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O Brasil havia ganhado as 12 primeiras partidas da VNL, os fãs se iludiam pensando sobre a possibilidade do título e as jogadoras tentavam não cair nessa percepção. O final do último jogo contou com Ana Cristina brilhando e fazendo um ser inesquecível. Mia esperava a garota para fazer uma entrevista rápida com a jogadora. Como sempre Ana tinha um sorriso iluminado no rosto, junto dela Aninha veio até Mia, que ganhou um abraço da pequena.

- Posso participar, tia Mia? - A mais nova disse para a jornalista que olhou para Ana.

- Sua irmã quem sabe. - Mia disse terminando de ajeitar Ana no enquadramento, Aninha ficou no colo da irmã e a entrevista foi iniciada, Gustavo fez a contagem regressiva e elas estavam ao vivo.

- Boa noite, estamos com a estrela do jogo de hoje, Ana Cristina e a maior torcedora dela, Aninha. - Mia disse e arrancou um sorriso da pequena. - Sua atuação hoje foi incrível, parabéns Ana! - Mia disse e fez com que a irmã mais velha também sorrisse. - Esse jogo serviu pro elenco ter mais confiança pro mata-mata?

- Definitivamente, apesar dos resultados bons nos últimos jogos, não podemos deixar de jogar no nível máximo que podemos, na competição não tem espaço pra isso. - Ana disse sorrindo.

- Claro, você tem recebido muito apoio nas redes sociais, tem conferido isso?

- Ah, não muito pra falar a verdade, durante as competições eu e Júlia temos um combinado de não olhar quase as redes, assim podemos ter um foco maior, mas eu agradeço a todo mundo que tem acompanhado.

- Você é uma das queridinhas do Brasil.

- Meu deus, obrigada. - A garota disse com vergonha, Aninha apenas observava a conversa. - Acho que sem o apoio não chegaríamos em nada, então nosso desempenho ali dentro é por vocês.

- Definitivamente estamos orgulhosos, né Aninha? - Mia disse e viu a mais nova concordar. - Você gostou da sua irmã jogando hoje, pequena? - Mia disse e os olhos da garota se iluminaram ao ter uma pergunta pra ela.

- Sim, tia Mia, a minha irmã jogou muito bem hoje, né? - Ana sorria observando a menor. - Acho que ela é a melhor de todas.

- Não é pra tanto, pequena. - Ana disse rindo envergonhada. - Estamos trabalhando pra chegar no nível que minha irmã me descreve.

- Você merece todos os elogios dela e muito mais, obrigada pelas palavras Ana e Aninha. - Mia disse e em seguida a dupla de Rosa e Roberta já estavam ao seu lado falando para a câmera. Depois delas Mia foi liberada, Gustavo partiu com os equipamentos, já sabendo que Mia esperaria para ver Júlia.

- Camila. - Uma voz atrás da garota a assustou enquanto ela mexia no celular, Thaís estava na sua frente, a mulher tinha as mãos no bolso, uma postura menos dura do que sempre e um olhar fixo na morena a sua frente.

- Mia, não me chama de Camila. - Mia disse séria e viu a mulher concordar. - O que foi?

- Você tá livre? Pensei que poderíamos conversar pra deixar menos tenso esse clima, querendo ou não estamos trabalhando juntas.

- Estamos na mesma emissora, nossos cargos são bem distantes. - Mia disse dura e viu a mulher engolir seco. - E não, não estou livre.

- E amanhã?

- Também não.

- E depois? - Mia encarou com o rosto fechado a mulher a sua frente e respirou fundo.

- Você quer resolver o que? A única coisa é você não vir achando que representa algo pra mim, não somos mais nada, Thaís, não temos mais nada pra conversar, acabou a anos e agora você quer conversar?

- Sim, Camila. - A loira disse firme e segurou o pulso da garota, que puxou-o na mesma hora.

- Não me encosta. - Mia praticamente rugiu. - A única coisa que você pode fazer é ficar na sua e me respeitar, assim a gente vive em paz e cada uma no seu caminho.

- E você vai me dizer que é isso que quer? - Mia sentiu a mão da garota em sua cintura e tentou a empurrar, falhando.

- Sai de perto de mim, louca. - Mia disse sentindo os dedos afundarem em sua pele, a mulher não se afastava. Mia fechava os olhos para tentar reunir suas forças e conseguir afastar a mulher de si, porém os dedos da garota saíram de sua pele.

- Você não escuta, não? - A voz que Mia mais ama alcançou seus ouvidos. - Deixa ela em paz. - Júlia tinha uma toalha em seu ombro, seu cabelo molhado e o agasalho da seleção.

- Não se mete onde não foi chamada, jogadora. - A loira disse de modo debochado.

- Com licença, antes de falar comigo ou com ela aprenda a ter educação, por favor. - Júlia disse e puxou Mia para seu lado. - Se eu souber que você fez algo com ela de novo, saiba que você tá fudida. - A ruiva disse e se virou abraçando os ombros da menor.

- Essa é quem você corre quando eu não te quero? - A voz da loira foi ouvida e Mia respirou fundo.

- Eu vou matar ela. - Voz de Júlia saiu baixa e Mia negou.

- O garota, quem você pensa que é? - A voz conhecida de Rosa apareceu no corredor, Mia chorava abraçada com Júlia, Gabi estava junto da camisa 7 e ambas se aproximaram da redatora. - Você tá querendo o que?

- Camila, mas a amiguinha de vocês acha que representa algo pra ela. - Gabi fechou o semblante.

- Quem é você? - A capita disse e ela mostrou seu anelar.

- Noiva dela.

- Vocês terminaram a cinco anos, deixa ela em paz, isso pode ser pior pra você. - Rosa disse tentando manter a acalma.

- Terminamos nada, isso é o que ela fala pra essa ruiva idiota. - Rosa se segurou para não ultrapassar o diálogo.

- Olha, como você chama mesmo? - Gabi disse mantendo a calma. - Thaís, ou você vai deixar minhas amigas em paz, ou se não eu vou ter que ligar pros meus advogados e mostrar suas atitudes nos últimos tempos com a Mia, perseguir e perturbar a liberdade de alguém é crime, sabia? - Gabi disse e viu a expressão da garota mudar de esnobe para preocupada. - Além do mais, você anda trabalhando como redatora de esportes, né? Engraçado, um meio que temos tanta influência, né Rosa?

- Pois é. - Rosa disse e a respiração da mais baixa entre elas foi ouvida.

- Se vocês querem defender essa puta, depois que ela fizer o inferno na vida de vocês, não digam que eu não tentei fazer o melhor pra vocês. - A garota disse e saiu a contra gosto, Mia recebia carinho de Júlia, que apenas fazia companhia para a mais velha.

- Mia. - A voz de Gabi se aproximou do casal. - Se ela fizer algo, qualquer coisa, você me fala, eu realmente tenho bons advogados pra isso.

- Obrigada gente, vocês não precisavam ter feito isso.

- Eu precisava era ter dado na cara dessa louca, você é da família, Mia. - Rosa disse fazendo carinho no braço da garota e ganhou um sorriso reconfortante de Bergmann.

- Vou te levar pro hotel, pode ser? - Júlia disse e recebeu a concordância da mais velha. - Obrigada, vocês são minhas irmãs mais velhas.

- De nada, Julinha, qualquer cosia fala, tá? - Gabi disse e a ruiva saiu com a companheira, Gabi pegou seu celular no mesmo segundo que ouviu a porta fechar. - Opa, Márcio, né? É a Gabi, isso do vôlei. Então, uma funcionária sua foi antiprofissional, sabe? Queria falar com o senhor sobre ela, você tem uns minutinhos? - Gabi disse enquanto pegava a mochila junto de Rosa para partirem para o descanso.

Chamego - Julia BergmannOnde histórias criam vida. Descubra agora