Evan rapidamente se jogou a sua frente, a empurrando para trás, se colocando entre ela e Daya. A deusa se aproximou mais e encostou-se na traseira de um carro, provavelmente o que havia sido escolhido para fugirem.
- O que pensa que está fazendo? - A expressão e o tom de voz indiferentes eram traídos pelos olhos furiosos que passaram a alvejar Evan.
Sentiu quando ele tocou um de seus pulsos e as pulseiras se soltaram, imediatamente fazendo com que começasse a sentir a presença dos elementais a sua volta.
- Você acabou de liberar o selo. Evan... O que pensa que está fazendo ao proteger essa garota?
Ele não se deixou abalar e se empertigou. - Ela é inocente. Todos eles são.
Daya gargalhou secamente. - Você esqueceu de quem ela é filha?
- Não, mas isso não define o caráter dela. Alicia não tem nada a ver com seu pai. - Ao contrário da deusa, ele ainda parecia controlado e seu tom de voz era calmo. Sabia que era pura fachada.
Estavam em apuros - Alicia tinha noção. Só que naquele momento seus amigos não estavam incapacitados e ela teria tempo de reagir a qualquer ataque e interceptá-lo. Seria diferente dessa vez. Não vou voltar para aquela cela - prometeu a si mesma.
Não conseguia evitar a sensação de mais qualquer tensão e seus elementais arrombariam seu controle e fariam algo; sentia-se como uma bomba, até que Evan se afastou um pouco para o lado, pegou sua mão e entrelaçou seus dedos aos dela, fazendo com que o espanto a desviasse de explodir.
A expressão de Daya se estreitou, claramente notando o contato: - Vocês dois... - A deusa perdeu a compostura ao finalmente entender.
- Sim - Evan concluiu o pensamento dela. - É exatamente o que você está vendo.
- Meus conselheiros me disseram que você poderia não ser mais confiável... Que não sabiam o porquê, que eu devia investigá-lo... E então eu vi isso com ela... - Ela ergueu o punhal que Evan havia lhe dado há algum tempo atrás, antes do seu Despertar. - Esse punhal era para ter sido o primeiro presente do seu irmão, mas ele nunca teve a chance de recebe-lo. Então dei ele a você, para que pudesse se lembrar sempre do que Dam havia feito, para que se lembrasse sempre do nosso objetivo... Não pude ignorar você ter dado seu pertence mais precioso, do qual você nunca se separava, para a ratinha de Dam... De todas as razões que eu poderia imaginar, de todas as possibilidades... Ela é o inimigo! - Bradou e saiu do carro, se aproximando deles.
Alicia recuou por instinto, mas Evan apertou mais sua mão e a estimulou a se acalmar. Sabia que estava usando seu Controle de Mentalista para isso e sabia que podia tentar bloqueá-lo, mas não seria nada razoável se fizesse isso, então se abriu para ele, permitindo que a acalmasse.
- Isso foi o que você decidiu, porque ela nunca fez nada para merecer esse título. Nada!
- Então está escolhendo ela? - Apontou o dedo pra Alicia.
- Não é assim que eu vejo as coisas.
Encarou Evan furiosamente: - Me diga, Evan, como você vê as coisas? Porque aparentemente agora está esquecendo de quem você é filho.
Ele balançou a cabeça encarando o chão. Quando olhou Daya novamente, Alicia notou que ele havia deixado pra trás qualquer pretensão de se esconder e havia fúria em seu olhar também: - Eu fiz o que você queria por toda a minha vida... Você pode honestamente afirmar que há sentido em toda essa guerra? Uma desavença pessoal virou motivo para inocentes serem sacrificados... Estou tentando encontrar um outro meio de acertar as coisas!
O rosto da deusa havia se trincado em uma expressão que deixou Alicia com um nó no estômago e com uma súbita necessidade de recuar. A mão de Evan era o que a mantinha no mesmo lugar imóvel. - Desavença pessoal? Você chama o assassinato de seu irmão e do seu pai de desavença pessoal? Como você pode dizer isso?
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Brincando Com Fogo
FantasíaBrincando Com Fogo é o segundo livro da trilogia Feita de Chuva. Sua leitura não é recomendada antes da leitura do primeiro (Feita de Chuva). Sinta-se à vontade para me mandar mensagens caso tenha qualquer dúvida :)