Lesly

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Abri meus olhos na manhã e em vez de ver meu papel de parede rosa florido, vi um teto caindo aos pedaços e iluminado pela luz do sol da manhã.
Senti o chão duro e forrado com um tecido xadrez sobre a minhas costas. Me virei de lado e vi Breno dormindo.
Concluí rápido: havíamos dormido na capela.

Me sentei no chão ainda olhando para Breno que dormia profundamente. Pelo a luz do sol que iluminava a capela concluí que já passava das 11 da manhã.
Minha mãe vai me matar, foi a segunda coisa que pensei naquele instante. A primeira foi: Breno fica tão lindo até dormindo.
Me levantei com dificuldade e senti uma leve dor nas costas. O chão duro da capela era muito diferente do colchão com penas de gansos que eu era acostumada a dormir.
Senti o celular no bolso do casaco amarrotado tocar. Com uma extrema dificuldade consegui ver o aviso de falta de bateria e 19 chamadas de Mãe.

—Lesly? — ouvi a voz rouca de Breno logo atrás de mim — Mas o quê..

—Parece que dormimos na capela. — falei sorrindo e me sentando ao seu lado. Breno continuava esticado no chão, mal conseguia abrir os olhos.

Senti o celular vibrar novamente e desligar logo em seguida. Ajudei Breno ir para a cadeira, ele não parecia muito preocupado sobre a possível bronca que levaria dos tios. Não parava de sorrir para mim durante o caminho inteiro.

—Eles vão nós matar — falei já dirigindo para a casa de Breno. Dirigi o mais devagar possível tentando adiar por algumas horas uma briga.— Prometemos que voltariamos antes das onze horas.

Breno ligou o rádio como de costume e em vez de cair na estação de música, estava em uma estação de notícias. Se fosse um dia qualquer eu reclamaria com Breno, já íamos passar um sufoco ouvindo os gritos dos meus pais e os tios deles, não precisávamos de mais notícias ruins. Mas parecia que uma das notícias que a estação anunciava interessava a Breno e também a mim.

—E mais uma vez todo estado sofreu mais um apagão. Foi o terceiro só apenas esses últimos dois meses, e aparece que dessa vez alguns criminosos aproveitaram para roubar lojas, restaurantes e bares do Centro da cidade. Foram registrados mais de 16 casos de roubos em menos de 24 horas.

—Mais um apagão?! murmurei enquanto finamente Breno trocava de estação e colocava em uma de músicas latinas — O que está acontecendo com essa cidade?

—É caos atrás de caos. — Breno disse abrindo a janela e fazendo o vento bagunçar seus cabelos.

—Se sente mais seguro? — perguntei curiosa com a resposta.

—Você não passando dos 40km, sim. — Breno falou sorrindo.

Chegamos mais rápido que infelizmente esperávamos. Não havia trânsito na cidade por algum milagre divino. Sim, milagre. Depois de ter quebrado a imagem de Jesus Cristo, comecei a me julgar se isso foi um milagre ou uma forma de punição já que iríamos levar uma longa e barulhenta bronca.
Estacionei em frente a casa de Breno e não foi preciso buzinar ou sair do carro, Dona Veronica e Seu Luís saíram de casa depressa.
Me senti envergonhada pois estava usando o carro deles. O carro que Seu Luís usava para trabalhar.

—Eu não quero saber de desculpas. Aonde vocês dois estavam? — Dona Veronica falou abrindo a porta do passageiro e encarando Breno de frente. Os seus olhos estavam vermelhos e ela controlava a respiração.

—Calma tia. Foi só que...

—Eu falei que não quero desculpas. Aonde você estava que não atendia o celular — ela gritou impaciente — Fiquei tão preocupada que algo ruim tivesse acontecido com vocês dois.

Naquele momento eu quis que a luz faltasse eu pudesse sair dali sem que ninguém percebe-se. Dona Veronica tinha sido tão gentil comigo, fiquei chateada comigo mesmo por te a decepcionado.

Amor Sobre RodasOnde histórias criam vida. Descubra agora