Prólogo

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— Helena Magalhães

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— Helena Magalhães

Rio de Janeiro; 2024


“Ao cair da noite, mais um chamado”... Não. Definitivamente estava uma porcaria. Eu deveria tentar começar com uma missão... Porra, por que eu inventei de escreve a merda de um livro tematizado do BOPE?

Minha mãe sempre me dizia que eu e meu irmão deveríamos seguir nossos sonhos. Sem me prender às amarras do capitalismo, me formei em letras e vivo da escrita. Já meu irmão, decidiu cursar biomedicina e se tornar perito. Éramos bem diferentes, mas havia uma coisa que fazia os Magalhães serem idênticos: desafios. Somos viciados nisso. Talvez por isso eu tenha escolhido esse tema.

Eu estava sentada, tomando café da manhã e assistindo o jornal ao lado de papai, quando ouvi: “Hoje, o corpo do assassino de um policial do BOPE foi levado pela polícia especial, em um ato de vingança. O Capitão, encarregado da missão, não quis dar entrevista.” Lembro-me como se fosse hoje. Os homens desciam do morro com aquela boina preta e com aquela caveira estampada no peito. Foi ali que minha obsessão, meu hiperfoco, começou. Eu deveria saber que não seria fácil, mas não sabia que seria tão difícil.

“O som da sirene me tira de meus pensamentos dispersos e intensos, que me levavam para longe deste batalhão”... Porra! Definitivamente, não.

Apertei CNTRL T e a tecla “delete”, apagando tudo. Eu não continuaria. Não era boa nisso. Minha escrita era medíocre, minha mente era lenta e meus livros eram um fracasso. Sou uma escritora publicada há cinco anos, e meus livros são até conhecidos, mas não gostava deles. Dizem que é auto sabotagem de escritor, e talvez fosse, mas não entendia o porquê de meus livros serem aclamados pelo público. Uma linguagem chata, uma escrita cansativa, personagens rasos e enredos chatos... Eu deveria desistir disso.

Meu livro mais famoso se chama “Bounty Hunting”. As pessoas gostaram dele. Não era como se eu fosse nacionalmente conhecida, mas regionalmente talvez eu fosse. E era isso o que me deixava em total agonia. Esse livro poderia alavancar minha carreira. Não havia tantos livros policiais e principalmente do BOPE. Porra, esse maldito livro tinha tanto potencial mas eu não conseguia sequer pensar em um enredo necessariamente bom.

É isso. Eu iria desistir disso tudo. Iria desistir desse maldito livro e  investir em um romance clichê, água com açúcar. Todo mundo ama.

A porta de meu quarto se abriu, dando oportunidade para que a claridade do dia, que antes não adentrava no cômodo, invadisse o local. Minha mãe entrou no quarto, ultrapassando a porta. As rugas em sua testa e a sobrancelha franzida, as mãos na cintura e seu suspirar frequente me indicavam que ela estava brava. Me lançando um olhar repreensivo e irado, dona Marília se aproximou de minha escrivaninha, prestes a fechar meu notebook.

𝐵𝐸𝑇𝑊𝐸𝐸𝑁 𝑈𝑆| 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑜 𝑁𝑎𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜Onde histórias criam vida. Descubra agora