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- Helena Magalhães

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- Helena Magalhães

Todos os domingos, meu pai costuma levar a gente no clube. É lá onde ele pratica jiu-jitsu, onde eu jogo vôlei e onde minha mãe fica quieta, no SPA. Geralmente é o meu dia da semana preferido. Nada de estresses e preocupações. Eu passo o dia inteiro sem pensar em nada além do vôlei. É maravilhoso.

Eu sempre gostei bastante de esportes, embora meu corpo não seja tão receptivo a exercícios físicos. Pratiquei jiu-jitsu aos dez anos, por dois meses, mas desisti. Odiava esportes que me cobrassem um bom condicionamento físico e que eu acabasse tendo confronto com outros corpos. Agora, pratico vôlei, mas não sou boa nisso. Se tem uma coisa que eu aprendi é que eu não preciso ser a melhor para fazer algo que eu gosto. Tenho dificuldade em aceitar isso às vezes, mas com o vôlei é diferente. Eu fico o tempo inteiro com a cabeça vazia, apenas jogando.

As academias ficam ao fundo, dando de frente para o enorme jardim.
Caminhei pelo gramado, indo em direção a academia de jiu-jitsu, para encontrar papai. Eu sempre soube que meu pai era bom no jiu-jitsu, um dos melhores desse clube, mas toda minha convicção se esvai quando o vejo encurralado, com a cabeça presa entre as pernas de um homem.

Me aproximo ainda mais, empurrando a enorme porta de correr, e adentrando o salão.

Meu pai ergue o olhar, me encontrando, e tenta erguer a perna para agarrar o oponente, mas o adversário não deixa brechas para que meu pai fuja e aperta ainda mais. Até que meu pai finalmente da as três batidas no tatame.

Minha garganta começa a ficar seca e meu pulmão começa a necessitar de ainda mais ar enquanto eu tento lidar com a presença do conhecido oponente de meu pai.

- Capitão... - Pigarreio. - Nunca te vi por aqui.

- Seu pai me convidou. - Eles não estão usando o kimono, mas sei que o que estavam lutando era obviamente jiu-jitsu.

- Não sabia que lutava jiu-jitsu também.

- Foi por minha causa que seu pai começou a praticar.

- Nunca vi meu pai perder. - Comento, observando meu pai.

- O aluno nunca supera o mestre. - Arrogante.

- Eu sairia fácil daquela armadilha. - Não sairia não.

- Ah é? - Ele passa a toalha pelo pescoço e peito, enquanto me encara com um sorriso travesso. - Eu tenho minhas dúvidas.

- Quer apostar? - Me aproximo, arqueando as sobrancelhas. Eu nunca fico perto demais de algum homem, principalmente quando meu pai está por perto, mas parece que ele não se importa com a minha proximidade com Roberto

- Apostar o quê?

- Se eu vencer, você me deixa te acompanhar no curso. - Meu pai não sabia do curso, mas eu nem me toquei disso. Estive ocupada demais pensando em como desafia-lo.

𝐵𝐸𝑇𝑊𝐸𝐸𝑁 𝑈𝑆| 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑜 𝑁𝑎𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜Onde histórias criam vida. Descubra agora