𝟖𝟏 ⌁ 𓈒 ֹ LORENZO MATTIOLI ˳ׄ ⬞

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𝐋𝐮𝐜𝐲 𝐌𝐚𝐭𝐭𝐢𝐨𝐥𝐢

"Sua luz brilhou intensamente, mesmo que por pouco tempo, e continuará iluminando nossas vidas para sempre."


Lorenzo estava ajoelhado diante da lápide de Lucy, os joelhos afundados no solo úmido enquanto o vento cortante de Londres açoita seu rosto impiedosamente. Suas mãos tremiam ao tocarem o mármore gélido, um contraste cruel com o calor da memória que ainda pulsava em seu peito. Ele havia chegado cedo, antes que o cemitério se enchesse de murmúrios e passos, buscando o silêncio que só a solidão de um luto íntimo podia oferecer. O céu, pesado e carregado de um cinza melancólico, parecia lamentar junto com ele, as nuvens refletindo o peso de sua dor. Ao lado da lápide, repousavam os lírios brancos que ele trouxera as flores preferidas dela. Um gesto simples, quase insignificante, mas que carregava uma intenção maior do que palavras poderiam expressar. Os olhos de Lorenzo fixaram-se nas letras gravadas no mármore, cada contorno do nome de Lucy parecendo cortar sua alma a cada vez que o lia. Ela, que fora tão cheia de vida, agora não passava de uma inscrição fria, um pedaço de história enterrado embaixo de seus pés.

─ Faz tanto tempo... tempo demais. E ainda assim nunca ficou mais fácil. Nunca vai ficar, não é?

As lágrimas escorriam sem trégua por seu rosto enquanto ele tentava inutilmente afastá-las com a palma da mão. A frieza do mármore parecia absorver sua dor, indiferente, enquanto Lorenzo tentava encontrar as palavras que precisava dizer. Ele, o implacável Don da Cosa Nostra, conhecido por sua força e inabalável frieza, agora estava exposto, vulnerável, reduzido a um homem quebrado diante de suas perdas. Naquele momento, ele não era o mafioso temido; era apenas um homem que sentia saudade, culpa e arrependimento.

Baixou a cabeça, os ombros cedendo sob o peso esmagador das lembranças. Lucy fora mais do que uma companheira; fora sua amiga, sua confidente, alguém que enxergava além das sombras que ele carregava. E ele falhara. Falhara em protegê-la, em manter suas promessas. Agora, o fantasma de suas escolhas erradas voltava a assombrá-lo em Angel, cuja dor ele também não conseguiu evitar.

─ Angel está de volta. ─ A confissão saiu como um sussurro, um segredo dividido com a única pessoa que ele sabia que poderia entender. — Eu deveria estar feliz, deveria sentir alívio... mas tudo o que consigo pensar é em como eu falhei de novo. Eu a deixei sofrer, Lucy. E agora que ela está aqui, eu não sei se sou capaz de consertar tudo o que destruí.

Seus dedos traçaram o nome gravado na lápide com delicadeza, como se tentar reconstituir cada letra pudesse trazer Lucy de volta, ao menos por um instante. O silêncio ao redor era denso, quebrado apenas pelo vento que dançava entre as árvores nuas. Mattioli fechou os olhos, sentindo a umidade das lágrimas em seu rosto, e continuou, a voz embargada.

─ Me perdoa...por ter falhado com você. Eu espero... eu preciso acreditar que posso fazer por Angel o que não fiz por você.

Ele suspirou, o som pesado de sua respiração misturando-se ao vento. As palavras que saíam de seus lábios pareciam incompletas, incapazes de transmitir tudo o que seu coração desejava dizer. Lucy sempre soubera exatamente o que dizer, sempre fora o equilíbrio que ele precisava. Ele amava Angel de um jeito que nunca amou Lucy, mas isso não diminuía o vazio que a perda dela deixara. Lucy fora sua parceira, sua melhor amiga, e ele sentia falta de cada detalhe do som de sua risada ao conforto de sua presença. O Don pressionou três dedos contra seus lábios, deixando um beijo simbólico em sua mão antes de tocá-la contra o mármore gelado.

𝗙𝗜𝗥𝗘 𝗔𝗡𝗗 𝗕𝗟𝗢𝗢𝗗 - @𝗅𝟢𝗌𝗍𝗋𝖾𝗂𝖽Onde histórias criam vida. Descubra agora