POV: EVAN
O barulho alto de uma buzina fez com que sentisse que poderia partir o volante em suas mãos em pelo menos três pedaços, assim como fez com que Alexander exigisse: - Deixa eu dirigir.
Ainda estavam na metade do caminho para a cidade que se dirigiam, onde se encontrava uma das bases de emergência de Daya, e era a segunda vez que se distraía demais. A reação do amigo não era inesperada, mas ainda assim não pôde evitar olhar torto para ele e o desgosto em sua voz: - Não.
Ele suspirou alto: - Você dormiu pelo menos um pouco hoje?
- Sim...
- Quanto? – Cruzou os braços, como se o desafiasse, e pregou seus olhos azuis frios como gelo nele.
Seu Protetor saberia na mesma hora se tentasse enrolá-lo e, como não conseguia desviá-lo, uma vez que ele decidia destrinchar a verdade, deu o braço a torcer: – Acho que... - Tinha ido para o quarto por volta das onze horas? E depois sua mente não lhe deu muito trégua. Lembrava-se que às três estava acordado e que se levantou às seis: - Umas duas horas...
- Para a droga do carro, Evan – disse, já tirando o cinto de segurança.
Com uma manobra brusca, que lhe rendeu mais uma buzinada para a coleção, jogou o carro para o acostamento e freou, soltando o cinto e dando a volta no carro, enquanto o amigo fazia o mesmo. Apesar de Alexander dirigir da mesma forma que ele, sem o menor respeito por leis de velocidade, preferia dirigir porque aquilo distraía sua mente.
E sem ter aquilo para fazer... Sentou-se no banco do carona, colocou o cinto e começou a batucar os dedos na porta do carro. Mudou de música algumas vezes. Testou abrir e fechar a boca, notando que ainda sentia dor onde havia levado o primeiro soco de Alexander. Baixou o quebra-sol e se olhou no espelho, vendo que tinha um olho ainda roxo (do terceiro soco). Desmontou e montou sua pistola.
Por fim, pegou sua espada que estava no banco de trás e a desembainhou, passando a mão pelo metal frio. Não podia exatamente dizer que era tranquilidade que o gesto transmitia, era mais como se fosse foco; toda vez que pegava aquela lâmina, se lembrava que havia sido forjada em especial para ele e que havia se prometido que atravessaria o coração de Dam usando ela.
- Fala comigo.
- Sobre? – perguntou, mesmo sabendo onde aquilo ia dar.
- O que quer que esteja na sua cabeça.
- Muitas coisas, Lex.
- Hum... Você tem conversado com Alicia sobre elas?
Em que momento poderia ter feito isso? Havia passado bastante tempo com Alexander na noite anterior e quando subiu para o quarto ela já estava dormindo. Já quando saiu de manhã cedo ela ainda não havia acordado. - Não...
- Bem... Bater em você é divertido, mas não é um método que podemos usar sempre.
- Não preciso que ela veja tudo de vergonhoso que existe em mim, Alexander.
- Você é o filho de um deus, mas não é perfeito. Ela sabe disso melhor que ninguém.
Poderia ser bobagem sua, mas não queria que Alicia o enxergasse daquela forma. Havia sido criado para ser um guerreiro. Inabalável. O futuro dos Descendentes. A quem um exército inteiro admirava, reverenciava e respeitava. E então terminou atado a uma mesa, precisando ser salvo. O quão patético havia sido isso? E havia passado a ter esses ataques ao ser tocado, dado a merda de um show para todos verem durante a reunião.
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Brincando Com Fogo
FantasíaBrincando Com Fogo é o segundo livro da trilogia Feita de Chuva. Sua leitura não é recomendada antes da leitura do primeiro (Feita de Chuva). Sinta-se à vontade para me mandar mensagens caso tenha qualquer dúvida :)