BÔNUS

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Gabriel Medina's point of view

Acordei antes do sol, como sempre. A casa estava silenciosa, exceto pelo som suave das ondas quebrando ao longe. Aquele som sempre me chamou, mas hoje era diferente. Eu não estava só pensando em mim ou nas competições. Hoje, era sobre minha família. Helena e Cecília já haviam se mostrado pequenas prodígios nas ondas, mas hoje, Marina também se juntaria a nós. Eu sabia que ela estava um pouco nervosa, mas também empolgada.

Olhei para o lado e vi Marina ainda dormindo, os cachos dela espalhados pelo travesseiro. Um sorriso tranquilo estava no rosto dela, e eu sabia que parte disso era pela expectativa do que viria. Não era a primeira vez que Marina iria para a água, mas era a primeira vez que faríamos isso todos juntos, como uma família.

Levantei-me devagar, tentando não acordá-la, mas antes que eu pudesse sair da cama, ela se mexeu e abriu os olhos, me pegando no flagra.

— Bom dia — sussurrei, sorrindo.

— Bom dia — ela respondeu, ainda sonolenta. — Está na hora?

Assenti, sentindo a animação crescer dentro de mim. — Está pronta para surfar com a gente?

Ela riu e se espreguiçou, jogando os braços ao redor do meu pescoço. — Acho que sim, mas você vai ter que ser um professor muito paciente.

— Eu sou o cara certo pra isso, —respondi, dando um beijo na testa dela antes de sair da cama.

Pouco tempo depois, Helena e Cecília estavam de pé, prontas e animadas. Helena, sempre tão confiante, já estava correndo pela casa com sua prancha, e Cecília a seguia, tentando imitá-la. Marina observava a cena com um sorriso e eu percebi o brilho de determinação nos olhos dela.

— Vocês estão prontas para hoje? — perguntei, me agachando na frente das minhas garotinhas.

— Sim! Vou pegar mais ondas que você, pai! — Helena respondeu, sempre competitiva.

Cecília olhou para mim com seus olhos grandes e sérios. — Vou tentar, papai, mas estou com um pouquinho de medo.

Ajoelhei-me ao lado dela e coloquei minha mão em seu ombro.

— O medo faz parte, filha. Mas estarei lá com você, assim como a mamãe. Vamos fazer isso juntos, como sempre.

Marina se abaixou ao lado de nós e beijou Cecília na bochecha. — E a mamãe também está com um pouquinho de medo, Cecília. Mas se todos estivermos juntos, sei que vamos nos divertir muito.

Chegamos à praia enquanto o sol começava a subir no horizonte. As cores laranja e rosa tingiam o céu, refletindo nas ondas que se quebravam suavemente na areia. Peguei as pranchas, entreguei uma para Helena, outra para Cecília e, finalmente, entreguei a de Marina.

Ela olhou para a prancha como se estivesse prestes a enfrentar um desafio gigantesco, mas depois levantou o olhar para mim e sorriu.

— Bem, acho que não tem volta agora, né? — Marina disse, rindo, mas havia uma ponta de nervosismo em sua voz.

— Nem precisa pensar nisso, — eu disse, puxando-a pela cintura e encostando a testa na dela. — Vamos fazer isso no nosso ritmo, sem pressa.

Entramos na água, e eu pude sentir a mudança no ar. Havia uma energia boa, uma conexão que ia além do surfe. Era sobre estarmos juntos, compartilhando o que eu mais amava com as pessoas que mais amava.

Helena foi a primeira a pegar uma onda. Ela se equilibrou com facilidade, como se tivesse nascido para aquilo. Eu a observei enquanto a empurrava levemente na direção certa, sentindo o orgulho crescer dentro de mim.

— Você viu, pai? — ela gritou quando voltou para a praia, os olhos brilhando de excitação.

— Vi sim, você foi incrível, — respondi, dando-lhe um high five.

Agora era a vez de Cecília. Ela estava mais hesitante, mas com minha ajuda, ela conseguiu pegar uma pequena onda e ficar de pé por alguns segundos antes de cair. Quando ela emergiu, estava rindo, e eu senti um alívio enorme.

— Foi divertido! — ela gritou, nadando de volta até mim.

— Você foi muito corajosa, filha, — eu disse, segurando-o perto.

Finalmente, olhei para Marina. Ela estava pronta, e eu sabia que aquele era um grande passo para ela. Ajudei-a a se posicionar na prancha, e com um último sorriso de encorajamento, empurrei-a levemente na direção de uma onda suave. Ela vacilou um pouco, mas conseguiu ficar de pé. Eu vi o momento exato em que o medo se transformou em alegria.

Quando ela voltou para a praia, estava rindo, e eu sabia que aquele era um momento que nunca esqueceríamos.

— Acho que posso me acostumar com isso — ela disse, ainda ofegante, mas visivelmente feliz.

— Você foi incrível, — eu disse, puxando-a para um abraço. — Sabia que você ia arrasar.

Passamos o resto da manhã surfando juntos, pegando ondas pequenas, rindo e aproveitando o momento. Eu me senti completo de uma maneira que nunca tinha sentido antes. Quando voltamos para a areia, cansados e felizes, vi o olhar de satisfação nos rostos de Helena, Cecília e Marina. As mulheres da minha vida.

Essa era a minha família. E a partir daquele dia, o surfe não seria apenas meu. Seria nosso.

FIM!

Tenho duas novidades!

• primeiro é que também estou escrevendo uma história sobre o atleta Augusto Akio! Por enquanto só tem o capítulo sobre o elenco. E seria muito bom se os leitores de "on your wave" desse uma olhada nas minhas outras histórias também.

• segundo, a nova temporada está lançada! Já podem ir conferir no meu perfil. E vai funcionar da mesma maneira que esse livro, não vai ter dia certo para postar, e também vai depender muito dos votos e comentários de vocês.

On your wave - Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora