Lesly

10.7K 1K 89
                                    

Depois do discurso rápido do diretor, fomos em direção aos corredores. Hugo decidiu me acompanhar até a minha primeira aula, e como exigência, segurou minha mão durante todo o percurso. Andar de mãos dadas com o jogador principal do time do colégio, era o sonho de quase toda garota de Indiana, mas para mim, era apenas mais um meio de demonstrar afeto por aparências.

— Não nos vimos muito durante as férias. Aonde você se meteu? Não atendia minhas ligações. — Hugo me questionou.

— Estava estudando como sempre, Hugo. Você sabe que esse ano vou tentar Stanford.

Mesmo nas férias, quando eu estava sem nada para fazer, eu soltava a desculpa de estar cansada, eu não estava mentindo, pois 99% do meu tempo, foi resumido em livros. Algumas pessoas cumprimentavam Hugo e ele retribuía sorrindo, mas prosseguia segurando minha mão.

— Mesmo assim. Podia ter me avisado e podíamos até ter estudado juntos. — ele se virou para mim com um olhar de algo mais.

— Isso é sério, não quero perder tempo. — falei nem percebendo que já estávamos em frente a minha sala.

— Calma, garota. Vai dar tudo certo.

Ele se aproximou e me beijou. Seu beijo era doce como açúcar.

— Vou entrar não quero me atrasar. — falei me distanciando com um sorriso. Antes mesmo de colocar um pé na sala, ele segurou ainda minha mão e me puxou para mais perto dele.

— Te encontro na hora do almoço?— perguntou deixando os cabelos ruivos caírem sobre seu rosto.

— Vou te esperar.
E ele sorriu.

                             
                                                                                       ****



Matemática.
Uma das matérias que tenho mais dificuldade de aprender. Cálculos, fórmulas e tudo mais não entram na minha cabeça. E esse ano era um professor novo que iria nos dar as aulas. Seu nome era Henrique, e ele era de Porto Rico. Quando todos os alunos chegaram, ele escreveu no quadro negro: "O que é matemática?"

— Alguém sabe me dizer? — perguntou apontando para a própria pergunta.

Números!

Coisa de maluco!

Fração!

Odeio!

Essas foram algumas das coisas que vários alunos em coro gritaram. Quando a gritaria e a bagunça se acalmou, Henrique pôde responder a própria questão.

— Matemática é tudo isso e mais um pouco do que vocês falaram. Se recorde de todos esses anos que seus antigos professores fizeram vocês resolverem exercícios confusos e explicações mais ainda — ele andava pela sala enquanto falava. — Isso tudo acabou! Quero que vocês descubram como a matemática pode ser bacana. Teremos explicações que farão compreenderem a matéria, exercícios com respostas orais e vou também pedir um trabalho que valerá nota pelo semestre todo.

Agora a classe suspirava e ouvi alguns xingamentos em voz mais baixa, que vinham exclusivamente de Daniela, que havia elogiado ele por ser de Porto Rico, onde ela mesma nasceu.

— Todos vocês devem formar duplas que irão trabalhar durante o semestre inteiro. — falou acalmando os ânimos de alguns. — Daniela que sentava atrás de mim, segurou meu ombro com um sorriso. — Porém, — O professor falou alto — Sou eu que vou escolher as duplas. — Resmungos em voz alta viam por todos os lados da sala agora. — Silêncio, turma!  Vamos começar. Todos escrevam o nome em um papel e coloquem em cima da minha mesa. Vamos, vamos.

— Isso é tão injusto! — resmungou Daniela.

Assenti com a cabeça. Mesmo Daniela sendo minha amiga, não gostaria de fazer o trabalho com ela, pois eu faria tudo sozinha enquanto ela só daria palpites.

— Vamos começar o sorteio. — anunciou o professor. Ele pegou um papelzinho e depois outro e leu os nomes escritos. — Ronan e Daniela.

— Droga! Vou ter um idiota como dupla! — Daniela disse no meu ouvido e se jogou para trás da cadeira emburrada.

Senti um certo alívio.

—Piper e Taylor. 

Gritinhos de alegria.

—Dean e Violet.

Suspiros.

— Lesly e Breno!

Breno? Olhei para trás e vi um garoto cadeirante com o cabelo bagunçado no rosto. Ele estava vermelho e deu um sorriso quando virei para vê-lo. Ele era o mesmo garoto que Sandra quase atropelou. Dei um meio sorriso e me virei para frente. Não fiquei feliz e nem triste com aquela escolha.

Amor Sobre RodasOnde histórias criam vida. Descubra agora