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O tempo havia se passado desde a última vez que Mia e Júlia se viram, o liga das nações havia passado e uma frustração havia tomado conta da ruiva. Mia imaginava que isso ocorreria, Júlia provavelmente não havia lidado bem com o fato de não levarem ao menos uma medalha para casa, mas não havia muito o que fazer.

Depois daquele dia, elas continuaram conversando, mas não era a mesma coisa, ambas com dias corridos, Júlia na Tailândia, era quase uma frase de conversa por dia, isso fez com que a frequência simplesmente parasse, nada de briga, desentendimento ou algo assim, apenas acabou.

Mesmo que elas tivessem se afastado, Mia ainda pensava na ruiva, que por sua vez, sentia falta da morena.

Mia havia sido chamada para a sala de seu chefe, algo estranho, normalmente reuniões ocorriam, mas nada tão imediato assim. A garota foi até o local e fechou a porta atrás de si.

- Mia, você precisa me ajudar. - A garota ouviu o homem falando. - Felipe quebrou o braço, ele não vai poder ir pra Paris cobrir o vôlei, tem que ser você, todos os outros estão convocados já, ou não entendem direito de vôlei, ou estão de férias. - O homem disse rapidamente, era visível a ansiedade que corria em suas veias.

- Paris? - Mia disse assustada e viu ele concordar. A garota se sentou e quis uma explicação completa, como funcionaria, quantos dias, quanto iria ganhar a mais. Mas, era óbvio, a resposta dela era sim.

(...)

Mia desembarcou no país europeu junta da grande equipe que lhe acompanhava, a garota podia sentir um clima amistoso no ar, mas ao mesmo tempo tenso, a felicidade de estar em uma olimpíada era vista no olhar de todos que passavam por ela, mas entre os atletas existia a ambição de sair com uma medalha em seu peito, a ânsia por vencer.

A garota entrou no seu pequeno quarto de hotel, que tinha apenas o necessário, mas que não deixava de ser um lugar confortável para estar. Ao arrumar suas coisas e tomar um banho ela se deitou, aquelas horas dentro do avião haviam acabado com a mulher, ela deixou o celular ao seu lado e fechou os olhos na esperança de dormir, mas após alguns minutos de uma leve soneca, ela é acordada com o toque do celular.

- Porra. - Ela resmungou e atendeu, nem ao menos vendo quem lhe ligava, em sua cabeça era óbvio que era Nina, a câmera que lhe acompanharia, para resolver algo que elas haviam esquecido. - Alô? - A garota disse sonolenta.

- Eu te acordei? - Mia despertou no mesmo instante, a voz de Bergmann ecoou pelo seu ouvido, ela sentiu como se uma descarga elétrica tivesse sido despejada em si.

- Sim, tá tudo bem? - Mia disse ainda confusa pelo motivo da ligação.

- Eu fiquei sabendo que você tá em Paris, é verdade? - A ruiva sorria esperançosa do outro lado do telefone, junto dela Ana acompanhava a ligação, ouvindo apenas o lado da amiga, mas com muita ansiedade para saber se finalmente a jogadora iria encontrar sua jornalista de novo.

- Sim, vou cobrir o vôlei. - Mia disse coçando os olhos e o silêncio de choque do lado ruivo da ligação fez com que ela sorrisse. - Feminino.

- Você vai cobrir a gente?

- Eu acho que sim, você são do vôlei feminino? - Mia disse fazendo com que a jogadora resmungasse um palavrão.

- Somos, Mia. - Júlia disse e tinha um pouco de vergonha. - A gente podia se ver, né?

- Podia, mas definitivamente em locais reservados.

- Você já tá usando a cabeça pra isso?

- Não, ruivinha, eu só não quero que tenha todo aquele alvoroço de novo.

- Tudo bem, Mia, amanhã eu não tenho treino, Zé liberou a gente.

- Então, meio que você não tem hora pra acordar? - Bergmann negou. - Zé se incomodaria se uma tal jogadora meio alemã, toda linda, viesse para um hotel próximo pra ter uma entrevista secreta?

- Eu não sei, digamos que você tá querendo uma ação muito bondosa do nosso idoso. - A ruiva disse rindo um pouco. - Temos horário para voltar pra vila, e - Uma pausa foi dada na fala da garota que viu o horário. - Ele já foi.

- Um absurdo isso, sabia?

- Também acho, mas infelizmente não posso fazer muita coisa, se não minha vaga vai parar de existir.

- Não, não vai, você vai ficar bem quietinha aí. - Mia disse. - Você tem uma medalha pra ganhar, Bergmann.

- Sim senhora, estamos nessa batalha.

- Já que você me ligou, eu queria te dizer uma coisa. - Mia disse fazendo a jogadora prestar mais atenção ainda. - Depois da VNL, eu não mandei mensagem pra você, mas não foi por mal, achei que você não quisesse mais falar comigo, então não quis deixar o momento pior ainda.

- Tá tudo bem, foi doloroso, mas temos que focar no futuro, né?

- Sim, mas mesmo assim, saiba que eu tô aqui, mesmo se não estivermos nos falando.

- E saiba que eu nunca não vou querer conversar com você. - Júlia disse fazendo Mia sorrir, aquela cena clichê de sorrir e o cobri-lo ocorreu, como se ela não pudesse deixar Júlia o ver, mesmo que isso não fosse acontecer de qualquer maneira.

- Ok, anotei essa informação.

- Então, amanhã você tá livre?

- Pra uma jogadora olímpica? Bem, acho que sim.

- Se eu não fosse não estaria?

- Claro que não, né? - Mia disse irônica.

- Folgada. - Júlia disse e ouviu a garota rir. - Então, amanhã nós vamos nos ver ou vamos apenas conversar por telefone?

- Você quer conhecer meu singelo quarto de hotel?

- Nem me levou pra jantar antes, Mia. - Ana olhava curiosa para a amiga.

- Você me chamou diversas vezes pro seu quarto, ainda expulsou sua companheira.

- Ok, me calou.

- Então, amanhã te espero aqui.

Chamego - Julia BergmannOnde histórias criam vida. Descubra agora