Faith e Hope Mikaelson, irmãs gêmeas com uma herança poderosa, encontram-se arrancadas da turbulência sobrenatural de Nova Orleans e realocadas para a tranquila e enevoada cidade de Forks, Washington. Como primas de Isabella Swan e sobrinhas do xeri...
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POV.Faith Mikaelson
O ginásio estava tomado por um burburinho crescente, uma mistura de vozes entusiasmadas e o eco de bolas de vôlei quicando de um lado para o outro da quadra. O cheiro familiar do piso encerado e das redes tensas fazia parte da atmosfera que me deixava sempre em estado de alerta. Cada passo que eu dava era pensado, calculado. Estava em modo de competição. Ao redor, minhas colegas de equipe riam, conversavam, e aqueciam-se com energia, mas eu mantinha meu foco no jogo que se aproximava. Para mim, jogar significava muito mais do que uma simples partida escolar — era uma maneira de provar, a mim mesma e aos outros, que eu poderia controlar algo. Num mundo cheio de caos sobrenatural, o vôlei era uma das poucas coisas que me mantinham ancorada à normalidade.
Enquanto ajustava os cadarços dos meus tênis, pude ouvir Amber, gritar meu nome do outro lado da quadra:
— Vamos lá, Mikaelson, estamos te esperando! — Amber gritou do outro lado da quadra, um sorriso travesso nos lábios. O tom dela era brincalhão, como sempre. Amber tinha um jeito leve de encarar as coisas, sempre transmitindo uma energia positiva para o time, o que, às vezes, era bom, mas em outras, podia ser desconcertante. Eu ergui a cabeça e fiz um gesto indicando que já estava indo. Não era hora de brincar, pelo menos não para mim. Amber revirou os olhos e voltou a praticar saques com Kassia Torres, que parecia estar no mesmo clima descontraído.
Levantei-me do banco, sentindo os músculos das pernas esticarem enquanto ajustava meu uniforme azul e branco da escola. Respirei fundo. O ar frio do ginásio, misturado com a expectativa do jogo, começava a fazer efeito. O time adversário já estava aquecendo do outro lado da quadra, mas eu não os observei por muito tempo. Não me importava com quem eles eram ou com o que eram capazes. Meu foco estava em garantir que nós, como equipe, saíssemos vitoriosas.
Olhei para o resto da equipe. Jessica estava correndo de um lado para o outro, alongando os braços com a habitual precisão quase militar. Ela era a jogadora mais disciplinada que conhecia, sempre metodicamente focada em cada detalhe. Marlee Jenkins e Kassia estavam lado a lado, trocando saques rápidos enquanto riam de alguma piada interna. Eu sorri ligeiramente ao ver a facilidade com que elas lidavam com a pressão. Ao lado delas, Maddy Cooper ajeitava sua faixa de cabelo, sempre estilosa, até mesmo em momentos de pura competitividade.
— Hoje vai ser tranquilo, né? — Maddy Cooper comentou enquanto se aproximava, ajustando a faixa de cabelo. — Quero dizer, a outra equipe não é tão boa assim.
Eu sorri de lado. A confiança de Maddy era algo que sempre admirei, mas, ao mesmo tempo, ela às vezes subestimava o oponente, não que nós já tivessemos perdido algum jogo mas mesmo assim. E, mesmo que fosse só um jogo escolar, eu sabia que o time adversário estava determinado a ganhar, assim como nós.
— Melhor não subestimá-las. Nunca se sabe, — comentei, pegando a bola que Amber havia jogado em minha direção. Dei um leve saque para ela, que a pegou com facilidade, pronta para me desafiar com um sorriso.
— Sempre tão focada, Faith, relaxa! — Amber piscou, se preparando para rebater.
— Ela tem razão, Prescott, — Shirley Santos interveio, sua voz autoritária e segura. Ela era uma das nossas melhores jogadoras de defesa e, honestamente, eu estava feliz de tê-la no time. — Se não levarmos isso a sério, podemos acabar comendo poeira.
Amber revirou os olhos, mas acenou com a cabeça em concordância. A garota tinha um talento natural para o esporte, mas às vezes precisava de um empurrãozinho para manter o foco.
Logo, todas nós estávamos posicionadas para o aquecimento. Tara Milford, a levantadora oficial do time, deu o sinal, e começamos com algumas jogadas simples de aquecimento, mantendo a bola em movimento enquanto ajustávamos nossos corpos e mentes para o jogo que se aproximava.
— Ei, Faith, — Kassia chamou minha atenção enquanto passava a bola para mim. — Está tudo bem? Você parece mais concentrada do que o normal hoje.
Peguei a bola com facilidade, segurando-a por um momento antes de responder. A verdade é que, com tudo o que estava acontecendo — os desaparecimentos em Seattle, a confusão com os vampiros e lobisomens —, minha mente estava um caos. Mas hoje, eu queria desligar tudo isso, nem que fosse por algumas horas.
— Só estou focada no jogo, Kass. Tudo tranquilo.
Ela arqueou as sobrancelhas, mas não insistiu. A equipe já sabia que, quando eu estava concentrada assim, era melhor não me distrair com perguntas.
— Muito bem, garotas, — Marlee gritou, chamando nossa atenção enquanto corria em direção ao centro da quadra. — Hora de mostrar quem manda aqui.
O técnico entrou no ginásio pouco depois, assoviando para nos chamar para uma rápida reunião. Nós nos juntamos ao redor dele, formando um círculo enquanto ele nos passava as últimas instruções para o jogo. Seu olhar varreu o grupo com uma mistura de confiança e expectativa.
— Vocês estão preparadas. Só mantenham a cabeça no jogo e joguem como sabem. Lembrem-se de cobrir umas às outras e aproveitem cada oportunidade de ataque. O time adversário pode não parecer ameaçador, mas eles têm jogadoras rápidas. — Ele olhou diretamente para Amber, que apenas deu de ombros com um sorriso convencido.
— Vamos lá, meninas, —disse ele, batendo as mãos uma na outra. — Mostrem a elas por que somos as melhores.
— Sim, senhor! — respondemos em uníssono, sentindo a adrenalina começar a subir.
Voltamos para a quadra, mais focadas do que nunca. O aquecimento estava quase completo, e o outro time já começava a se posicionar do outro lado. Eu peguei a bola novamente, sentindo o peso dela nas minhas mãos enquanto a girava pelos dedos. Essa era a parte que eu mais gostava — o silêncio antes da tempestade. O momento em que tudo ainda estava calmo, mas você sabia que, em poucos minutos, o caos controlado de um jogo de vôlei tomaria conta.
— Isso mesmo. Deixa comigo. — Confirmei, pegando a bola e caminhando até a linha de saque.
O apito soou, sinalizando que estávamos prontas para começar o jogo. Respirei fundo, concentrando-me na quadra à minha frente. Podia sentir o olhar das minhas companheiras de equipe, cheias de expectativa e confiança. Esse era o momento em que tudo o que havíamos treinado seria colocado à prova.
Com um último olhar para o time adversário, joguei a bola no ar e fiz o primeiro saque do jogo.
