13.

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— Helena Magalhães

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— Helena Magalhães

Passo os dedos pelos meus fios loiros e emaranhados, observando minha amiga servir chá. Com as pernas apoiadas no recosto do sofá, deixo meus cabelos caírem pelo assento. Deixei tudo em casa. Não trouxe roupa, não trouxe notebook... Não trouxe nada além de uma roupa encharcada pela água salgada do mar e uma bagagem de sentimentos inúteis e confusos.

— Eu vou me matar. — Pressiono a almofada do sofá no rosto.

— Não é o fim do mundo, amiga. — Júlia puxa a almofada de minha mão, me entregando a xícara de chá.

— Eu traí meu namorado com o amigo do meu pai. Talvez não seja o fim do mundo mas com certeza é o fim da minha vida.

— Ele beija bem?

— Júlia! — Me sento no sofá e coloco a almofada no colo.

— O quê? Eu só quero saber.

— Não quer não. — Jogo a almofada nela.

Sim. Beija muito bem. Ele me tocava com aquelas mãos enormes e me transpassava tanto calor... Ele foi o único que fez a minha barriga revirar. Ele foi o único que me fez querer esquecer tudo e dar pra ele ali mesmo. Ele foi o único, de todos os caras que eu já beijei, e não, não foi só Octávio.

— Eu... — Beberico meu chá com relutância. Não gosto tanto do gosto levemente amargo do chá de camomila sem açúcar. — Três colheres... — Franzo o nariz, fazendo uma careta de nojo.

— Meu Deus! Seu corpo precisa lutar muito pra produzir insulina. — Desde criança eu tenho uma mania de tomar qualquer líquido com três colheres de açúcar. Café, chás, sucos... Sempre três colheres. Fazer o quê se eu sou uma formiga?

Júlia leva minha xícara para a cozinha novamente, e eu fico a encarando de longe.

— Eu acho que vou contar a Octávio. — Jogo a almofada ao meu lado, no sofá, e me levanto, caminhando em direção a Júlia.

— Vai contar o quê? Alguém tá te perguntando algum coisa?

— Júlia... — Respiro fundo, tentando repreende-la.

— “Júlia” nada. — Ela se vira.  — Toma. Bebe esse chá e vai dormir. — Me entregando a minha xícara, ela caminha até o sofá, me deixando parada próxima a mesa da cozinha.

Ela estar me tratando assim, como se o que eu fiz não fosse horrível, me deixa apreensiva. Eu traí meu namorado. Eu beijei Roberto como nunca beijei Octávio. É óbvio que já tivemos beijos quentes, mas nunca me causaram exatamente o que eu senti hoje e isso me apavora. E me apavora ainda mais o fato de Júlia estar me defendendo como se... Como se ela se identificasse com meu sentimento.

— Você já traiu o meu irmão? — Verbalizo minhas desconfianças.

— Eu vou fingir que não ouvi isso para a nossa amizade continuar. — Júlia é maluca, mas não faria isso com Benjamim. Ela não seria capaz...

𝐵𝐸𝑇𝑊𝐸𝐸𝑁 𝑈𝑆| 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑜 𝑁𝑎𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜Onde histórias criam vida. Descubra agora