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Meses haviam se passado desde a conquista do ouro nas olimpíadas, Mia havia voltado ao Brasil, enquanto Júlia voltava para Turquia para o início da temporada. Era um mês e alguns dias sem se ver pessoalmente, mas todos os dias tendo mensagens e ligações para manter a relação entre elas, que por sinal havia apenas se tornado mais forte.

- Betinha, eu acho que tô nas nuvens. - Júlia disse fazendo a levantadora sorrir, a ruiva estava feliz em tê-la em seu time nessa temporada. Elas conversavam depois do treino e era algo leve.

- Você são muito gays. - Roberta disse e Júlia concordou sorrindo.

- Com orgulho.

- Você pensa em namoro? - Roberta disse e viu a companheira concordar.

- Sim, conversamos muito sobre isso, entende? - Júlia disse. - Antes de qualquer coisa, a gente quer ter certeza se a distância não vai ser algo que vai atrapalhar a gente, pode nos fazer mal.

- Tá atrapalhando?

- Não, bem, existe saudades, mas o amor é maior do que tudo. - Júlia disse colocando a alça de sua mochila em seu ombro. - Mas é complicado não ter precisão pra vê-la, é um processo meio ansioso.

- Nem imagino, Julinha. - Roberta disse reconfortando a garota. - Sempre que precisar eu tô aqui, qualquer coisa sequestramos essa jornalista. - Roberta disse fazendo Júlia rir.

- Por favor! - A ruiva disse e se despediu da mais velha, era outono, as folhas caiam, o vento gelado, era o clima perfeito para deitar com o seu amor e deixar o calor humano vos aquecer. Júlia terminou seu caminho rapidamente, recebendo uma encomenda de seu porteiro, algo que deixou a garota intrigada. Ela entrou no elevador e procurou o nome do remetente. Camila Borges. O sorriso sincero esboçado naquele elevador era repleto de amor. Bergmann caminhou até seu apartamento e deixou sua bolsa no sofá, indo até a cozinha para pegar uma tesoura, assim abrindo a caixa e encontrando um embrulho com um envelope, o abrindo de imediato.

Uma carta e dois chaveiros feitos à mão, ambos tinham conchas juntas por amarrações, Júlia pegou o papel e viu a letra de sua amada.

"Oi Juju, iria esperar te ver para entregar, mas não aguentei, tive que dar um jeitinho.
Visitei meus sobrinhos, isso você já sabe, mas aconteceu algo especial enquanto fazíamos pulseiras e chaveiros com as conchinhas encontradas na praia.
Meu sobrinho me contou que iria dar a concha para a garota que ele gosta e me perguntou se eu tinha alguma garota que eu gostava.
Eu tenho.
Disse pra ela que sim, eu gostava de uma garota, ele sorriu animado e me perguntou se poderia escolher uma combinação de conchas para fazer um chaveiro pra você, então fizemos esses dois juntos, especialmente pra você.
Ele me perguntou como você era, contei sobre seu grande coração, sua voz bonita, sua habilidade em me fazer rir e como você me faz bem, ele me olhava admirado, foi especial, ele disse que gostaria de te conhecer um dia, disse que um dia seria possível.
Espero que seja logo.
É algo simples, mas que significou algo grande pra mim, acho que você já entende como meu amor funciona, né? De pouquinho em pouquinho.
Sinta um beijinho, um abraço, um cheiro.

Com amor, sua gatinha."

Júlia sorria feito boba, seu coração estava derretido e queria amassar a criança citada, além de encher sua mulher de beijos. A garota voltou a atenção para o embrulho, o abrindo e encontrando mais um papel, além de uma ovelhinha de pelúcia. Bergmann respirou fundo e sentiu o cheiro de Mia, seus olhos brilharam, a garota lentamente afundou seu rosto na pelúcia macia e encontrou exatamente o cheiro que tanto gostava. Meu sorriso não parava de aumentar.

"Ei, mais um recadinho.
Eu achei essa ovelha a sua cara!!!!
Aí está nosso primeiro filho, se você aceitar criar ele, claro...
Espero que goste de ter um pouquinho de mim com você.
Beijo, beijinho, beijão."

Chamego - Julia BergmannOnde histórias criam vida. Descubra agora