Só foi necessário um segundo para Alicia ir da porta para cima de Evan, consumida por um ódio que se expandiu rapidamente e tomou conta de tudo que sentia. Larissa pular em cima dele era algo que entenderia. Larissa pular em cima dele com sangue envolvido era demais. Por isso, acertou o punho nele diversas vezes e chutou qualquer lugar dele possível de forma desvairada. Queria fazer ele sentir dor, tanta quanto estava sentindo.
- Como você pôde? Idiota! Idiota! – Repetia incessantemente.
- Não é o que você viu! Ai, caralho! Porra, Anjo, o cabelo não! – ele reclamou e Alicia percebeu que segurava mechas ruivas em um punho apertado.
Estragar aquele cabelo era algo inconcebível, mas o resto não, então acertou a mão espalmada na cara dele: - Filho de uma puta deusa maldita!
Repentinamente, sentiu mãos envolverem sua cintura e foi içada para longe dele, se debatendo contra quem quer que fosse. Só que Evan devia gostar de apanhar, pois avançou para cima de Alicia, entrando novamente na sua zona de alcance, e começou a brigar com quem estava segurando ela: - Solta ela, porra! – Ele não sabia se tentava soltar os braços que a seguravam ou se se defendia de seus braços e pernas que voltavam a acertá-lo: - Ai! Puta que pariu! – Rugiu irritado, quando Alicia deu-lhe uma dentada no braço que a puxava. - Lex! – rugiu. – Eu disse... SOLTA ELA!
Foi puxada com mais força e se chocou de encontro ao peito dele, desequilibrando-se e derrubando aos dois no chão. E nem assim Alicia conseguiu parar. Ele rolou por cima de seu corpo e usou uma perna para imobilizar as suas e com os braços tentava segurar os seus: - Mas que porra vocês pensam que estão fazendo!? Fora daqui!!
Com os gritos dele e outros que recebeu de volta, Alicia percebeu que, mais uma vez, haviam reunido uma pequena plateia para apreciar o caos que criavam por onde passavam. Alarmada, também percebeu que ele parecia começar a se enfurecer e que as mãos dele começavam a esquentar contra o seu braço, fazendo a sua pele começar a arder, e isso foi como uma injeção de racionalidade. Começou a tentar se soltar dele: - Evan... – o chamou.
- SAIAM! – ele gritou, com seus olhos mirando as pessoas que assistiam a eles, e Alicia sentiu a vibração do chão contra suas costas.
- Evan... Está doendo – murmurou, tentando chamar a atenção dele. – Evan, me solta.
Seus elementais começaram a gritar em sua mente para atacar, para se defender, para fazê-lo parar de alguma forma e por mais que amassem Evan, da mesma forma que Alicia, seu dever era protegê-la, mesmo que isso significasse ir contra suas ordens.
Sacodiu a cabeça, espantando os pensamentos: - Não... Não... – Olhou para os próprios braços e viu as mãos dele começarem a brilhar com uma cor levemente incandescente: - Está me machucando! – Se debateu novamente, tentando desesperadamente se soltar.
Sentiu a Água tomar a dianteira e sua mente nublar. Tentou recobrar a consciência em meio a ira, ao ciúmes, ao instinto de não feri-lo, ao instinto de feri-lo. Piscou com força e poderia jurar que era somente o equivalente de tempo a uma piscada que havia perdido, mas a cena que via havia mudado e contradizia sua lógica: suas duas mãos estavam cobertas de uma camada de gelo e agarravam o pescoço dele com força.
Piscou novamente e viu que Evan murmurava, pois, seus lábios se mexiam. Com uma mão erguida para o lado, como se tentasse impedir alguém de se aproximar, e com a outra alisando os cabelos de Alicia de forma carinhosa, ele dizia: - Me desculpa, Anjo... Eu estou aqui e estou prestando atenção... Está tudo bem... Me desculpa...
Seu rosto estava completamente vermelho. Sua voz saía com dificuldade. Havia uma marca escurecendo em seu pescoço, no lugar onde Alicia apertava.
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Brincando Com Fogo
FantasíaBrincando Com Fogo é o segundo livro da trilogia Feita de Chuva. Sua leitura não é recomendada antes da leitura do primeiro (Feita de Chuva). Sinta-se à vontade para me mandar mensagens caso tenha qualquer dúvida :)