POV: EVAN
Escondido no banheiro da suíte do próprio quarto - este era o ponto em que as coisas haviam chegado. Simplesmente não lhe davam um segundo sequer de paz, todos queriam sua atenção o tempo inteiro. Além disso, não conseguia nem imaginar qual era a distância física entre ele e Alicia, mas sentia como se ela estivesse ao seu lado, tamanha era a intensidade do laço que os unia e que fazia com que sentisse o que ela sentia. Saber que ela estava preocupada e ansiosa só fazia com que se sentisse pior.
Aquelas duas noites haviam sido terríveis. Primeiro não conseguiu ligar porque não tinha um celular viável, depois não havia privacidade e naquele dia Alexander havia resolvido segui-lo onde quer que fosse. Devia estar fazendo um péssimo trabalho em esconder as coisas dele já que ele havia se mudado para o seu quarto e parecia cada vez mais preocupado com o seu estado. Péssimo momento para ter um amigo que o conhecia como a palma da própria mão.
Após fugir da cama, silenciosamente, se trancou no banheiro, colocou seu iPod para tocar de forma aleatória e ligou o chuveiro; se sentou no chão e pegou o celular novo que finalmente havia conseguido: seguro e Marcado com o seu sangue, assim como o seu antigo.
Mal conseguia acreditar que estava de fato ligando para ela.
- Atende, atende, atende, atende... - Já haviam se passado alguns minutos da meia noite, mas estava torcendo para que Alicia estivesse ansiosa demais para ser detida por isso.
- Alicia? - perguntou, assim que a ligação foi atendida.
- Evan!? - Ouviu uma voz feminina, mas não a reconheceu como a de Alicia. Poderia ser Emmanuelle ou Yukari, não tinha como ter certeza porque parecia que uma multidão de pessoas havia começado a gritar ao mesmo tempo e teve que afastar o aparelho da orelha por alguns segundos. - Anjo? - Tentou novamente.
- Fiquem quietas! - Ouviu uma voz masculina que identificou como a voz do Christopher e logo em seguida silêncio. - Pode me ouvir, Evan?
- Sim, posso - respondeu começando a se irritar porque ficar irritado era tudo que conseguia fazer nos últimos dias com maestria e o que queria realmente era ouvir a voz dela.
- Você está no viva-voz agora - ele avisou.
- Alicia?
- Oi, Evan. - Ouviu e concluiu que era o cara mais idiota do mundo, porque bastava somente duas palavras saídas da boca dela para que perdesse a porra da compostura toda. Duas palavras e haviam pedaços de Evan desequilibrados e sem lógica por todos os lados.
Depois. Vai falar com ela depois de dar as notícias.
Encostou a cabeça contra a parede e fechou os olhos, se obrigando a ser objetivo: - Não tenho muito tempo gente, então se vocês não se importarem, vou tentar resumir o que andou acontecendo. OK?
- Meu pai, Evan! - Ouviu Emmanuelle gritar ansiosa.
- Yam, Phillip e Fantasma estão bem - contou e ouviu um suspiro coletivo de alívio. - Segundo: houveram quatro mortes. Robert, George, Trudi e Veronica. - Esperou alguma reação, mas ficaram todos calados. - Terceiro: Todos os danos a UPA estão sendo reparados e o Ciclo está investigando o que aconteceu nos últimos dias. Quarto: Daya decidiu recuar, mas isso não vai durar muito tempo. E quinto: Dam está ativamente caçando vocês todos.
Continuou: - A vigilância tanto aqui quanto na UPA tem estado em nível máximo e essa foi a razão de eu ter demorado tanto. Não é fácil conseguir um telefone seguro e um lugar privado quando todos estão te vigiando, seguindo seus passos e se perguntando porque você deixou a filha de Dam e seus amigos escaparem - disse, notando o tom agressivo da própria voz, então procurou relaxar, pois sua irritação não era direcionada a eles: - Me desculpem pela demora.
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Brincando Com Fogo
FantasiaBrincando Com Fogo é o segundo livro da trilogia Feita de Chuva. Sua leitura não é recomendada antes da leitura do primeiro (Feita de Chuva). Sinta-se à vontade para me mandar mensagens caso tenha qualquer dúvida :)