Brincando Com Fogo

Capítulo 26 - O Laço

- EVAN! - Alicia disparou a tentar perseguí-lo, mas ele já havia sumido de vista. – ESPERA!

Vai matá-lo – era em tudo que conseguiu pensar.

Quando alcançou a escada, ouviu um barulho alto vindo da cozinha, como se vidro fosse quebrado e metal fosse retorcido, ao mesmo tempo em que um grito de Yukari ecoou pela casa e os degraus aos seus pés começaram a tremer, fazendo com que tivesse que se se segurar no corrimão para conseguir continuar a descida.

Assim que entrou na cozinha, viu a amiga se encolhendo contra um dos armários, completamente assustada e de olhos arregalados, e pratos, copos, panelas e cadeiras quebrados e jogados por todos os lados. Evan havia se sentado sobre Christopher, que estava caído de costas no chão, e mantinha um aperto firme com as duas mãos no pescoço dele, além de um olhar assassino no rosto; Christopher o empurrava, o socava e esperneava, mas nada daquilo parecia surtir algum efeito, Evan se recusava a soltá-lo.

Vai matá-lo – teve certeza.

Correu e se jogou em cima de Evan sem pensar duas vezes. O impacto do choque não esperado fez com que os dois caíssem para o lado, rolando pelo chão, enquanto Christopher tentava, entre tosses e inspirações bruscas por ar se colocar de pé. Em menos de um segundo, Evan já estava de pé e se dirigia novamente em direção ao alvo, mas Alicia conseguiu se recompor rapidamente, segurá-lo e de alguma forma se colocar entre os dois.

- Mas o que que está acontecendo aqui!? – Ouviu Emmanuelle chegar na cozinha.

- Fora. Do. Meu. Caminho – Ouviu ele rosnar cada palavra carregada de ódio pausadamente, com as vozes guturais de seus elementais se somando a dele, fazendo com que um arrepio congelante subisse por sua coluna. Não era somente Evan que queria briga, seus elementais também havia se interessado.

Não podia olhar para trás para ver se Christopher estava bem ou tentar explicar alguma coisa a Emmanuelle, pois sabia que não podia tirar os olhos dele. Somente se mexeu para erguer as mãos de forma a fazê-lo não se sentir ameaçado, assim que reparou que os braços dele haviam começado a se avermelhar, parecendo se tornarem incandescentes, sentindo o quão perigoso aquilo poderia ficar.

Teve que se concentrar para não reagir com a energia violenta que se desprendia dele, evitando perder o próprio controle ela mesma: - Não pode fazer isso – disse de forma assertiva e se firmou no lugar com mais força: - Não vou deixar.

- Saia – ordenou, se aproximando até ficar cara a cara, deixando que visse de perto as labaredas acesas em seus olhos.

Sabia que não podia vencer ele em qualquer disputa de poder, então se apressou em tentar acalmá-lo, certa de que ele realmente a escorraçaria de seu caminho de um jeito ou de outro, se não mudasse de ideia: - Ele queria que eu soubesse o que eu sentia de verdade. – Disparou a tentar explicar, emendando uma ideia na outra: – Que talvez fosse o vício de sangue que me fizesse querer ficar com você. Que descobriria a verdade caso tomasse o dele. Ele achava q-

- E você pensa que ele tem alguma razão em ter feito o que fez? – A interrompeu.

- Quem fez o quê!? – Emmanuelle berrou e Alicia ouviu a voz de Yukari sussurrando explicações em seguida, aliviando-se por saber que a amiga havia se juntado a ela para controlar a situação.

- Descobriu a verdade, Alicia? – perguntou, direcionando sua raiva para ela. Seu poder abraçava toda a dimensão do seu corpo em uma bola de opressão escaldante, deixando-a com dificuldades de respirar e articular as palavras.