Eu não sou nada
Nem ninguém
Não sou passado
Nem futuro
Não sou nada alem de um poeta confuso— Helena Magalhães
Rio de Janeiro; 2024
Meus olhos se abrem, mesmo que contra minha vontade, reagindo à claridade que adentra meu quarto. Chateada, me viro para o lado, cobrindo a cabeça com meu cobertor rosa.— Mãe! — Resmungo, sentindo o corretor ser arrastado da cama.
— Octávio está aí, Helena. Venha vê-lo. — Agora eu não quero mesmo levantar daqui. Não quero vê-lo.
— Diga que quero que morra. — Pego o cobertor de suas mãos e jogo em meu corpo novamente.
— Helena, para com isso. Sabe que seu pai adora ele e se ouve te falando assim, vai ficar muito chateado. — Dona Marília se senta ao meu lado, puxando, pela segunda vez, o cobertor.
— Então manda meu pai namorar ele. — Sabendo que minha batalha de dormir mais um pouco está finalizada, onde eu fui derrotada, sento-me na cama, recostando as costas na cabeceira.
— Você já não é uma adolescente, Helena. Resolva suas coisas como adulta. — Eu ainda tenho muita dificuldade em não agir como uma adolescente imprudente.
Eu sei que há maturidade que a gente adquire com o tempo, e que eu tenho tempo o suficiente para adquiri-la, mas ainda tenho dificuldade nisso. Ainda tenho dificuldade em saber que não sou o centro do mundo, tenho dificuldade em aceitar que podem haver pessoas melhores que eu e, o pior de tudo, sei que sou totalmente imatura e uma pessoa ruim por querer as pessoas bem, mas não melhor que eu. Não falo isso com um tom glorioso, me engrandecendo por ser egoísta. Sinto vergonha disso. Sinto vergonha de ser assim, mas é assim que sou e eu quero mesmo mudar, mas não sei como.
Eu costumo dizer que ninguém é cem porcento bom ou ruim. Pessoas são complexas. Elas terão seus momentos de bondade, de amor, de felicidade, mas terão também seus momentos agressivos, mesquinhos, egoístas. O ser humano tem lados obscuros que as pessoas não gostam de explora-los, afinal, quem gostaria de saber sobre uma pessoa que se auto compara com alguém e por isso tem raiva daquela pessoa em específico? Ninguém.
Dando-me por vencida, dou apenas um sorriso forçado para minha mãe, e sigo para o banheiro. Não é possível que Octavio não possa me esperar tomar banho.Ligo o chuveiro no mais quente possível, mesmo estando vinte e seis graus lá fora, e deixo que a água leve embora todo meu cansaço pela noite mal dormida. Passei a noite, praticamente, em claro. Fui dormir às cinco, tentando fazer algo para entregar à editora, mas não consegui nada. Não sei o que está acontecendo comigo. Eu já tive bloqueios antes, principalmente depois de terminar um livro porque fico tão presa à história que não consigo me conectar à próxima, mas dessa vez é diferente. Faz bastante tempo que terminei esse meu último livro, tempo o suficiente para a editora me ligar, cobrando, implicitamente, algo novo.
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𝐵𝐸𝑇𝑊𝐸𝐸𝑁 𝑈𝑆| 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑜 𝑁𝑎𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
FanfictionAté onde você iria para alcançar seus objetivos? Até onde você iria por uma missão? . A resposta varia de pessoa para pessoa, mas, para o Capitão Roberto Nascimento e a escritora Helena Magalhães, o céu é o limite. Ao se ver estagnada no começo de...