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POV

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POV. Faith Mikaelson

As pinceladas eram lentas, quase delicadas, enquanto eu me concentrava nos detalhes. A sala de pintura estava em completo silêncio, exceto pelo som suave das cerdas contra a tela. A luz natural entrava pela janela, iluminando o quadro à minha frente, onde uma imagem vívida começava a se formar: Jasper, com sua expressão calma, mas intensamente focada, segurando a minha adaga.

Meus olhos seguiam cada curva e contorno do rosto dele, tentando capturar aquela mistura de suavidade e perigo que sempre o cercava. A adaga em suas mãos estava apontada para o meio do meu peito, bem onde o decote em V da minha roupa deixava a pele exposta. A ponta tocava suavemente minha pele na cena, trazendo à tona um momento carregado de tensão e intimidade.

Enquanto recriava esse momento em detalhes, uma sensação estranha me percorreu. Não era apenas a tensão entre nós que eu estava capturando; era a profundidade de tudo o que eu não havia dito, tudo o que eu havia sentido e guardado. O modo como ele segurava a adaga, não com violência, mas com uma curiosidade calculada, refletia bem mais do que uma simples brincadeira entre nós.

A mão dele estava firme, mas seus olhos — os olhos de Jasper Hale — refletiam algo que eu conhecia bem: o controle que ele se impunha, uma batalha interna entre a razão e o desejo.

Coloquei mais tinta no pincel, escurecendo as sombras ao redor da adaga, dando mais profundidade à imagem. Ele parecia tão real na tela que, por um breve momento, quase senti sua presença ali comigo. A lembrança daquele momento voltou com força. A adaga pressionada contra a minha pele, a respiração dele ligeiramente acelerada, a conexão inegável entre nós...

Fechei os olhos por um segundo, sentindo o calor que a memória me trouxe. O que aconteceu naquela noite não era só uma brincadeira com armas. Era um desafio. Um teste de limites. E, acima de tudo, uma faísca de algo muito mais perigoso: a atração crescente que se intensificava a cada vez que nos confrontávamos, física ou emocionalmente.

Voltei a abrir os olhos e passei um pouco de tinta vermelha na tela, bem onde a ponta da adaga tocava a pele. Era uma decisão artística, um toque de drama, como se ele estivesse prestes a me ferir. Mas o que era mais intrigante — e o que eu sabia profundamente — era que ele nunca me machucaria. Pelo menos, não fisicamente.

A porta da sala rangeu, mas eu não me virei. Sabia quem era antes mesmo de ouvir sua voz.

— Você realmente gosta de capturar os momentos mais... tensos, não é? — a voz suave e ligeiramente irônica de Hope ecoou pela sala. Ela estava sempre me provocando, especialmente quando se tratava de Jasper.

— São os mais interessantes, — respondi sem desviar os olhos da pintura.

Hope se aproximou, parando ao meu lado. Ela observou o quadro por alguns segundos antes de soltar um suspiro.

— Vocês dois... vão acabar se matando ou se beijando. Não há meio-termo.

Soltei uma risada curta. — Talvez ambos. Quem sabe?

— Ou talvez ele esteja apenas esperando o momento certo para... cravar a adaga de vez, — ela brincou, piscando para mim, antes de se afastar e me deixar sozinha novamente.

Continuei pintando, um sorriso de canto nos lábios. Hope estava certa sobre uma coisa: eu e Jasper estávamos sempre no limite entre o confronto e a rendição. E enquanto eu continuasse a capturar esses momentos em tela, sabia que estava, de alguma forma, tentando entender tudo isso. Entender ele. E talvez, no fundo, entender a mim mesma também.

A porta da sala ainda estava entreaberta depois que Hope saiu, mas, para a minha surpresa, ela não foi muito longe. Apenas alguns segundos depois, a vi voltando, com um sorriso travesso no rosto. Eu conhecia bem aquele olhar. Ela estava tramando algo.

— Já que está tão pensativa hoje, que tal uma noite de garotas para tirar um pouco dessa tensão? — Hope sugeriu, jogando-se no pequeno sofá ao lado da janela.

Levantei uma sobrancelha, olhando para ela por cima do quadro. — Noite de garotas? Isso parece muito com uma desculpa para você querer beber e se divertir.

— Exatamente! — Hope riu, sem nem tentar disfarçar. — A gente se junta com as meninas, sai para um bar e esquece um pouco dessa loucura toda. Vamos, você precisa disso, e eu também.

Inclinei a cabeça, pensando na ideia por um momento. Hope estava certa, era verdade. As últimas semanas tinham sido intensas, e uma noite de diversão com as garotas poderia ser exatamente o que eu precisava para limpar a cabeça, sem pensar em adagas, discussões ou em Jasper Hale. Eu sorri, deixando o pincel de lado e cruzando os braços, fingindo ponderar seriamente.

— Tá bom, estou dentro, — finalmente concordei, dando de ombros. — Mas vamos fazer isso direito. Juntamos todas as amigas que realmente sabem se divertir e bebem, nada de gente séria.

Hope sorriu animada, já vendo onde eu queria chegar. — Sim! Exatamente isso. Pensei em Bella, Leah e Amber... Talvez até a Jessica e a Angela.

Ri baixinho e balancei a cabeça. — Você sabe que a Jessica e a Angela são as únicas humanas, né? Elas não fazem a menor ideia do que está realmente acontecendo ao redor delas. Acham que somos só "garotas diferentes".

— E daí? — Hope deu de ombros. — Elas precisam de uma distração tanto quanto nós. E não vamos fazer nada que revele o mundo sobrenatural. Só umas boas risadas e umas bebidas. Ninguém precisa ser vampira, loba ou tribrida para se divertir.

Ela estava certa. E, de certa forma, eu também gostava de incluir as humanas nas nossas pequenas aventuras. Elas traziam uma leveza que, às vezes, faltava no meio de toda a tensão do nosso mundo sobrenatural. Além disso, eu tinha aprendido a gostar de Jessica e Angela, mesmo que fossem um pouco inocentes.

— Ok, — concordei, me afastando da tela e limpando as mãos. — Vamos fazer isso. Chamo a Bella e você fala com a Leah e a Amber.

Hope deu um pequeno salto do sofá, empolgada. — Perfeito! Vai ser ótimo ver a Bella finalmente relaxar um pouco. Ela anda tão tensa ultimamente por causa do Edward.

— Sim, acho que ela precisa de um empurrãozinho para lembrar que a vida ainda pode ser divertida. — sorri, sabendo que Bella certamente se sentiria um pouco deslocada no começo, mas no final acabaria rindo tanto quanto nós.

— Então está marcado. Vamos hoje à noite! — Hope anunciou, já pegando o celular para começar a organizar tudo.

Olhando para minha pintura de Jasper pela última vez, senti um misto de alívio e excitação. Talvez fosse mesmo hora de sair, respirar e me divertir com minhas amigas. Eu precisava disso.

Supernatural DestinyOnde histórias criam vida. Descubra agora