Caralho a Regiane precisa voltar e logo Zeus está para nos matar de tanto trabalhar o filho da puta fica só na sala dele sei que ele não está de brincadeira porque ele assim como os outros donos de morros estão empenhados em arrumar uma forma de pegar o tal Conde, mas irmão tem coisa que é de mais para que conferir todo o armamento e estoque de ouro branco duas vezes no dia, fora a contabilidade que eu tenho que conferir mesmo depois que ele e o nossos contador confere.
- Puta que me pariu eu não aguento mais rodar essas bocas. Jacaré fala cansado e eu me seguro para não rir.
- Nunca na minha vida trabalhei tanto como agora, a Regiane precisa voltar para amansar a fera. Jacaré concorda.
- Papo reto e depois que o guri deles falou da porra das gracinhas do médico aí que o bagulho complicou mesmo e quem paga é a gente. Ele fala acompanhando o Vitor amigo da patroa com os olhos que desce o morro conversando com um maluco que trabalha no postinho aqui do morro.
- O que foi? Ele nega.
- Nada de importante. Liga a moto e sai vazado.
- Que bicho mordeu ele? Pirulito pergunta encostando perto de mim e dou de ombros.
- Quem é que sabe do nada ficou com cara de bunda. Não entendo o cara estava de boa do nada muda deve ser o sol que cozinhou o pouco de neurônios que o vagabundo tinha.
Sigo o meu trampo dou risada vendo a mãe da patroa olhando para o tanto de escadas que ela vai ter que subir assim que o moto táxi deixa ela bem na entrada do escadão, mas como não sou de todo o mal sinto pena com o tanto de sacolas que ela tem nas mãos.
- Quer ajuda? Ela me olha e sorri sem graça.
- Sim, por favor. Encosto a minha moto, pego as sacolas dela e começamos a subir.
- O que tem nessas sacolas que estão tão pesadas pedra? Ela sorri.
- Não, é coisas que sobram do restaurante. Concordo, a coroa deve ta cortando um dobrado mesmo para estar trazendo sobras do restaurante para comer, paramos algumas vezes para ela descansar e então quando chegamos na casa dela coloco as sacolas para dentro quando estou saindo umas crianças bem humildes mesmo param na frente do portão.
- A dona Miriam está aí tio? O maiorzinho de que aparenta ter uns oito anos no máximo pegunta.
- Pode entrar Cleison. Ela fala e então me viro vendo eles passarem por mim.
- Desculpa tia, eu me atrasei e estava descendo quando vi o moço saíndo da sua casa.
- Não tem problema meu amor, hoje sobrou bastante coisa. Ela começa a tirar as coisas da sacola são saquinhos com carnes cada tipo de carne ela colocou em um saquinho diferente uns tem mais do que os outros alguns ela abre e divide. - Fala para a sua mãe que o feijão está fresquinho para ela colocar em um pote e congelar. O garoto concorda, vejo a felicidade nos olhos das crianças quando ela termina de dividir toda a comida, ela tira um pote de sorvete com ovos e dois litros de leite de outra bolsa e coloca na sacola deles. - Prontinho.
- Obrigado, tia. O garoto fala e passa correndo por mim com os irmãos.
- Não corra para não quebrar esses ovos. Ela vem para a área e repreende eles que param de correr e sobem as escadas com calma.
- Estava trazendo todo esse peso para alimentar essas crianças? Ela me olha sem graça.
- O pai deles foi embora e a mãe deles mal consegue manter o aluguel com o que ganha nas faxinas que encontra. Concordo.
- Legal da sua parte. Realmente penso isso, são poucos que se importam com os outros, quem dirá alimentar os outros como ela está fazendo imagina vir com esse peso todo dentro de um ônibus e ainda subir essas escadas tudo com isso.
- Eu perdi tudo o que eu tinha e mesmo assim quem não deveria me deu a mão, não custa nada eu dar a mão para quem precisa da forma que eu posso mesmo sendo pouco.
- Alimentar quem tem fome nunca é pouco, a senhora está voltando para o caminho certo por isso que a patroa é tão boa reflexo da criação que teve.
- Obrigada pelas palavras. Concordo.
- Já vou indo. Saio e enquanto desço o escadão e vou cortando pelos becos até chegar na entrada do escadão onde deixei a minha moto vou pensando que a educação positiva do Zeus realmente está fazendo efeito, a pobreza vai muito além de morar na favela de não ter um kit do momento ou até mesmo um celular a pobreza extrema vai ao ponto de dormir e acordar com fome olhar para os lados e dormir de novo para esquecer a dor que a falta de um prato de comida trás.
Quando pessoas que tem tudo falam que quem cai no mundo do crime assim como eu ou no mundo da prostituição assim como muitas mães fazem para sustentar seus filhos são vagabundos e vagabundas que escolheram o caminho mais fácil é porque não sabe o que é passar fome, não ter onde morar se ver em um beco sem saída onde a sua última opção é fazer o que for necessário para sobreviver.
Subo na minha moto e toco para a boca se tem uma coisa que mexe comigo é esse bagulho de passar fome porque eu já passei por isso, são momentos da minha vida que eu prefiro guardar em uma parte esquecida do meu cérebro porque se não fosse o Zeus e o pai dele eu teria me perdido e ser um traficante é muito bom perto do que eu estava disposto a fazer para não sentir mais fome.
- Tá viajando irmão? Zeus fala da porta da minha sala quando olho para ele como o meu melhor amigo e meu irmão, ele sabe muito bem que estou em um daqueles momentos.
- Precisa conversar? Ele entra e fecha a porta.
- A sua sogra, encontrei com ela. Ele me olha esperando que eu fale o que realmente me deu gatilho quando estiver preparado, respiro fundo. - Ela estava com muito peso, me ofereci para ajudar e sabe o que tinha dentro das sacolas? Ele nega. - Sobras de comidas que ela trouxe do restaurante onde trabalha para alimentar uma família que o pai foi embora.
- Isso é legal da parte dela. Concordo com ele.
- Eu disse isso para ela, que acha que o que está fazendo é pouco.
- Matar a fome de alguém nunca é pouco.
- Foi o que eu disse. Ele concorda.
- Ela não é uma pessoa ruim, o problema dela é que quando ama no mundo dela só existe aquela pessoa e pronto e isso machucou muito mesmo a minha mulher.
- Eu concordo com você e com o que está fazendo isso está trazendo a essência dela de volta, é necessário que ela passe por isso para que quando arrume alguém novamente pense no que é mais importante na vida dela, mas a atitude dela ganhou o meu respeito, isso eu não posso negar.
- Ganhou o meu também. Ficamos conversando até que eu me sinto melhor e todos os meus fantasmas do passado voltam para o lugar esquecido de onde não deveriam ter saído e então volto a trabalhar já que a vida não é fácil para ninguém nem mesmo para bandido.
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Proibido - Amante
RomanceExistem vários tipos de dores no mundo, a dor de perder um ente querido a de colocar um filho no mundo, a dor de uma doença entre tantas outras que poderia passar dias listando elas, mas Regiane experimentou a dor de ver o homem que ama se casando e...