Cheguei em casa e logo que entrei vi minha mãe sorridente e animada.
— Ela chegou! — falou mamãe me dando um abraço e pegando minha mochila das costas. — Chegou bem na hora, querida. Vá lavar as mãos que o jantar está quase pronto e servido.
— Que bom que chegou, filha. — disse meu pai saindo da cozinha com uma vasilha nas mãos e colocando ela sobre a nossa enorme e exagerada mesa de jantar.
Na hora do jantar, fazíamos como todos os dias. Contavamos as coisas maravilhosas e divertidas que fizemos durante o dia e falávamos sobre o que eu deveria fazer no futuro, em outras palavras: meus pais decidiam para qual universidade eu deveria prestar exame.
— Estou tão orgulhoso de te ver estudando. Não é toda adolescente que deixa de ir para uma festa para ficar em casa cercada de livros o fim de semana inteiro. — falou meu pai sorrindo.
— Temos uma filha maravilhosa. — mamãe completava segurando a minha mão.
Essa era minha família. Típica família "perfeita". Não tínhamos problemas e sempre estávamos felizes e satisfeitos com a vida que levávamos. Uma mesmice que havia me cansado.
— Não sou tudo isso, mamãe. — falei e recebi gratuitamente dois olhares de desaprovação.
— Claro que é! E pare de se desmerecer. — disse ela me olhando séria. — Mudando um pouco de assunto, quando vamos ver seu namorado o Hugo novamente? Devíamos marcar um jantar com a família dele.
Meus pais conheciam Hugo desde pequeno e sempre acharam que ele era um rapaz sério, responsável e que teria um futuro brilhante. Coisa que qualquer pessoa que conheça o Hugo pouco, pensa.
— Não sei. O semestre começou agora e os professores já estão passando bastante trabalhos, com certeza não teremos tempo para um jantar. — disse não mentindo, mas também não dizendo a total verdade, já que havia apenas um trabalho em pendência no momento.
— Se você precisar de ajuda, papai está aqui.— Sr. Maison ou conhecido apenas por papai, achava que poderia me salvar de tudo, durante muitos e muitos anos.
— Obrigada, pai, mas não vai se necessário. O professor de matemática passou um trabalho em dupla, assim um ajuda o outro. — falei sem pensar nas perguntas que possivelmente iriam vir depois.
— Que método estranho de ensinar — disse mamãe e assim finalizando o nosso jantar em família.
****Subi para meu quarto e abri os cadernos e livros revisando a matéria que iríamos estudar esse ano. Entrei na internet e procurei provas de universidades em pdf, para fazer e treinar. Imprimi e comecei a resolver as questões. A quantidade de textos e números, se tornaram uma coisa só, já que o sono estava me consumindo aos poucos. Fechei os livros e me joguei na cama. Ouvi o meu celular tocar. Era Hugo.
— Alô?
— Lesly! Que demora para atender. — uma voz distante, porém dele, falou na outra linha.
— Desculpa, o celular estava longe de mim.
Ouvi risos e pessoas conversado alto. Parecia que ele estava em uma festa.
— Tudo bem. Queria me desculpar pelo que aconteceu hoje de manhã com o cadeirante.
— Não é pra mim que você tem que pedir desculpas. — falei me ajeitando na cama e querendo que aquela conversa terminasse o mais breve possível.
— Eu fui grosso com você. De qualquer formaç, desculpe. — aquela vozinha de Hugo arrependido veio à tona. Já tinha ouvido muito aquela voz.
— Claro. Claro.
— Ótimo! — mais risos e conversas. — Aliás você está com voz de sono. Atrapalhei sua soneca?
— Não. Estava indo dormir agora. — falei tentando não bocejar.
— Posso passar ai?
— Para quê?
— Te ajudar a dormir. — sua voz agora parecia mais próxima de mim, como se ele estivesse realmente do meu lado.
— Hugo... — falei não querendo sorrir, mas era inevitável.
— Estou brincando. Volta a dormir aí. Beijão e até amanhã.
E desligou.
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Amor Sobre Rodas
Lãng mạnBreno fez fórmulas, resolveu equações e tentou telefonar para o além do túmulo de Albert Einstein, mas não conseguiu entender. Lesly fez rascunhos em guardanapos, comprou a última versão da gramática e releu os clássicos, mas também não conseguiu en...