Capítulo 11 - Seu Evan

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Quando viu o punho do filho de Daya pronto para descer mais uma vez contra o rosto de Clark, conseguiu alcançar sua voz que havia se perdido ao ser surpreendida: - Você precisa parar - E mesmo tendo sido somente um murmúrio, ele a ouviu e paralisou-se no ato. Assim que se virou em sua direção, ainda com o braço erguido, Alicia complementou: - Vai acabar matando ele.

O viu inspirar profundamente, antes de perguntar: - Por que isso deveria importar? - E ainda assim, seu tom de voz foi totalmente descontrolado.

- Apenas... não faça isso - respondeu, confusa.

Ele se virou novamente em direção a Clark e, após alguns segundos, deixou os braços caírem ao longo do corpo e a cabeça cair para trás. Alicia conseguia ouvir ele inspirar e expirar, parecendo tentar se acalmar.

E talvez fosse exatamente o que precisava fazer também. Não havia pedido aquilo porque se preocupava com Clark, até achava que o maldito merecia sofrer bastante; o problema era sua crença de que mortes não eram a solução e... a descrença no que estava acontecendo diante de seus olhos.

Se não estivesse louca, o filho de Daya havia acabado de salvar sua vida. E, a não ser que tivesse feito aquilo para poder ter a "honra" ele mesmo, havia tentado protege-la. Aquela contradição era o tipo de coisa que fazia com que duvidasse de sua própria sanidade e da dele, afinal tinha sido agredida por ele naquela mesma cela.

- Por quê? - perguntou, se levantando do chão com dificuldade, tentando não usar o braço machucado. Ele se virou para trás novamente e sabia que talvez devesse recuar, se ainda tivesse apreço ao seu pescoço, mas não conseguiu evitar a torrente de perguntas: - Por que me salvou? - Apontou para o homem quase irreconhecível e imóvel no chão: - Por que quase matou seu subordinado? Por que me deu conselhos logo depois de me atacar? Por que mesmo de uma forma maluca e contraditória parece que está me protegendo? - E avançou em sua direção: - Por quê?

Com muita calma, ele se levantou, abaixou o capuz e tirou a máscara.

E então tudo fez sentido ao mesmo tempo que qualquer coisa passou a não fazer sentido algum mais, pois quem havia se escondido sob o capuz e estava na sua frente naquele momento era Evan.

- Anjo... - Ele deu um passo em sua direção, mas Alicia automaticamente recuou dois.

- Não... - Idiota como era, seu cérebro ainda procurava uma explicação racional. Ele poderia ter se disfarçado com as roupas do filho de Daya e vindo vê-la, salvá-la. - Me diz que isso não é verdade... - Entretanto, não conseguiria enganar a si mesma e por mais difícil que fosse, sabia sem dúvida alguma que a resposta para aquilo era a mais difícil: Evan era o filho de Daya.

- Ouça...

Balançou a cabeça, sentindo-se tonta e confusa: - Como é que eu pud- Parou no meio da frase. - Como é que voc... Por todos os deuses... - Custava a entender como tudo aquilo havia passado despercebido. Havia escolhido ignorar os sinais? Os poderes, os olhos vermelhos, os contatos, a confiança de Yam, o ódio "gratuito" que sentia por ela no começo... Tudo fazia sentido quando colocado sob o ângulo certo.

- Nós não temos muito tempo - ele se aproximou mais uma vez -, você precisa me ouvir.

Não acreditava em seu descaramento: - Ouvir você!? - gritou e quase se desequilibrou dos seus pés quando uma vertigem a atingiu.

- Calma, Anjo... - Ele tentou tocá-la, mas rechaçou o contato.

- Eu tenho ouvido você todo esse tempo e provavelmente foi a coisa mais estúpida que já fiz na vida! Olha onde eu estou agora! Por que deveria ouvir qualquer coisa? Por que deveria querer ouvir mais mentiras!? Você devia ter me contado!

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