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Certamente Mia havia gastado todos os seus pedidos para o seu chefe dar lhe quatro dias de folga. Tudo isso para poder ir para Turquia encontrar Bergmann. Dia 20 de fevereiro a morena havia embarcado para o país onde sua ficante se encontrava, mesmo que ela não soubesse, Mia decidiu ser uma surpresa pra ruiva, Ana Cristina e Roberta a ajudariam nesse plano.

Quando chegou no país, viu Roberta a esperando, a mulher a recebeu com um abraço caloroso e um sorriso no rosto. Ana já estava no apartamento de Bergmann, fingindo irritação com a demora de Roberta. O caminho do aeroporto até a casa de Júlia não era muito longo, mas durante todo o percurso Roberta conversava com Mia, algo que aquecia o coração da mesma, já que mesmo não sendo próxima da jogadora, ela fazia questão de não deixar a situação desconfortável.

A levantadora apertou a campainha e ouviu um grito de comemoração, Mia e ela sorriram se entreolhando. Ao abrir a porta, Júlia não viu sua garota ali.

- Roberta, veio do Brasil, foi? - A ruiva disse.

- Eu não, mas ela sim. - Roberta disse deixando um abraço na mais alta que olhou para o lado, vendo Mia com uma pequena mala junto dela, Júlia sorriu e a abraçou rapidamente.

- Oi. - Mia disse e deixou um selinho nos lábios da ruiva. - Como você está, Amor? - Mia disse e sentia Júlia a observando, como se quisesse ver se ela era mesmo real.

- Feliz, muito feliz. Você veio sem me avisar? Como assim? - Júlia disse e puxou a garota para entrar.

- Deu tudo certo por causa delas, agradeça.

- Vocês são anjos na minha vida, obrigada. - Júlia disse abraçando as duas mulheres que riram. Em seguida todas sentaram na sala, Mia e Júlia lado a lado, com as mãos entrelaçadas. A conversa fluía naturalmente, era leve e confortável.

- Você vai estar na VNL? - Ana perguntou pra Mia que concordou.

- E no Mundial, aparentemente gostaram de mim nas olimpíadas com o vôlei. - Mia disse e as jogadoras a ouviam atentamente.

- Você fala com paixão. - Ana disse.

- Não necessariamente pelo vôlei. - Roberta disse arrancando uma risada de Mia.

- É, eu tenho que confessar que minha maior paixão não é o vôlei. - Mia disse e olhou para Bergmann.

- O que é? - Júlia perguntou.

- Futebol, Amor. - Mia disse fazendo graça e fez as companheiras de Júlia rirem da careta da garota. A noite passou rapidamente, Ana e Roberta decidiram ir embora cedo, já que na manhã seguinte o treino continuaria ali. Mia e Júlia continuaram no sofá, ambas apenas sentindo o calor da outra.

- Eu não acredito que você está aqui. - Júlia confessou enquanto fazia carinho na bochecha de Mia, que admirava a mulher em sua frente.

- Não é sempre que se faz vinte e quatro, precisava estar com a minha mulher. - Mia disse e viu Júlia sorrir de canto.

- Sua mulher?

- Minha mulher. - Mia selou os lábios delas com delicadeza, apenas pra selar a frase que havia dito. O silêncio entre elas voltou, apenas olhares e carinhos ocorriam.

- Linda, o que você disse que queria me contar? - Júlia disse e viu Mia engolir seco.

- Vamos conversar outra hora, não vamos estragar as primeiras horas do seu aniversário.

- Outra hora? Você disse que queria dizer pessoalmente, não sabemos quando vamos nos ver de novo. - Mia suspirou e fechou os olhos. - Não tem problema, eu só quero que você converse comigo.

- Minha ex me mandou mensagem. - Mia disse afundada no pescoço de Bergmann que a ouvia atentamente. O coração da ruiva parou por alguns segundos. - Eu não respondi, mas aí, ela simplesmente apareceu no meu trabalho. - Mia disse e Júlia sentiu um arrepio em si, o sentimento de raiva começava a aparecer em seu peito.

- E o que aconteceu, Amor? - Júlia disse calmamente, tentando não transparecer o que havia em seu peito.

- Ela foi contratada pra redação. - Mia disse observando a expressão de Julia que franziu as sobrancelhas. - Eu tô com medo.

- Medo? - A ruiva disse confusa e viu a mulher concordar. - Do que?

- Dela. - Mia disse simples e focou no carinho que recebia em seus cabelos. - Ela dizer coisas ruins, tenho medo que ela me atinja de algum jeito, Ju. - Mia disse deixando poucas lágrimas fugirem de seus olhos.

- Você acha que ela conseguiria?

- Sim. - Mia disse sentindo o coração acelerado. - Isso não tem nada a ver sobre eu sentir algo por ela, eu só quero você. - Mia disse e fez Júlia sorrir. - Ela só sabe exatamente o que me atinge, se ela souber sobre nós, vai ser um inferno. Ela já foi atrás de duas moças que me envolvi depois do término, fez com que a relação que tínhamos virasse um inferno, eu tô te contando pra caso ela venha querer falar com você, ou qualquer coisa.

- Eu vou bater nela se ela aparecer perto de mim. - Mia riu e acariciou o rosto macio da jogadora.

- Não estraga sua carreira por tão pouco. - Mia disse e deixou um beijo na bochecha da garota. - Eu só queria te contar, sabe? Não quero que pense que exista algo bom dela na minha cabeça, a única coisa que sinto em relação a ela é medo.

- Eu sei, Linda, não duvido de nada que você já me disse. - Mia observava os olhos azuis focados em si. O barulho de notificação fez com que a conversa fosse quebrada, Mia pegou o celular e mostrou pra ruiva.

Quatro dias de folga? Você tá achando que é quem?

Era ela. Júlia franziu as sobrancelhas e pegou o celular, fazendo algo totalmente sem pensar, bloqueando a mulher.

- Eu juro, vou ir na casa dela pra dar uma coça nela.- Mia riu e distribuiu beijinhos no rosto da parceira.

- Se for pro Brasil vai na minha casa, te dou milhares de beijos, não é melhor? - Mia disse e viu a garota confirmar.

- Se ela fizer algo, me fala, ok? - Mia concordou. As duas foram para a cama de Júlia, ficando aproveitando a companhia uma da outra, Júlia logo adormeceu e Mia não conseguia dormir, o incômodo da proximidade daquela mulher em sua vida era notável, ainda mais após ver seu celular brilhar.

Era aquela garota mimada que não entendia que já tinham se passado cinco anos desde que elas terminaram.

Chamego - Julia BergmannOnde histórias criam vida. Descubra agora