Sexta-feira, 21 de Junho, 2024
Sabe aqueles dias em que você acorda no automático e mal sabe o que está fazendo? Bom, esse é um desses dias.
Hoje, eu iria até a prisão psiquiátrica ver o Marvin, depois de quase cinco anos sem o ver. Quem olhasse para mim diria que estou há semanas sem dormir, quando na verdade, apenas essa madrugada foi o suficiente para destruir o meu rosto. Eu não dormi, passei a noite chorando e olhando para os gêmeos, que infelizmente, pareciam sentir que havia algo errado.
Todo mundo sabia que eu ia ver o Marvin, e todos me apoiaram. No fundo, é óbvio que ninguém queria que eu fosse, principalmente o Matteo, mas sei que todos sabiam que eu precisava disso. Precisava dar um ponto final nessa história de uma vez por todas.
Por ironia do destino, isso terminaria em Berlim, onde tudo começou.
Como não dormi a noite, eu acordei antes de todo mundo. Vi o sol nascer em Berlim, iluminando o quarto aos poucos. A rotina dos bebês já estava mais organizada, então sabia que eles não iriam acordar por agora.
Deixei os dois no berço e peguei a babá eletrônica, levando-a para o banheiro comigo. Ontem, quando a Maya estava me passando as instruções, me disse que eu deveria ir de roupa preta, e bom, eu não tinha muitas roupas pretas comigo, já que era verão e eu odiava usar roupa preta nessa época do ano. Tive que revirar minhas malas algumas vezes até achar uma camiseta preta, que não era minha, e sim do Pedri. Decidi que eu iria com ela, junto com uma calça jeans também preta, assim como o tênis.
Parecia que eu estava indo para um velório? Sim, mas eram as regras.
Falando no Pedri, acho que eu nunca desejei tanto o abraço dele com nesses últimos dias. Ficamos em ligação ontem por quase duas horas, onde eu apenas chorava e tentava me justificar o porque eu precisava ver o Marvin. De repente, eu não sei de onde, mas um medo surgiu em mim pensando na hipótese do Pedri não gostar daquilo e eu insisti em me explicar. Eu chorava pedindo desculpas, enquanto ele estava desesperado pedindo para que eu me acalmasse e que estava tudo bem, que ele me entendia e que eu jamais precisaria me explicar para ele.
Pedri sempre foi a minha âncora, mesmo quando estava longe. Ele sabia como me manter firme, como me acalmar, como fazer com que o mundo parecesse menos aterrorizante. Desde que o Marvin voltou a aparecer na minha vida, mesmo que de forma indireta, o Pedri tem sido a voz tranquila no fundo da minha mente, a certeza de que eu não estou sozinha, de que, aconteça o que acontecer, eu tenho alguém para segurar minha mão. E ontem, enquanto eu chorava e tentava justificar por que precisava ver o Marvin, ele foi tudo isso e mais. O medo de que ele não entendesse, de que ele me julgasse, me fez entrar em pânico. E, como sempre, Pedri me acalmou, pedindo para que eu parasse de me desculpar. Ele me amava, e isso era o bastante para ele.
Agora, com poucas horas antes de ver Marvin novamente, o peso da ansiedade esmagava meu peito. Era como se cada respiração estivesse carregada com lembranças daquele 19 de novembro. A ideia de ver Marvin — ou Martin, ou qualquer uma das suas personalidades — fazia meu corpo estremecer. O trauma estava vivo, pulsante. Eu sabia que precisava encarar isso, mas o medo me consumia.
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vecinos || pedri gonzález
Romance"Livro 1 da série Barcelona" Mia não esperava que sua mudança e de seus primos de volta para Barcelona depois de quatro anos causaria tantas mudanças em sua vida. Ao ter dificuldades em achar uma casa em Barcelona, Mia acaba recorrendo a sua prima m...