POV: EVAN
Mesmo já tendo comportado todos bem, com a adição de pessoas no grupo em tão pouco tempo, a sala íntima da casa, que já não era muito grande, parecia minúscula. E Evan não estava satisfeito com o estado descuidado que se encontravam: - Eu pretendia resolver tudo antes de trazer os novatos para cá... Precisamos de um lugar maior com urgência...
Tendo se mantido quieto ao seu lado, desde que Evan se afastou para um canto do cômodo em busca de um pouco de sossego, Alexander comentou: - Demos um jeito provisório, a maioria está dividindo um quarto. Todos entendem a situação.
Havia algo no modo como suas palavras soaram que incomodou Evan e fez com que prestasse mais atenção no amigo. Notando os braços cruzados com firmeza e o modo como esquadrinhava o cômodo como uma águia, perguntou: - O que foi?
Seus olhos azuis se abriram em espanto, mas logo se fecharam quase em frestas mais uma vez, tornando a sua observação: - Viramos um grupo e tanto, mas ainda estamos muito longe de sermos um exército como o da deusa.
Estava diferente. Tinha os mesmos olhos azuis, cabelos escuros revoltos e pele pálida, mas era nos pequenos detalhes que se notava algo em Alexander, quando ele estava tentando se manter composto; havia uma fagulha em seu olhar, uma rispidez em seu tom de voz e uma ansiedade em seus gestos que não costumavam estar presentes. Houve momentos em que achou que era o único alí que odiava tanto Dam, mas havia passado a ver a mesma intensidade em Alexander depois dos últimos acontecimentos.
- Vamos chegar lá – tentou tranquiliza-lo. - Não somos um exército ainda, mas não temos quantidade porque não queremos. Nós que escolhemos adicionar poucas pessoas, sermos cuidadosos e seletivos, vermos como vai ser a nova dinâmica.
- Talvez não tenhamos tempo para tanto cuidado...
- Prefiro um soldado competente e confiável, do que dez aleatórios, Alexander. Podemos não ser muitos, mas temos excelência em qualidade. Isso ninguém pode negar.
- Não mesmo.
Alexander voltou a ficar quieto, mas ainda emitia a mesma tensão, então Evan insistiu: - O que mais? – Como ele o olhou parecendo ponderar se devia ou não continuar, achou melhor lembra-lo: - Dam fodeu com suas memórias e você não se lembra direito, mas... Você é meu braço direito e quase como uma segunda consciência... Não que isso me agrade muito – fez questão de frisar. - Fale o que está pensando, Alexander, eu quero ouvir.
O que disse fez com que um sorriso se insinuasse em seus lábios por um curto momento, antes de desaparecer conforme ele começou a expor sua preocupação: - Sinto como se esse grupo estivesse só reagindo e não agindo. Não é uma posição favorável.
O amigo havia acertado em cheio quanto a algo que o alarmava: - Estivemos indo de um lado para o outro sem parar. Daya aparece e nos empurra, corremos pra longe e não temos tempo para parar, porque logo Dam aparece e nos empurra... Como a merda de um ciclo.
- Isso é o que acontece quando ficamos no meio de uma guerra, sem um lado.
- Falei com Alicia sobre nos aliarmos a Daya...
- E?
- Ela não ficou muito contente. – Um olhar para Alexander bastou para saber que ele estava mordendo a língua para não falar demais. – Eu sei o que está pensando, mas não posso insistir muito depois do que Daya fez.
- Você consegue convencer ela.
- Ela precisa querer isso, Lex. Só vai funcionar se ela e minha mãe quiserem isso de verdade ou sei lá... Vão acabar explodindo a base! – exasperou-se imaginando as duas brigando.
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Brincando Com Fogo
FantasyBrincando Com Fogo é o segundo livro da trilogia Feita de Chuva. Sua leitura não é recomendada antes da leitura do primeiro (Feita de Chuva). Sinta-se à vontade para me mandar mensagens caso tenha qualquer dúvida :)