Capítulo 12 - Não Pare

91 7 0
                                    

Era deslumbrante e assustadora a forma como ele se movia habilmente, desferindo chutes e socos em todos que ousavam se aproximar e se colocar em seu caminho. A maioria dos Descendentes naquele lugar simplesmente recuava e deixava que passassem, mas havia uma certa minoria que, além de tentar impedi-los, quando caía no chão fazia questão de levantar e lutar mais. Evan não tinha muita paciência com esses e se soltava mais, deixando Alicia suando nervosa e tremendo, por inúmeras razões, enquanto ele não tinha sequer um fio de cabelo fora do lugar.

- Aquela porta - Apontou para um grande portão de ferro e Alicia correu até lá.

Olhou pela janela viu Emmanuelle presa a correntes com os braços esticados, o corpo pendendo e a cabeça abaixada. - Por todos os deuses - Alicia arfou e se apoiou na porta para se manter em pé, porque subitamente estava tonta.

Ouviu um click e a porta se abriu levemente, fazendo Alicia pular para trás e se virar. Viu Evan parado em frente a um computador, então concluiu que ele havia acessado o sistema de segurança e aberto a porta de alguma forma. Empurrou a porta que parecia pesar uma tonelada e entrou, capturando na mesma hora a atenção de Emmanuelle.

- Não consigo quebrar... - A voz dela estava enfraquecida e Alicia correu para abraçar a amiga e sustentá-la de alguma forma.

- Machucaram você? - perguntou, aflita.

- Não... Não tentaram nada assim. - Ela parecia surpresa com isso. - Só me deixaram meio drogada acho.

- Ainda bem! - A apertou com mais força, sentindo-se aliviada por Emmanuelle estar bem, e se afastou para olhar as correntes. Puxou um pouco e não viu ceder nada. - Espere. - Correu até a porta para chamar Evan, mas ele já entrava. - Não quebra e não tem chaves, nem nada - disparou.

- Eu sei, são Encantadas. - Ele cortou os pulsos com sua própria espada e murmurou algo que não conseguiu entender. Viu quando a espada se acendeu em chamas e não pode conter um gemido de pânico. - Se afasta, Alicia. - Os olhos de Emmanuelle se arregalaram, quando ele desceu a arma contra a corrente, que se rompeu imediatamente, fazendo com que ela caísse no chão.

- O que foi isso? - Emmanuelle perguntou atordoada, olhando para Evan como se visse um extraterrestre.

- Sem tempo para explicações - respondeu ele, enfiando o pulso na boca dela, após quebrar a outra corrente que a prendia.

Alicia viu quando os olhos dela brilharam e notou quando suas mãos subiram e ela segurou o pulso de Evan com firmeza. Algo dentro dela se retorceu ferozmente, fazendo com que desviasse o olhar e fosse até a porta.

Não estava se sentindo ciumenta. Não estava se sentindo possessiva. Não estava.

Que drenem todo o sangue dele e o matem.

Se inquietou em vários níveis com o pensamento.

Algum tempo depois os dois apareceram atrás dela na porta.

- Vamos achar os outros - Evan anunciou.

Alicia recomeçou a andar subitamente agitada e empunhou a adaga que Evan havia entregue a ela, com mais vontade. Estava com raiva. Por todos os deuses, estava furiosa. E isso não tinha nada a ver com a cena que havia visto. Nada. Nada.

Mais Descendentes se aproximaram conforme avançaram e viu Evan acertar o cabo da espada na cabeça de um e Emmanuelle dar um gancho de direita em outro em perfeita sincronia.

Um outro discípulo apareceu no corredor apontando uma arma e sentiu o impacto do chão, quando Evan pulou sobre seu corpo a empurrando para um canto. Alicia ignorou a dor em seu quadril e procurou por Emmanuelle, logo vendo que ela havia se escondido também.

Brincando Com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora