olhos dele, refletindo o que eu sentia. Não havia dúvida alguma. Mas antes que pudéssemos falar, a médica revelou: "É uma menina!"

Por um momento, o mundo parou. Era como se o tempo tivesse congelado para que pudéssemos absorver a magnitude daquela revelação. Senti meus olhos se encherem de lágrimas, mas não eram de tristeza, muito pelo contrário. Eram de pura alegria, uma felicidade que eu nunca tinha sentido antes. Virei-me para Gabriel e vi a mesma emoção em seu rosto, um sorriso que eu sabia que ele guardaria para sempre.

— Eu sabia, — sussurrei, quase para mim mesma, mas ele ouviu. — É a nossa Helena.

Dizer seu nome em voz alta tornou tudo mais real. Helena. Nossa filha. A pequena Helena, que já parecia tão presente em nossas vidas, mesmo sem ter nascido ainda. O nome que havia surgido em uma conversa casual semanas atrás agora se encaixava perfeitamente, como se sempre tivesse sido dela.

Ficamos alguns minutos a mais ali, olhando para a tela, para cada pequeno detalhe que conseguíamos ver. A médica explicou como estava o desenvolvimento, mas minha mente já estava em outro lugar. Eu já imaginava o futuro, o sorriso de Helena, suas primeiras palavras, os primeiros passos incertos. Ela já era tão real para mim.

Saímos da clínica com o sol brilhando ainda mais forte. Cada passo parecia mais leve, como se estivéssemos flutuando. Enquanto caminhávamos até o carro, Gabriel parou de repente e me puxou para um abraço. Eu não esperava, mas foi exatamente o que eu precisava.

— Obrigada por me dar essa alegria, — ele sussurrou no meu ouvido, e eu não pude evitar sorrir.

Abracei-o com força, sentindo o amor e a gratidão em cada fibra do meu ser.

— Estamos juntos nessa, Gabriel. E agora com a Helena, nosso mundo nunca mais será o mesmo.

O resto do dia passou como um sonho. Quando voltamos para casa, ainda estávamos eufóricos, mas logo a realidade nos chamou de volta. A próxima etapa do campeonato estava se aproximando, e as malas ainda estavam por fazer. O quarto estava um caos de roupas e pranchas espalhadas pelo chão, uma bagunça que refletia a mistura de emoções que eu sentia.

Teahupo'o era uma das etapas mais desafiadoras, e eu sabia que Gabriel estava ansioso. As ondas do Taiti eram lendárias, temidas até pelos surfistas mais experientes. Mas, mesmo com toda a pressão da competição, eu via nos olhos dele algo diferente. Não era só sobre o surfe. Agora, havia algo mais profundo guiando cada movimento dele.

Enquanto dobrava uma última camisa e a colocava na mala, aproximei-me de Gabriel e passei meus braços ao redor dele, descansando a cabeça em seu ombro.

— Você está pronto?— perguntei, querendo saber se ele estava preparado para o que estava por vir, tanto no campeonato quanto em nossas vidas.

Ele se virou para mim, e vi em seu sorriso a certeza que ele sentia.

— Nunca estive tão pronto para nada na minha vida. — diz fazendo um carinho em meu braço que estava ao seu redor.

Sorri de volta, sentindo o peso do momento. Estávamos prestes a embarcar em uma nova jornada, com desafios à frente, mas também com a promessa de algo maravilhoso. E agora, com Helena fazendo parte de nossas vidas, tudo parecia mais real, mais significativo.

Na manhã seguinte, partimos para o Taiti. As malas estavam carregadas, as pranchas prontas, e nós dois com o coração cheio de expectativas. Sabíamos que Teahupo'o não seria fácil, mas com Helena no pensamento e Gabriel ao meu lado, eu sentia que poderíamos enfrentar qualquer coisa. Estávamos prontos para as ondas, para o que o futuro nos reservava, e para a nova vida que já estava crescendo dentro de mim.

VEJO VOCÊS NO PRÓXIMO CAPÍTULO!

On your wave - Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora