Até onde você iria para alcançar seus objetivos?
Até onde você iria por uma missão?
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A resposta varia de pessoa para pessoa, mas, para o Capitão Roberto Nascimento e a escritora Helena Magalhães, o céu é o limite.
Ao se ver estagnada no começo de...
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— Helena Magalhães
Eu não poderia estar passando por um momento pior. Octávio precisa voltar logo de viagem para eu relembrar que eu o amo. Eu preciso que essas ideias malucas e sentimentos estranhos e doentios saíam de mim. Meus pais resolveram convidar Roberto para jantar em nossa casa. Como se não bastasse passar o dia sendo atormentada por esses olhos que me perseguem aonde eu vou, agora terei que tê-lo m minha casa também. Aonde eu vou, esse homem está.
Sentado ao meu lado, ele conversa e sorri com meus pais de um jeito que eu nunca vi. Até mesmo no primeiro dia em que nos conhecemos, ele estava tão distante e frio. Tão calado. Talvez esse seja o Roberto que todos falam.
— Eu te devo uma... — Cochicho para Roberto enquanto pego a salada.
— De quê?
— Da noite... Do baile. — Relembro.
— Eu não quero que volte lá. Está me ouvindo? — Discretamente, acompanhando meu tom, Roberto me encara com esses olhos enormes e profundos que me puxam.
— Lá onde? — Minha mãe interrompe nossa conversa silenciosa.
— No Morro dos Prazeres. É perigoso ainda mais por ela andar com a gente e...
— E o que Helena foi fazer lá? — Encaro Roberto, enquanto minha mãe pergunta.
Ele parece ter notado o clima que se instaurou, então não responde nada e apenas me encara. Qualquer outra pessoa falaria normalmente, até porque ninguém iria adivinhar que rolaria um tiroteio, mas eu especificamente não deveria estar lá. Não é como se eu fosse a Rapunzel, presa o tempo inteiro, mas eu não posso ir a lugar nenhum em que eles não permitam. E com certeza isso inclui um baile funk.
Naquela noite, minha mãe estava de plantão no hospital que ela trabalha. Isso foi ótimo pra mim porque além de um tornozelo machucado, eu receberia tapas e mais tapas. Ela costuma dizer que não importa a minha idade, ela é minha mãe e sempre vai poder me bater. Meio sádico, não acham?
Meu pai não havia dito nada sobre a noite do baile funk para a minha mãe e eu muito menos. Acredito que, em parte para me proteger mas também para evitar um total desgaste mental. E estava tudo bem, até esse intrometido abrir a boca.
Eu me levantei da mesa, deixando meu jantar e minha companhia lá. Eu sabia que isso ia dar uma merda e eu preferia não ter que ficar na mesa ouvindo piadas. Roberto, com sua boca do tamanho do mundo, acabou com a minha noite. Parabéns. Mas sabe de uma? Eu fui errada. Eu fui errada em ter ido aquele baile funk. Eu fui errada em ter pedido ajuda para Roberto e fui mais errada ainda em ter começado com as visitas ao batalhão.
Subo as escadas, entrando rapidamente no meu quarto. Eu não ouvi nada vindo de lá de baixo, mas isso acaba assim que a porta do meu quarto se abre com força.