A notícia que "Lesly e Hugo, o casal perfeitinho da escola não estava mais junto" virou assunto de imediato na boca dos estudantes. E o boato que o motivo da separação tinha sido causada por Sandra "a melhor amiga de infância da Lesly", foi se espalhando também. Assim que cheguei na escola fui em direção ao meus armário, vi Tiffany, Marina e Daniela se aproximando com os saltos altos batendo forte no chão.
—Por que você fez aquela cena na festa? — falou Marina ficando na minha frente.
—Não é da sua conta. — rebati pegando alguns livros dá minha próxima aula. Tentei não fazer contato visual com ela.
—Claro que é da minha conta, você mexeu com a nosso grupo, e não é justo ele acabar por sua culpa. — Marina dizia séria, mas seu olhar tinha um ar divertido. Como se ela estivesse se divertindo com tudo aquilo.
—Grupo? Você não acha que está grandinha demais para se importar com isso?
—Olha aqui Lesly, — dessa vez, Marina fechou meu armário em uma batida e me encarou de frente. Não foi possível desviar o olhar. — você mexeu com nossa reputação quando enfrentou Sandra.
—O que você queria? — falei alto para ela.
— Que eu ficasse quieta igual vocês? Ela pisa em vocês e sabe o que vocês fazem? Nada, pois são medrosas. Cansei disso e de Sandra.—Eu não lembro de nada. — Tiffany disse colocando a mão sobre a testa.
—Só te deixo um aviso. Sandra é muito mais rica e popular que você. Se ela quiser pisar em você; Ela vai. Não duvide disso. Vamos garotas. — Marina e Tiffany sairam desfilando como se estivesse em uma passarela. Daniela não a seguiu e ficou ao meu lado até elas virarem o corredor.
—Vai querer me dar mais algum aviso fútil?
— falei para Daniela que estava de cabeça baixa.—Na verdade, queria saber se você está bem.
—Não.
—Lesly, fique bem. Sei que não parece mas me preocupo com você. — finalmente consegui encarar os olhos dela. Estavam diferentes. Tristes, talvez.
—Por que você não foi à festa ontem? Não te vi lá. — falei na tentativa de mudar de assunto.
—Bem, eu estava com dor de cabeça e decidi não ir. — Daniela parecia inquieta. — Tenho que ir minha próxima aula vai começar. A gente se vê depois.
Quando Daniela saiu de perto de mim, percebi que ela estaba realmente diferente. Usava um jeans básico e não vi traço nenhum de maquiagem, uma coisa incomum quando estamos tratando de Daniela.
Fui em direção a minha próxima aula que era História e infelizmente tinha à mesma aula que Hugo. Vi ele sentando nas primeiras cadeiras, logo atrás da cadeira que eu costumava sentar. Passei por ele sem olhar e fui para o fundo da sala, onde não havia mais nenhum lugar disponível.
Vi por diversas vezes Hugo virando pra trás para olhar para mim. Quando o sinal tocou indicando o fim da aula, fui à primeira a sair.—Lesly! — Hugo gritou.
Desviei entre corredores tentando despistar Hugo, mas ele continuava atrás de mim. Não havia escolha, precisava falar com ele.
—Não quero falar com você. — falei ainda andando.
—Calma, Lesly. — elle se aproximou de mim. Estava com a mesma aparência de sempre. Cabelos ruivos despenteados o que deixava ele mais bonito ainda, jeans e jaqueta preta. Ele estava bonito, mas isso não me impressionava mais, pois eu conhecia o Hugo por trás daquele disfarce de garoto perfeito.
—Não fique perto de mim.
—Me escuta primeiro. Sandra me beijou. A culpa não foi minha. — ele disse piscando os olhos por vezes repetidas.
—Como você consegue mentir desse modo? — meu sangue estava fervendo. Senti meu rosto corar e parecia que Hugo se aproveitava disso, pois sorria.
—Não estou mentindo.
—E o que você fez com Breno? Também é mentira? Olha no fundo dos meus olhos e fala que é mentira. — Hugo desviou o olhar para o chão sem jeito, mas logo retornou de boca fechada.— Eu sabia. Esperava tudo de você, menos algo desse nível.
—Pare com esse drama, Lesly. Não venha de politicamente correta e boa moça. Você nunca soube quem era Breno, até esse trabalho ridículo de matemática. — ele rebateu e senti uma pontada em mim mesma.
—Você não tinha o direito de quebrar a cadeira dele.
—Por que você está defendendo ele? Gosta dele, é isso? Por isso terminou comigo?
—Terminei com você por um único motivo.
—E qual é?
Nesse momento o sinal tocou e todos começaram a andar pelos corredores. Entre aquelas pessoas consegui dizer sem exitar.
—Você é um covarde.
Saí de perto dele em direção a sala de matemática. Não me virei para olhar a reação de Hugo. Eu não me importava.
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Amor Sobre Rodas
RomanceBreno fez fórmulas, resolveu equações e tentou telefonar para o além do túmulo de Albert Einstein, mas não conseguiu entender. Lesly fez rascunhos em guardanapos, comprou a última versão da gramática e releu os clássicos, mas também não conseguiu en...