Amor Sobre Rodas

Breno

—Odeio essas barrinhas de cereais. — Ronan reclamava do lanche. Pegou a barrinha e jogou na mesa.

—São nutritivas e saudáveis.

—Odeio coisas saudáveis. Gosto de coisas gordurosas e que sujam nossa roupa quando a gente come. — Ronan disse como se estivesse segurando um gorduroso hambúrguer.

—Você é nojento. — falei pegando a barrinha de cereal da mesa.

—Viu Daniela ou Lesly pela escola?

—Vi Daniela passando, ela acenou, porém não parou para conversar, mas nenhum sinal de Lesly. — falei um pouco chateado com aquela situação, afinal, eu me sentia mais próximo. —Vou saber se ela venho no período de matemática. Aliás, temos que terminar o trabalho.

—Vou falar com Daniela também.

Comecei a rir. O que intrigou Ronan.

—O que foi? — Ronan perguntou com as sobrancelhas curvadas.

—Antigamente a gente nunca conversava com outros alunos, muito menos garotas — peguei minha caixinha de suco e estendi — Um brinde aos ex-anti-sociais.

Ronan estendeu seu refrigerante e fizemos o "tim-tim".

—Somos estranhos.

                                                                    

                                                                              ****

O lugar de Lesly estava vazio, ela não havia vindo ao colégio, concluí.
O professor Henrique continuou falando sobre o prazo pequeno para a entrega do trabalho. Lesly e eu fazíamos feito um avanço incrível, mas ainda faltava algumas tabelas. O período de matemática passou devagar e pela primeira vez fiquei entediado. Era meio uma recompensa, ter uma aula da minha matéria favorita e depois receber um sorriso acalorado de Lesly quando ela entedia sobre o tema.

No final da aula, cheguei ao lado de Daniela.

—Oi Dani. — falei mesmo sem saber que tinha intimidade suficiente para chama lá pelo apelido.

—Breno! — ela sorriu. Seus alinhados dentes brancos, dividiam os lábios com um batom vermelho.

Ronan se aproximou de nós com a bolsa em apenas um ombro.

—Oi Dani.. — me imitou afinando a voz de modo proposital. Daniela revirou os olhos, mas vi um curto sorriso se formar em seus lábios logo em seguida.

—Você sabe o por quê de Lesly não ter vindo hoje?— perguntei.

—Na verdade ela venho, só que foi embora.

—Por quê? — Ronan questionou antes de mim.

—Ela foi chamada para a sala do diretor pelo incidente de terem visto ela no telhado ontem. Ele a acusou de ter invadido as configurações do computador da escola, — ela disse com um suspiro. — e Lesly para nos proteger assumiu a culpa sozinha.

—Mas ela não pode — falei alto. — Não é justo!

—E qual foi a punição? — Ronan perguntou.

—Aparentemente uma advertência de 3 dias, e os pais dela foram avisados. — Daniela disse deixando o corpo duro, parecia tensa com toda aquela situação.

—Droga. — suspirei.

—Ela foi legal de ter assumido a culpa sozinha. — Ronan disse e recebeu meu olhar de desaprovação. Era uma atitude honrosa, mas não era justo com ela. .

—Do jeito que a mãe dela é, vai fazer cena quando souber. — Daniela falou balançando a cabela negativamente. — Culpa foi toda da Sandra.

—Sandra? — repeti.

—Ela que tirou a escada para Lesly não descer. Ela é uma vadia. — Daniela completou serrando os dentes. —Tento entender o por quê todo esse ódio para cima de Lesly?

—Talvez ela seja especial demais. — Ronan falou.

—Especial eu sei que é — falei sorrindo, e como se tivesse sido combinado, Daniela e Ronan me olharam. — Especial de ser preciosa...

—Já entendi, Breno. — falou Daniela pegando a bolsa e indo em direção da porta. — Você fica vermelho quando fala dela. É tão fofo.

—Acho que alguém percebeu sua paixão platônica por Lesly. — Ronan falou quando Daniela saiu.

—Não é platônica, é de verdade.

—Só não é real. — Ronan retrucou.

—Você sabe porquê não pode ser real.

—Você é medroso. Tem medo de que Lesly o ignore. — ele se sentou em cima de uma das mesas. — Você é um cara legal, Breno. Tem que contar pra ela.

—Todos nós temos medo.

—Não tenha medo de ser feliz, meu amigo.

Ronan me deu um tapinha no braço e saiu da sala. Olhei pro lugar da Lesly. Eu não tinha medo de ser feliz, só tinha medo desse momento nunca acontecer.