— Helena Magalhães
Se disse que me queria, por que fazia isso comigo? Por que fazia questão de me machucar e de me deixar mal? Não é como se eu fizesse questão de seu amor ou algo do tipo, mas me magoava todas as vezes que ele reagia mal a algo e me fazia mal todas as vezes que ele agia friamente comigo. Por que me dói tanto o que ele faz? Por que eu ainda fico? Ele é, com certeza, meu erro selvagem.
Assim que Nascimento nos deixou na água, sob as provocações de Josué, senti minhas pernas formigarem. Eu não estava tão acostumada com o frio. Sou, como popularmente dito, frienta. Talvez a temperatura do meu corpo tenha caído demais e a junção de estar sem comer me fez tudo isso. Só sei que não vi mais nada e, quando comecei a morar o mundo a minha volta novamente, eu estava nos braços dele. Maldito. Eu não o quero perto de mim. Ele não gosta de mim porra nenhuma. Ele é maluco que precisa de uma válvula de escape dessa vida doentia e louca de policial e está me usando pra isso. Ele está focando a obsessão dele em mim pra poder sentir vontade de viver e não só viver no automático porque é assim que todos eles vivem... É isso! Maldito, mas bendito Nascimento.
Embora meu corpo esteja embalado em inúmeros cobertores, ainda sinto frio. Não consigo raciocinar muito bem além de que estou sentindo frio e que se Nascimento chegar perto de mim eu vou morder ele. Pra quê me trouxe para cá? Sádico. Eu digo que é sádico. Ele adora ver as pessoas sofrendo e a vítima da vez fui eu. Maluco.
— Ei... — Um arrepio percorreu todo meu corpo ao sentir um toque caloroso na minha pele gelada. A palma enorme repousa sobre minha testa, acariciando o início da minha sobrancelha com o polegar. Reconheceria esse carinho em qualquer lugar. Ok, talvez minha raiva esteja passando, mas eu ainda estou estressada com ele. Eu quero matar ele. — O que está sentindo?
— Você se importa? — É óbvio que não. É óbvio que ele não se importa em como estou ou não teria feito toda essa palhaçada comigo.
— Claro que me importo, porra. — Sua mão desliza da minha testa, passando pela lateral de meu corpo, e parando no meu pescoço. Sei que ele pode sentir os arrepios da minha pele e não são apenas pelos tremores de frio, mas também são graças ao contato de nossa pele. Todas as vezes que estou próxima a ele, me sinto assim. Me sinto extasiada. — O que está sentindo?
— Eu não sinto meus pés e meu corpo inteiro se arrepia... Talvez seja pior do que eu pensei mas não importa. — A médica disse que ficarei bem muito em breve, mas quero que esse babaca se sinta culpado. A médica também disse que preciso de alimentos que gerem bastante energia e de repouso. Ela disse que meu corpo já não sabia se usava a reserva de energia para me esquentar ou me manter de pé. Acabou que entrei em colapso. Graças a esse maníaco.
— A médica disse que é um quadro de hipotermia. Me desculpa. Você não estava aqui por querer. Eu te forcei a vir.
— E foi um babaca completo. — Reviro os olhos, fechando-os logo em seguida.
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𝐵𝐸𝑇𝑊𝐸𝐸𝑁 𝑈𝑆| 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑜 𝑁𝑎𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
FanfictionAté onde você iria para alcançar seus objetivos? Até onde você iria por uma missão? . A resposta varia de pessoa para pessoa, mas, para o Capitão Roberto Nascimento e a escritora Helena Magalhães, o céu é o limite. Ao se ver estagnada no começo de...