—Boas férias, Breno. — fala Daniela, vindo na nossa direção pulando, quando a última aula termina.
Ela me dá um leve abraço e um beijo no rosto de Ronan que retribui o gesto.
—Aproveitem para descansar, meninos.— ela diz — Espero que a gente se veja nas férias.
Daniela dá uma picadinha para Ronan e sai correndo pela porta da escola, ainda cumprimentando outros alunos.
—Cara, ela está tão na sua.
Ronan me dá um pequeno tabefe na cabeça e sorri.
—Finalmente, Breno. Vamos poder sair por aí sem se preocupar com as provas do dia seguinte, sem se preocupar com datas de trabalhos. Estamos livres. — ele grita e estende os braços.
—Livres...— repito. —Finalmente! — suspiro, e vejo Lesly na porta da escola. Ela vem ao nosso encontro.
—Estou vendo que estão animados pras férias— ela diz sorrindo.
—Muito! Não existe sensação melhor. — Ronan fala e a agarra em um abraço apertado espontâneo. — Férias é a palavra mais bonita que já inventaram.
—Para mim, é um outro nome. — falo sorrindo e Ronan balbucia algo como; ''Entendi a referência.''
—Bem, espero ver vocês na minha festa. — Lesly fala olhando para mim.
—Estaremos lá. — digo.
—Boas férias, garotos. — ela diz e some entre milhares de alunos indo para suas casas. Vejo ela virando a cabeça e soltando um sorriso para nós dois.
—Cara...
—O quê? — pergunto.
—Ela está tão na sua.
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—Tia, cheguei. — grito entrando em casa e jogando minha mochila no sofá.
—Querido? — Tia Verônica saí da cozinha com luvas e avental. O cheiro de biscoitos caseiros tomam conta do ar. — Como foi o último dia de aula?
—Libertador. — falo, relaxando na cadeira de rodas.
Tia Verônica dá uma leve risada e aponta para a mochila no chão.
—Percebi o quanto foi libertador. Venha o almoço está quase pronto. — ela fala e volta pra cozinha. Vejo ela pelo balcão que divide a cozinha e a sala.
—Tenho que sair novamente, tia. Preciso comprar um presente. Sabe, para aquele festa que fui convidado.
—Bom, parece que essa tal garota, Lesly, tem um padrão de vida bem alto. — Vejo que ela escolhe as palavras com paciência pra falar. — Não podemos comprar algo tão caro. Você entende, correto?
—Não se preocupe, tia. Lesly é diferente. — falo sorrindo. — E eu já sei o que vou dar para a garota das letras.
****
Entre uma vasta e bagunçada estante, achei um pequeno caderno com capa dura e sem escrita alguma. Fishers tem poucos pontos para se compras, então, nada melhor que presentear alguém com algo que ela goste e que esteja dentro da minha mesada mensal. Um caderno velho, podia ser considerado um presente estranho para muitas pessoas, mas eu sabia que a Lesly precisava de algo para desabafar, sem medo de alguém descobrir. Por que que não um diário como na moda antiga?
—Para presente? — pergunta a atendente. Ela encara minha cadeira e sorrio para não perder a postura.
—Sim, por favor. — falo educadamente.
Ela embrulha com desdém o caderno e cola um selo, onde existe algumas linhas para escrever um pequeno agrado ao presenteado.
—Quer ajuda para escrever?
Pego o embrulho e dou o dinheiro como pagamento.
—Não. Obrigado.— digo, me virando e indo em direção a porta.
—Cuidado para não esbarrar nas pessoas.
Saio da livraria como se não tivesse ouvido nada.
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Amor Sobre Rodas
RomanceBreno fez fórmulas, resolveu equações e tentou telefonar para o além do túmulo de Albert Einstein, mas não conseguiu entender. Lesly fez rascunhos em guardanapos, comprou a última versão da gramática e releu os clássicos, mas também não conseguiu en...