— Helena Magalhães
Eu realmente vim. Porra, eu estou ao lado do capitão, seguindo para Deus sabe lá onde, para acompanhá-lo no curso de Operações Especiais, que durará sabe-se lá Deus quanto tempo. Eu deveria estar com medo e odiar isso, mas toda essa incerteza é maravilhosa. Eu sempre quis um dia instável, sem rotina prevista, e terei isso. Roberto me dará isso.
Observo a paisagem pela janela de Mathias, apoiando minha cabeça em seu ombro. Estou sonolenta, e talvez até durma aqui admirando o dia de tornar cada vez mais cinzento.
A mão de Mathias caminha até minha cabeça, afanhando meus cabelos enquanto repouso em seu ombro. Meu grande amigo que essa loucura toda me deu.— Não te trouxe pra ser a putinha do André. — Eu não sei nem expressar a minha surpresa em ouvir isso saindo da boca do Capitão como um sussurro raivoso. Não consigo fazer nada além de abrir minha boca e deixar um sorriso incrédulo e totalmente ofendido sair. Cara, que sem noção do caralho. Mas também não me movo. Continuo deitada no ombro do meu amigo. — A turma chega amanhã de manhã. — como se o que acabara de me dizer fosse a coisa mais normal do mundo, o capitão prossegue iniciando uma conversa com o grupo que está dentro do nosso carro. — Não quero moleza. Não quero aluno pegando atalho, não quero aluno dando mole e muito menos trapaceando.
— Sim, senhor. — Todos respondem em uníssono, e eu até usaria disso pra fazer uma brincadeira mas estou puta com ele. Como ele ousou falar daquela maneira comigo? Ele está achando que só porque sou objeto de gentileza de Mathias significa que estou fazendo sexo com ele? Me poupe, Nascimento. Me poupe.
— Josué, já sabe como vai coordenar a marcha? Sabe que podem tentar pegar carona e...
— Tudo no esquema, capitão. Gouveia vai me ajudar a monitorar eles. — Sem deixar que Nascimento termine de verbalizar suas preocupações, Josué o responde prontamente.
— Ótimo. — Sua voz sai firme, com a confiança de um veterano.
O carro voltava para o silêncio completo. Eles não conversavam entre si, apenas com alguns curtos olhares. Não sei se já não havia muito a ser discutido ou se era resultado da carranca emburrada que o Capitão oferecia.
— Gouveia, troca de lugar com André. — Quebrando o silêncio do carro mais uma vez, o capitão ordena. Sua voz não é solícita, não é amigável e não há nem resquícios de permissão para contradições. É uma ordem e vamos parar no meio do nada pra trocar de lugar. Ótimo.
Josué para o carro, obedecendo as ordens implícitas do capitão. Neto, que sentava no banco do passageiro, agora se senta ao meu lado. A todo instante, não tiro os olhos de Nascimento. Esse cara me impressiona. Eu sempre espero o pior dele, e ele sempre entrega ainda mais. Sempre surpreendendo...
— Você é louco? — Em um tom de uma irônica preocupação, inclino meu rosto para a frente, observando seu rosto melhor.
— Não devo satisfações das minhas decisões. — É tudo o que responde.
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𝐵𝐸𝑇𝑊𝐸𝐸𝑁 𝑈𝑆| 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑜 𝑁𝑎𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
FanfictionAté onde você iria para alcançar seus objetivos? Até onde você iria por uma missão? . A resposta varia de pessoa para pessoa, mas, para o Capitão Roberto Nascimento e a escritora Helena Magalhães, o céu é o limite. Ao se ver estagnada no começo de...